Por: William C.T. Rodrigues
1) Como Maquiavel define política?
Quais suas principais características?
Antes
de Maquiavel, os tratados sobre política eram todos envoltos em uma moral
cristã, sendo a única maneira concebível de se governar propostas por leituras
de textos religiosos. Ele rompe com a tradição, separando a moral da política.
Se antes o príncipe era um coadjuvante na política frente ao poder do deus
cristão, agora o soberano tornou-se atuante sendo quase como uma divisão das
ações, o que foi um grande avanço.
O
livro, escrito de maneira bem organizada e direta, funciona quase como um guia
de autoajuda aos governantes, explicando passo-a-passo a melhor maneira de
manter no poder.
2) Discorra acerca da virtú e fortuna,
no âmbito dos valores e práticas que devem ser trabalhadas pelo Príncipe.
Dois
conceitos muito utilizados dentro da obra de Maquiavel são virtú e Fortuna. Virtú pode ser entendido como força,
potência, merecimento ou competência de um governante em conquistar ou/e manter
o poder fazendo o que for preciso, diante das necessidades, para alcançar um
objetivo. Já fortuna pode ser
entendida por sorte alguém que por força do acaso (ou de Deus como cita
Maquiavel) conquiste o poder ou/e o mantenha graças aos acasos do “destino”.
3) Caracterize os tipos de principado
apresentados por Maquiavel, os modos como estes são formados (ou usurpados) e
estabeleça uma comparação entre eles.
Para
Maquiavel existem duas formas de Estado: a república ou o principado. O autor
simplesmente ignora a primeira e se atém somente ao principado. Esses
principados podem ser hereditários (um príncipe torna-se rei após a morte do
pai) ou novos. Os principados novos podem ser recém criados ou anexados pelo
príncipe. Entre os principados anexados pode haver os principados que já estão
acostumados com o príncipe anexador (como no caso de um casamento real em que
as coroas se unem), ou livre e teve que ser conquistado a força. Essa conquista
pode ter sido feita com tropas próprias do príncipe ou com tropas “emprestadas”
de outro soberano.
Ou
seja, existem basicamente dois tipos de principados, os hereditários e os
anexados. Manter um principado hereditário é basicamente simples, pois o
príncipe herda além do reino a lealdade dos súditos de seu pai. Já a conquista
e em especial a manutenção de outros principados é mais complicada e requer uma
grande virtú por parte do príncipe
conquistador.
4) Sheldon Wolin afirma que os
teóricos políticos em suas análises refletem sobre a seguinte indagação: “¿Qué
tipo de conocimiento necesitan gobernantes y gobernados para que se mantenga la
paz y la estabilidad?”. A partir dessa premissa desenvolva uma resposta sobre
as lições que Maquiavel apresenta para o príncipe no que se refere à tomada de
poder e sua manutenção?
Para
Maquiavel o príncipe deve, após tomar o poder, procurar de todas as formas mantê-lo.
Para isso o autor defende o medo como arma de lealdade, pois, o amor pode em
pouco tempo se transformar em frustração enquanto o temor é “mantido pelo
receio do castigo”. Entretanto, o príncipe deve evitar de todas as maneiras
cabíveis ser odiado por seus súditos. O ódio do povo ocorre quando se ataca a
honra e a propriedade destes, salvo isto, um príncipe pode seguir reinando,
sendo temido por seus súditos mas não odiado por eles.
5) No capítulo XXVI o autor escreve
“Não se deve, pois, deixar passar esta ocasião, a fim de que a Itália conheça,
depois de tanto tempo, um seu redentor”. Relacione a afirmação com o contexto
das cidades italianas na época de Maquiavel e a centralização da autoridade.
A
Península Itálica no tempo de Maquiavel não era como nós a conhecemos hoje,
ocupada por um Estado-nação chamado Itália, unificado econômica e
politicamente, que tem como língua oficial o italiano, etc. O próprio conceito
de Itália não era relevante, o que existia durante a vida de Maquiavel na
península itálica eram diversos pequenos Estados- que não raramente guerreavam
entre si- de culturas diferentes, línguas diferentes, etc.
Entre
estes Estados, os mais poderosos eram, o Reino de Nápoles, os Estados
Pontifícios, a República de Veneza, o Ducado de Milão e o Estado Florentino,
local de nascimento de Maquiavel.
Tudo isso
envolto em meio à aura de renovação concebida pelo Renascimento, forma o
contexto em que Maquiavel concebeu sua obra. Ao final de sua obra ela clama aos
Médici que tomem o poder em toda a Itália. Para o autor a península chegou a um
ponto de extremo caos necessitando de um novo e único príncipe, capaz de
colocar toda a região em ordem.
6) Para você qual o capítulo ou os
capítulos mais importantes da obra? Justifique sua resposta.
A meu
ver, o capitulo XVIII pode não ser o mais importante da obra, nem o mais
original. Mas ele resume em algumas poucas palavras todo o espirito da obra.
Sempre que ela é evocada, vem à tona a máxima de Maquiavel de que os fins
justificam os meios e é justamente neste capítulo que ela se apresenta da
seguinte forma “nas nações de todos os homens, principalmente os príncipes, o
que importa são os fins e, sejam quais forem os meios empregados, serão sempre
honrados e louvados”.
7) Identifique os elementos presentes em “O princípe” retomados pela
teoria realista das Relações Internacionais.
Em Relações Internacionais, o
pensamento de Maquiavel foi, posteriormente, “adotado” pela teoria realista.
Quem tem o Estado como figura central nas relações entre os diversos países. No
realismo a ideia de guerra inevitável permeia toda a corrente, ou seja, os
conflitos bélicos entre os Estados é algo inevitável, as relações geram
conflitos e estes conflitos, invariavelmente, terminam em disputas bélicas.
Maquiavel, que acredita na maldade
inerente do homem, afirma que guerras somente podem ser postergadas – e sempre
em beneficio do adversário – e não evitadas.
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