Há mais de 40 anos, jovens ergueram barricadas nas ruas, enfrentaram a polícia e transformaram aquele momento em sinônimo de liberdade.
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William Cirilo Teixeira Rodrigues
A rebelião que envolveu milhares de jovens franceses ficou conhecida como maio de 1968. Há mais de 40anos, os universitários ergueram dezenas de barricadas com pedras arrancadas do calçamento e enfrentaram um exército de policiais nas ruas de Paris. Seus slogans ganharam os muros: “A imaginação no poder”, “Os sonhos são realidade”, “A política se faz na rua”. (...)
Os rebeldes se igualavam a outros em todo o globo, no cenário da Guerra Fria. Em 1968, nos Estados Unidos, jovens protestavam contra a Guerra do Vietnã, enquanto negros exigiam direitos civis. Crescia o movimento feminista no mundo, e a mulher ocupava um novo lugar na sociedade. Atrás do muro de Berlim, na Tchecoslováquia, florescia a Primavera de Praga, por liberdade e democracia. Era a época do Rock, dos hippies, da liberdade sexual graças aos anticoncepcionais. Pela primeira vez, a TV trazia todos os fatos para a sala de estar.
Os protestos em Paris tiveram como fagulha a decisão da Universidade de Paris de punir o líder estudantil Daniel Cohn-Bendit, que recebeu ordens para comparecer a uma junta disciplinar na Universidade de Sorbonne. Uma multidão deslocou-se para lá. O reitor pediu à polícia que entrasse na universidade e prendesse os alunos, fato sem precedentes na França. Cerca de 600 estudantes foram presos, e a Sorbonne, fechada, pela primeira vez em 700 anos de existência.
Dali a uma semana, em 6 de maio, mil estudantes acompanharam Cohn-Bendit à junta. Foram atacados pela polícia e revidaram, arrancando pedras do calçamento, atirando nos policiais e construindo barricadas, que se espalharam. Milhares de jovens se juntaram aos combates, que prosseguiram por semanas. Os moradores ofereciam comida aos estudantes.
Em 13 de maio, os sindicalistas convocaram uma greve geral, e a França parou. Em resposta, o governo do general Charles de Gaulle de aumento salarial e beneficio aos trabalhadores, fazendo o movimento refluir. Aos poucos, os confrontos foram acabando. Cohn-Bendit, de origem alemã foi deportado. Havia a ilusão de que tudo voltara ao normal, mas o governo De Gaulle estava ferido de morte. Um ano depois, o general renunciaria.
De Gaulle decidiu prevenir-se contra outros levantes. As ruas próximas à Sorbonne receberam uma camada de asfalto. As barricadas de Paris estavam sepultadas.
Fonte:Matéria retirada da revista Atualidades Vestibular, editora Abril, 1º semestre de 2008
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