quarta-feira, 26 de março de 2014

A Colonização Espanhola da América.


Quando foi? De fins do século XV até meados do século XIX.
Onde foi? Em praticamente todo o continente americano. Em especial América do sul, central e Caribe.
O que foi? Foi o maior massacre da humanidade. Estima-se que cerca de 20 milhões de nativo-americanos morreram somente nos primeiros trinta anos de colonização graças à fome, as guerras de conquista e principalmente as doenças trazidas pelos conquistadores.
Os primeiros contatos: Em 1492, o explorador Genovês Cristóvão Colombo chegou a uma pequena ilha no Caribe acreditando estar nas Índias. Este ato marca o início da colonização do continente americano e de uma reviravolta tanto em nosso continente, quanto na Europa.
No início da colonização, tanto espanhóis quanto portugueses achavam que não existia na América nenhuma sociedade organizada. Mas com o passar do tempo os conquistadores perceberam (principalmente na América Espanhola) que ali existiam culturas extremamente desenvolvidas. Como os Incas, os Maias e os Astecas.
A chegada dos europeus na terra que hoje conhecemos como América, foi sem dúvida o encontro mais surpreendente da nossa história. O assombro foi mútuo. Europeus acreditavam ter chegado ao Éden. Já os nativos viam aqueles homens barbudos, brancos, fedidos, com armaduras e montados em cavalos como deuses.
Em 1519, Hernán Cortez chega a capital do império Asteca e fica deslumbrado com o que vê. Os nativos vivem em sociedades organizadas, possuem sua própria cultura, religião e arte. Além de dominarem técnicas de construção e agricultura.
A Guerra de Conquista: Diferente da América portuguesa que não possuía sociedades nativas organizadas, a América espanhola teve que enfrentar uma verdadeira guerra de conquista para colonizar o território americano.
Incas e Astecas, apesar de serem em maior número, foram facilmente dominados pelos espanhóis. Um exemplo foi a conquista do México por Hernán Cortez que com quatrocentos homens, dezesseis cavalos, trinta e duas escopetas e quatro canhões, derrotou um exército de cerca de quinhentos mil astecas e arrasou a linda cidade de Tenochtitlan, com a ajuda de indígenas de outras tribos.
Acredita-se que existiam em toda a América entre 50 e 100 milhões de nativos, enquanto a Europa da mesma época possuía entre 60 e 70 milhões de habitantes. A redução indígena foi drástica, eles foram dizimados pela guerra, pela fome, pelos maus tratos e principalmente pelas doenças trazidas pelos europeus contra as quais não possuíam anticorpos.
Os nativos lutaram contra a dominação dos espanhóis, mas foram vencidos. Os que sobreviveram tornaram-se a mão-de-obra da colônia espanhola.
A mão-de-obra indígena: Desde o início, os europeus queriam escravizar os povos nativos, mas a Igreja Católica era contra, pois para ela a missão da Espanha na América era a de salvar as almas pagãs. A coroa espanhola estava dividida, não podia ir contra a Igreja e nem contra os colonizadores. Para contornar a situação ela criou em 1919 a Lei da Guerra Justa. Com essa nova lei, a escravidão pura e simples não era permitida, mas as populações consideradas hostis e que colocassem em risco os projetos da Coroa podiam ser escravizadas.
Quase 30 anos depois, em 1540, a lei da Guerra Justa é revogada e a escravidão é declarada completamente ilegal na América Espanhola. Mérito da Igreja Católica que pressionava a Coroa.
Entretanto, o fim da escravidão coincide com a descoberta das grande minas de prata no Peru e no México. Então como resolver novamente o problema da mão-de-obra? Como forças os indígenas a trabalhar?
A solução veio com uma prática que já ocorria nos Impérios Astecas e Incas, o chamado Recolhimento Forçado dos Nativos. Assim como a guerra justa, o recolhimento dos nativos era uma forma de contornar a legislação que impedia a escravidão indígena.
Como trabalhavam os nativos? O trabalho não era gratuito, pois não era uma escravidão. Os espanhóis iam até as comunidades e sorteavam as pessoas que iriam ser obrigadas a trabalhar nas minas. O trabalho era forçado (trabalho compulsório), e os indígenas trabalhadores (mitayos) recebiam um jornal em prata (mita), com o qual deveriam se alimentar.

sexta-feira, 21 de março de 2014

As Reformas Religiosas.

As Reformas Religiosas.
Quando foi? Século XVI.
Onde foi? Inicialmente na Alemanha e posteriormente na Suíça, Suécia, Noruega e Inglaterra até se espalhar por toda Europa.
O que foi? Foi um movimento reformista cristão do século XVI que criticava os abusos da Igreja Católica. Essas críticas, que iniciaram com Martinho Lutero, levaram ao rompimento com a Igreja e desencadearam o surgimento de várias religiões cristãs protestantes.
Antecedentes: Sabemos que a Igreja Católica foi a instituição mais poderosa da Idade Média. Contudo durante o século XV as críticas sobre a atuação da Igreja ganharam força, pois se acreditava que ela deveria se manter somente ligada aos negócios da fé e não se meter com os assuntos mundanos e matérias como sempre fizera.
Dois fatos colaboraram para agravar ainda mais a situação da Igreja ao longo dos séculos XV e XVI: A vida desregrada do clero (corrupção, venda de indulgências, relíquias religiosas, concubinagens, etc) e os abusos políticos dos papas que se envolviam em abusos e golpes políticos.

Figura 1 Xilogravura do século XVI que retrata a venda de indulgências pelo papa.
A Igreja estava desmoralizada e a insatisfação era generalizada na Europa. Principalmente entre os burgueses que não podiam desempenhar atividades comerciais como a cobrança de juros (usura).
Soma-se a isso o Renascimento que com sua postura antropocêntrica chega à conclusão de que o homem não precisa de um interlocutor com Deus.
Gradativamente , foram sendo criadas na Europa as condições para o surgimento de religiões mais adaptadas ao espírito capitalista.
Neste quadro de insatisfações o inglês John Wycliffe, torna-se o primeiro reformista por defender a livre interpretação da bíblia. Inspirado por ele o tcheco John Huss defendia o uso da língua vulgar nas missas, chegando até mesmo a traduzi-la em seu idioma. Huss foi condenado por sacrilégio e morto na fogueira em 1417.
A Reforma Protestante na Alemanha: No século XVI a Alemanha fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico que era dividido em diversas regiões independentes. A Igreja Católica e o Império disputavam a influência sobre estas regiões o que já havia gerado diversos conflitos.
Martinho Lutero(1483-1546): foi um estudioso monge alemão que conhecia profundamente a Bíblia. A discordância de Lutero com relação à Igreja Católica começou após uma viagem que fez à Roma, onde teve oportunidade de conhecer o Vaticano.
Lutero ficou chocado com a riqueza, o luxo e a opulência do Vaticano. O problema era que toda esta ostentação contrastava com a pobreza do povo europeu naquela época. Então ele voltou para a Alemanha e em outubro de 1517 afixou na porta da catedral de Wittenberg suas 95 teses.
O papa Leão X, exigiu a retratação, o que não ocorreu, prolongando conflito por três anos. Em 1520, Lutero foi excomungado e para demonstrar a insatisfação ele queimou a bula papal em plena praça pública. Por seu radicalismo Lutero foi expulso do Império, mas logo acolhido pelo príncipe Frederico da Saxônia.
Protegido no castelo traduziu a Bíblia do latim para o Alemão e desenvolveu as três ideias básicas do protestantismo: só a fé salva, mas está fé deve ser baseada nas sagradas escrituras e sem a intervenção da igreja. Além disso, criticava a idolatria às imagens e os sacramentos mantendo apenas o batismo e a eucaristia. Fez com que a missa fosse rezada na língua local de cada país e não mais em latim, defendeu a ideia de que a Igreja deveria renunciar a todos os bens materiais e o fim do celibato para os pastores.
O alto clero e a nobreza alemã, que viviam em conflito coma Igreja de Roma se apossaram rapidamente da ideia e das terras dela. Contudo, os protestantes encontraram muitas resistências e a guerra civil se tornou inevitável. Somente em 1555 os protestantes conseguiram a liberdade de culto. Rompendo-se definitivamente com a Igreja de Roma.
O fortalecimento do luteranismo na Alemanha influenciou o surgimento de outras religiões.
O Calvinismo: João Calvino (1509-1564) começou a pregar a reforma religiosa na França mas foi perseguido, refugiando-se na cidade Suíça de Genebra onde foi apoiado pela burguesia local.
Suas principais ideias eram: a salvação só é atingida através da fé; Predestinação: a salvação é concedida por Deus somente para algumas pessoas eleitas; Todo homem é pecador por natureza; A realização de culto religioso deve ser feito em local simples e sem imagens. O culto deve ser composto apenas por comentários bíblicos, sem cerimônias; Realização da eucaristia e do batismo.
Suas ideias iam de encontro as necessidades burguesas pois valorizava o acumulo de capital e o trabalho.
O Anglicanismo: A Igreja católica possuía muitas terras na Inglaterra, o que a fazia muito rica e influente. O rei Henrique VIII pretendia fortalecer a monarquia inglesa e para isso era necessário reduzir a influência do papa dentro do país.
A crise com a Igreja veio quando esta se recusou a dissolver o casamento entre Henrique VIII e Catarina de Aragão (que não podia lhe dar um filho herdeiro). Mesmo sem o aval da Igreja, que o excomungou, o rei separou-se de Catarina e casou-se com Ana Bolena (decapitada posteriormente a mando do rei). O rei ainda casou-se outras seis vezes.
O rompimento oficial veio em 1534, quando o parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, que colocava a Igreja sob a autoridade do rei.
A Contrarreforma: foi à reação da Igreja Católica as Reformas Protestantes que se espalhavam pelo continente. Ela começa oficialmente em 1545, quando o papa Paulo III convoca o Concílio de Trento. Muitos livros são proibidos (Index), a organização interna da Igreja é modificada, ocorre a proibição da venda de indulgências, e o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) é reativado. A Contrarreforma ainda possibilitou o surgimento de novas ordens religiosas como a Companhia de Jesus (considerados soldados do catolicismo), que marcaram enormemente a história de países americanos como o Brasil.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A Pré-História: as fontes da pré-história e a expansão do homem para outros continentes.

A Pré-História: as fontes da pré-história e a expansão do homem para outros continentes.
Quando foi? Compreende todo o período que vai do surgimento do homem até o ano 4.000 a.C.
Onde foi? Inicialmente na África e posteriormente por todo o planeta.
O que veremos? Quais são as fontes utilizadas para “reconstruir” esse passado e como o homem pré-histórico que surgiu na África conseguiu colonizar todo o planeta.
Fontes Pré-históricas: Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos).
Teorias sobre o povoamento da América: A maioria dos estudiosos acreditam que as primeiras ondas migratórias ocorreram entre 12 e 20 mil anos atrás.
Malaio-Polinésia: afirma-se que através de embarcações primitivas o homem saiu da Malásia e fez escala em várias ilhas Oceania até chegar à América. O cientista que propôs esta teoria provou que ela era possível fazendo a mesma coisa, ele fez embarcações primitivas e chegou à América.
Asiática: afirma que durante a 4º glaciação o nível do mar baixou graças ao acumulo de água nas calotas polares, possibilitando a passagem do homem pelo Estreito de Bering rumo ao Alaska, de onde eles partiram em direção a toda a América.

A Pré-História: a origem humana.

A Pré-História: a origem humana.
Quando foi? Compreende todo o período que vai do surgimento do homem até o ano 4.000 a.C.
Onde foi? Inicialmente na África e posteriormente por todo o planeta.
O que foi? Foi o período mais longo e determinante de toda a história do homem, pois foi neste momento em que a humanidade abriu caminho ultrapassando os obstáculos e os limites impostos pela natureza e conseguiu se distinguir dos outros animais.
Os primórdios do homem. Durante os 160 milhões de anos em os dinossauros dominaram a terra, os mamíferos eram seres de segunda categoria. Todos os animais terrestres de médio e grande porte eram dinossauros. Assim foi até a grande extinção que ocorreu há 65 milhões de anos atrás.
Segundo alguns especialistas, o maior presente que os dinossauros nos deram foi morrer. Sua extinção possibilitou aos mamíferos crescerem em número e tamanho. Não demorou muito para o surgimento dos primeiros primatas que assim como nós, possuíam mãos flexíveis com cinco dedos e olhos na frente da cabeça o que possibilitava ter percepção de profundidade.
Há 17 milhões de anos atrás, nossos ancestrais primatas viviam em segurança nas árvores. Mas o surgimento de um novo ser vivo, quase que simultaneamente em todo o mundo, abalou a vida deste animais e foi decisivo para o surgimento do homem tal como o conhecemos. Este novo ser vivo é a grama.
Na África ocidental, as savanas ocupam o lugar das florestas tropicais. Com menos árvores e espaços maiores entre elas os nossos antepassados têm de se adaptar. Andar sobre duas pernas possibilita manter a cabeça acima da grama alta o que facilita a visualização de predadores. A postura ereta é revolucionária, pois libera as mãos para outras atividades.
Perdemos os pelos e ganhamos glândulas sudoríparas. Deste modo já não precisamos arfar como os outros animais para resfriar o corpo. Nossa boca está livre para emitir sons.
Há 2,6 milhões de anos, os primeiros hominídeos começam a produzir ferramentas de pedra dando início à chamada Idade da Pedra. E há 800 mil anos começaram a dominar o fogo. Usar o fogo para cozinhar é como ter um segundo estômago, a digestão e a absorção de energia ficam mais fáceis, possibilitando o desenvolvimento de cérebros maiores.
Há duzentos mil anos atrás começamos a emitir sons mais elaborados é o inicio da fala. Pela primeira vez, os seres humanos começaram a transmitir conhecimento um ao outro, de geração para geração. Agora não dependemos apenas de nossa experiência pessoal, podemos pegar emprestado a experiência de outra pessoa.
O homo sapiens surgiu a cerca de 100 mil anos já com todas as características dos seres humanos atuais.

Pré-História e suas eras.

A Pré-História: as eras Pré-Históricas.
Quando foi? Compreende todo o período que vai do surgimento do homem até o ano 4.000 a.C.
Onde foi? Inicialmente na África e posteriormente por todo o planeta.
O que foi? Foi o período mais longo e determinante de toda a história do homem, pois foi neste momento em que a humanidade abriu caminho ultrapassando os obstáculos e os limites impostos pela natureza e conseguiu se distinguir dos outros animais.
As divisões da pré-história. Costuma-se dividir a pré-história humana em três períodos: o Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada), Neolítico (idade da Pedra Polida) e a Idade dos Metais. Alguns pesquisadores aceitam uma quarta divisão que fica entre o paleolítico e o neolítico, é o chamado mesolítico.
O paleolítico: Esta era vai do surgimento dos primeiros hominídeos até aproximadamente 10 mil anos atrás. Nesta época, o homem era essencialmente caçador e coletor e tais atividades o obrigavam a levar uma vida nômade, percorrendo grandes distâncias atrás de seus alimentos. Neste período o homem não controlava e transformava a natureza em seu favor, apenas era parte integrante dela.
Neste período os homens viviam em cavernas, surgem às primeiras ferramentas e o homem aprende a dominar o fogo.
O Neolítico: Fim da era glacial. A terra aquece, os homens deixam as cavernas e vão para as planícies. Nesse novo ambiente algumas regiões tornam-se favoráveis à sobrevivência humana, geralmente as margens de rios. As ferramentas feitas em pedra se tornaram cada vez mais eficientes. Este período é marcado pelo surgimento da agricultura, a domesticação de animais e a fabricação de utensílios de cerâmica.
Quando aprendeu a plantar, o homem viu que era preciso esperar para colher. Então, abandonou a vida nômade e passou a ser sedentário. O homem sedentário aprendeu a viver em sociedade e assim surgiram as primeiras tribos.
Idade dos Metais: O homem do neolítico cozinhava a terra para produzir vasos de cerâmicas, e foi provavelmente neste processo que ele acabou descobrindo um jeito de derreter metais. Com a metalurgia, o homem aperfeiçoou suas armas e ferramentas. A produção agrícola aumentou, ocorreu a divisão do trabalho e surgiram as primeiras cidades.
A divisão do trabalho deixou a sociedade mais complexa, descobriu-se que não era necessário que todas as pessoas trabalhassem no plantio e na colheita. Os que não trabalhavam na terra foram se especializando naquilo que faziam melhor. Uns faziam cerâmica, outros teciam, outros caçavam e pescavam, etc. Por causa dessa divisão, surgiram os chefes, artesãos, guerreiros, etc.
Esta organização abriu caminho para a invenção da escrita pelos Sumérios por volta do ano 4.000 a.C, marcando a passagem da pré-história para a história.

sábado, 8 de março de 2014

Resenha do Livro O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson

Em 2006, O médico e o monstro (The strange case of dr. Jekyll and mr. Hyde), do escritor escocês Robert Louis Stevenson, completou 120 anos, sendo seguramente um dos livros mais adaptados para o teatro, cinema e televisão em todo o mundo.
Biografia de Robert L.Stevenson.
Nascido em Edimburgo em 1850, Robert Louis Balfour Stevenson era filho de um próspero engenheiro civil. Seu pai desejava que ele seguisse sua profissão, porém a má saúde e a fraca disposição de seu filho fizeram que ele escolhesse o curso de Direito na Universidade de Edimburgo, porém sua crescente desilusão com a respeitabilidade presbiteriana (religião de seus pais) conduziu a frequentes discussões e ele acabou distanciou-se de sua família, preferindo em vez disso levar uma vida boêmia. Em 1875, quando Stevenson completou seus estudos de Direito, já estava determinado a tornar-se um escritor profissional.
Com cerca de vinte anos ele começou a sofrer de severos problemas respiratórios . Na tentativa de aliviar seus sintomas, ele passou grande parte de sua vida viajando para climas mais quentes; e foi enquanto vivia na França, em 1876, que conheceu sua futura esposa, Mrs. Fanny Osbourne, uma mulher dez anos mais velha do que ele. Em 1879, ele a seguiu até a Califórnia, viajando em um navio de imigrantes, e depois ambos se casaram, assim que o divórcio dela foi oficializado.
As primeiras obras publicadas de Stevenson, Uma Viagem pelo interior (1878) e Viagens com um burro nas Cervennes (1879), baseadas em suas próprias aventuras, foram seguidas por um fluxo constante de artigos e ensaios. Todavia, foi somente em 1883 que apareceu sua primeira obra de ficção extensa, A ilha do tesouro.
O reconhecimento que Stevenson recebeu após a publicação de A ilha do tesouro cresceu com a publicação de O estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde (O médico e o monstro) e Raptado, em 1886. Em 1888, ele levou sua família para os Mares do Sul, novamente em busca de um clima que melhor se coadunasse com suas condições de saúde. Após estabelecer-se em Samoa, ganhou reputação como contador de histórias, especialmente entre os nativos. Morreu de uma hemorragia cerebral, enquanto trabalhava em sua obra-prima inacabada, Weir of Hermiston, em 1894.
Resumo da Obra: O Médico e o Monstro.
Lançado em 1886 sob o título original de The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde[1], o livro conta basicamente à história de um médico, Dr. Henry Jekyll, e sua relação conturbada com sua segunda personalidade, o diabólico Edward Hyde.
A história começa quando Dr. Jakyll pede que seu amigo, o advogado londrino Mr. Gabriel Utterson, elabore seu testamento. Mr. Utterson se surpreende ao perceber que o maior beneficiário deste testamento seria o desconhecido Mr.Hyde.
Preocupado e curioso, Mr. Utterson começa a investigar. Em sua busca ele chega até um amigo pessoal do Dr. Jakyll, o também médico Dr. Lanyon que lhe indica um pequeno laboratório nos fundos da casa do Dr.Jekyll, onde Mr. Hyde é visto constantemente.
Sua busca chega ao fim quando Mr. Utterson fica frente a frente com Mr. Hyde. E o que mais lhe chama a atenção é a sua aparência física grotesca e deformada.
Ainda mais desconcertado, Mr. Utterson vai conversar com o Dr. Jekyll sobre o porquê de a herança ser deixada para uma pessoa desta qualidade. O doutor diz que é necessário, mas não lhe explica os motivos. Mr.Utterson resolve não mais se intrometer.
Um ano depois, uma criada foi a única testemunha de um crime bárbaro que chocou Londres. Sir Danvers Carew, influente cidadão londrino e cliente de Mr.Utterson, foi morto brutalmente com socos, pontapés e golpes de bengala. Bengala esta, que pertencia ao Dr. Jekyll.
A Scotland Yard em busca por informações vai até o escritório de Mr. Utterson, que prontamente coloca o misterioso Mr.Hyde como principal suspeito.
Mr. Utterson, então, vai até a casa do Dr. Jekyll, lhe avisar do perigo que representa o tal do Mr. Hyde. Contudo, o médico lhe afirma que há tempos não o vê e que este lhe havia deixado uma carta de despedida.
O tempo passou e apesar da pequena fortuna oferecida pela cabeça de Mr. Hyde, este não fora encontrado.
O livro segue, até que Dr. Lanyon descobre alguma coisa sobre o misterioso Mr. Hyde, mas o choque é tão violento que ele acaba falecendo pouco tempo depois. Contudo, pouco tempo antes de morrer ele entregou um bilhete para Mr. Utterson, obrigando-lhe a prometer que só o abriria após a morte do Dr. Jekyll.
O tempo passa e a vida segue seu curso, até o dia em que o mordomo do Dr. Jekyll chega até a casa de Mr.Utterson dizendo que o médico havia se trancado há semanas no porão e que quando lhe chamam, ele responde com uma voz extremamente diferente.
Ao chegar a casa, Mr. Utterson arromba a porta do porão e encontra o procurado Mr. Hyde vestido com as roupas do Dr. Jekyll, caído ao chão, já sem vida, ao lado de uma carta assinada pelo médico.
Mr. Utterson então lê a carta em que o próprio Dr. Jekyll dizia ter um lado sombrio, e que para dar vazão a este lado, ele acabou por criar uma fórmula que o transformava em outra pessoa (tanto no físico, quanto no psicológico). Contudo, estas transformações saíram do controle (principalmente após o assassinato do senhor Carew), e ele já não era capaz de comandar as transformações, que ocorriam sem seu consentimento.
Mesmo após parar de tomar a poção, ele percebeu que já havia tanto de Mr. Hyde dentro de si, que já não havia modo de parar as transformações. Se antes a transformação dominante era a do Dr. Jekyll, agora era Mr. Hyde o principal. Sendo este o motivo pelo qual ele resolveu se trancar.
Em seus últimos momentos de controle e lucidez, Dr. Jekyll se pergunta: Quando Mr.Hyde não puder mais se transformar em mim, e tomar consciência de que ele será preso qual será a sua reação? E a reação dele foi o suicídio.
Análise da Obra.
Poucos livros de terror se tornaram tão influentes quanto O Médico e o Monstro. Mesmo que não se tenha lido uma única linha do livro original, tenho toda a certeza que o enredo principal (o médico que toma uma poção e se transforma em um monstro) não lhe é de todo um mistério.
O que mais me surpreendeu no livro, foi à desconstrução do monstro como eu sempre imaginei. As mais diversas versões feitas para o cinema, desenhos animados, teatro, etc, apresentam versões que beiram a mutação. Como no caso da versão apresentada no filme A Liga Extraordinária de 2003, que apresenta um Mr. Hyde extremamente lunático e musculoso.
Essas versões geraram um efeito de pré-visualização nos leitores de hoje, que os leitores contemporâneos ao livro não tinham. Acredito que a reação dos leitores de 1886 foram mais chocante ao descobrirem que ambos eram a mesma pessoa, já que não havia um pré-conceito sobre qual seria a relação entre o Dr. Jekyll e o Mr. Hyde.
Já hoje (no meu caso), eu senti uma pontinha de desapontamento ao saber que o monstro (que eu sempre acreditei ser uma réplica do Incrível Hulk do século XIX) é na verdade um corcunda feio que chuta crianças e mata velhos a bengaladas...acho que fui com muita sede ao pote. Contudo, deixo claro aqui, que este fato não desmerece a obra que é um clássico e merece ser lida.
Nascido da preocupação do calvinista Stevenson com a morte e o lado mais escuro da natureza humana, O Médico e o Monstro foi inspirado na vida dupla de um habitante de Edimburgo, na Escócia, chamado William Brodie: de dia ele era um respeitado marceneiro; à noite, roubava as casas dos moradores da cidade.
O caso é que, a obra nos apresenta o caráter duplo da personalidade humana, Mr Hyde (o monstro) não foi um efeito colateral da misteriosa poção. O monstro já existia dentro do pacato Dr. Jekyll, a única coisa que a poção fez foi coloca-lo pra fora.
Moralismos à parte[2], a formula do Dr. Jekyll pode ser comparada às drogas, sejam elas legais ou ilegais. Pessoas extremamente introvertidas, quando bebem se tornam os piadistas da turma; Homens pacatos, espancam as mulheres após dois goles de cachaça; Pessoas extremamente ansiosas, contemplam a natureza após dois dar um “bola”. E como no livro, não são as drogas que criam uma outra personalidade, elas apenas dão vazão ao nosso lado monstro (ou médico) que tanto reprimimos para viver em sociedade.
Podemos até mesmo afirmar que somos todos, metade Médico e metade Monstro.
Curiosidades.
Foi esta a primeira obra a inserir a Scotland Yard no universo literário.
 Referências:
Igor Alcantara; Literatura para Preguiçosos - 10 - Robert Stevenson - O Médico e o Monstro. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=iSmxq4U74zU> Acessado em 07/03/13
Passei na Web. Disponível em <http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_medico_e_o_monstro >. Acessado em 08/03/2014




[1] O Estranho caso de Dr. Jakyll e Mr. Hyde.
[2] Tenho concepções bem definidas e liberais quanto ao tema.