quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Resumo do texto de Fátima da Cruz Rodrigues. Mapas: (Re)Cortes Coloniais.



Resumo
Ótimo texto de Fátima da Cruz Rodrigues que nos apresenta a maneira como a cartografia se aliou ao poder e ao sistema colonial vigente na sua busca pela expansão do poder e manutenção do status quo.
Utilizando-se de diversos exemplos, a autora deixa claro como a Geografia neste momento delimita espaços territoriais nas colônias e cria um imaginário sobre as possessões e o poder das coroas neste momento da história.
Boa Leitura!
Logo no início do texto a autora Fátima da Cruz Rodrigues deixa claro o ponto de partida e a problemática que esta pesquisa pretende abordar. Primeiro; “analisar o papel dos mapas na construção, material e imaginada, do mundo colonial”. Onde, com base nesta premissa, questionará a produção destes mapas a partir de duas abordagens que guiarão sua linha de pensamento durante o desenvolvimento do texto. 1º: Como o surgimento destes mapas serviram para a consolidação do poder das metrópoles frente às colônias e como estes simplesmente menosprezaram os habitantes que já viviam nestas regiões. 2º: Como a cartografia subjugou as outras formas de demarcar, reconhecer e nomear os territórios.
Buscando assim, como diz a própria autora “refletir sobre a interdependência entre a construção dos mapas políticos e as forças sociais, políticas e ideológicas que os condicionam”. Em outras palavras, até que ponto as forças dominantes dentro de uma sociedade são influentes na construção dos mapas políticos? Sabe-se que a geografia muitas vezes foi conivente com os poderes coloniais e “que estas delimitações são poderosos instrumentos de controle (...) não só da construção de impérios como também em sua manutenção”.
2. Mapas e conhecimentos
Segundo a autora os mapas políticos são frutos da “transformação da ciência em única forma de conhecimento válido” surgido no contexto da expansão do capitalismo e do colonialismo europeu do inicio da Idade Moderna. Buscando assim, entender como a cartografia suprimiu as outras formas de se representar o espaço, que não se enquadravam aos parâmetros científicos ocidentais.
Definições de Cartografia, de Mapas e de Projeções Cartográficas.
Segundo Cruz e Alves “a Cartografia pode ser definida como a Ciência e arte de expressar graficamente, por mapas ou cartas o nosso conhecimento da superfície da Terra e dos seus aspectos”. Ciência quando se utiliza da metodologia científica e seu léxico próprio, e arte quando se expressa através do desenho da superfície terrestre.
Os mapas são representações seletivas da realidade, que durante sua confecção privilegia determinados espaços em detrimento de outros.
E as projeções cartográficas são as medidas matemáticas de longitude e latitude em que um determinado mapa será confeccionado. Um exemplo utilizado no texto chama a atenção para a “projecção do mercator” que está totalmente dentro de suas projeções matemáticas, mas tem como centro a Europa e o hemisfério norte extremamente maior que o sul. Ao se ler nas entrelinhas deste mapa pode-se chegar à conclusão de que há uma supervalorização do homem branco, ocidental europeu em relação ao restante do mundo. Neste mapa fica claro seu caráter político e ideológico.
História da Cartografia.
A história da cartografia é extremante eurocêntrica, tem como base inicial as descobertas gregas, mas sem levar em conta se elas foram autóctones ou provenientes do contato com outras culturas. Uma pequena exceção se abre apenas para a China e sua cartografia bem mais avançada na época. A base da história da cartografia fica mesmo na época da expansão marítima europeia, quando todo o conhecimento técnico foi posto realmente em prática.
Outros Mapas
A metodologia cartográfica nega todas as outras formas de se fazer cartografia que não se utilizam de seus métodos. Um exemplo é o caso dos mapas dos povos que habitavam a região do atual México, estes mapas apresentavam os pontos de localização, mas como os nativos desconheciam a escala e as projeções os mapas se equivocavam nas distâncias.
Neste caso como no caso dos mapas dos povos africanos o colonizador se sentiu à vontade para utilizá-lo, expropria-lo e depois ignorá-lo após o mapeamento ser feito por um ocidental.
A autora cita ainda o mapa como um meio de repressão aos povos nômades, pois a civilização sedentária europeia tem uma relação com a terra de uma maneira diferente dos povos pré-colombianos, dos Africanos e dos aborígenes.
Os Mapas ao Serviço da Expansão Colonial.
O Tratado de Tordesilhas (1494) é o mais conhecido ato de aplicação da cartografia no imaginário mundial e na manutenção do status quo. O tratado que dividiu o mundo em dois tem como característica principal ter sido criado sem um profundo conhecimento do que existia para a esquerda ou para a direita da linha imaginária. Mas foi fundamental, após o descobrimento total do continente, para a manutenção do poder. Um outro exemplo é o caso do mapa cor-de-rosa.
Os Novos Mapeamentos
4. Conclusão.
A autora finaliza analisando como a cartografia colonial “corresponde a um discurso de poder, tanto político, como epistemológico”. As colônias deveriam ser exploradas e subjugadas e é nesse sentido de controle sobre o novo território que a geografia prestou um grande favor aos países colonialistas. Ela – a geografia – garantia a “possessão material e intelectual” das novas terras conquistadas, pois considerava as terras recém-anexadas como espaços vazios em seus mapas, prontos para serem descobertos e explorados.