Monumento à Renascença africana causa polêmica no Senegal. |
William Cirilo Teixeira Rodrigues
É uma família forte, como se vê na foto da página ao lado: um homem à frente, com uma mulher em pose altiva atrás e uma criança no braço, apontando para a frente, ou melhor, para o futuro. Com quase 50 metros de altura, 19 metros a mais do que o Cristo Redentor, a escultura fica numa colina com cerca de 100 metros de altura, o que torna sua visibilidade ainda maior. O monumento foi erguido em Dakar, no Senegal, e teve uma inauguração com pompa proporcional ao seu tamanho no dia 4 de março de 2010 data em que se celebrou o 50º aniversário da independência do Senegal.(...)
O barulho que a obra provocou também tem a proporção de sua imponência. O custo de 27 milhões já causaria espanto em qualquer lugar do mundo. Mas, sendo este lugar o Senegal, país onde 54% da população vive abaixo da linha da pobreza, o uso do dinheiro público causou protestos e indignação. Além do dinheiro, as imagens desagradaram os chefes religiosos do país, onde 95% da população é islâmica e achou imoral as formas seminuas das figuras. O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, disse que a polêmica não se justificava, já que o monumento senegalês se parecia com as diversas imagens de Jesus Cristo pelo mundo – o que por sua vez enfureceu os cristãos.
Polêmicas estéticas e religiosas à parte, o monumento africano gerou ainda mais discórdia pelo lucro que está dando ao presidente Wade. Como o político se declarou “mentor intelectual” da obra – e em seguida encomendou sua execução na Coréia do Norte -, ele cobra 35% do lucro da visitação ao monumento. O dinheiro continuará caindo na sua conta mesmo depois que ele deixar a presidência, em 2012, dez anos depois de ser eleito democraticamente. Wade não vê mal nenhum em cobrar pelos “direitos autorais” de sua obra construída com dinheiro público . Um aliado disse: “Os senegaleses terão tanto orgulho do projeto como os gregos de Atenas quando Péricles construiu a Acrópole”. Para o presidente-artista, a grandeza de seu trabalho será eternal não apenas para os senegaleses, mas para todo o continente. “Ela trará vida a nosso destino comum. A África chegou ao século 21 de cabeça erguida e está mais pronta do que nunca para tomar seu destino em suas mãos”.
Matéria retirada da revista: curso preparatório Enem 2011 ed abril.
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