quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Fichamento: A História do Brasil de Boris Fausto. Introdução e 1° capítulo.

Há alguns dia ocorreu a prova para professor eventual PEB II do Estado de São Paulo. E nesta prova o livro do historiador Boris Fausto foi predominante. Com base nisto e acreditando que o concurso do dia 17 de novembro de 2013 seguirá a mesma linha decidi fichar e postar capítulo por capítulo do livro "A História do Brasil. Espero que lhes seja de grande serventia. Até mais! 
Por: William Cirilo Teixeira Rodrigues
Introdução.
(P.14) Boris Fausto rejeitou duas tendências opostas na historiografia brasileira. De um lado, aquela que vê a História do Brasil como uma evolução, caracterizada pelo progresso permanente. De outro lado, aquela que acentua na História do Brasil os traços do imobilismo, como por exemplo, o clientelismo, a corrupção, a imposição do Estado sobre a sociedade, tanto na colônia como nos dias de hoje. Esta última tendência está geralmente associada ao pensamento conservador. Onde o Brasil será sempre o mesmo, independente do que se faça.
(P.15) O autor têm uma posição oposta a esse tipo de pensamento. A cada passo, na passagem do Brasil Colônia para o Brasil independente, na passagem da Monarquia para a República etc, ele procurou mostrar, que em meio a continuidade e acomodação, o país muda, seja no plano socioeconômico, político ou em ambos.
Este livro dá uma atenção maior ao período que vai de fins do século XIX aos dias de hoje. Não porque este período seja mais importante, mas pelo fato de estar mais presente na memória das pessoas.
(P.17) Cap. 1: As Causas da Expansão Marítima e a Chegada dos Portugueses ao Brasil.
(P.19) Desde cedo aprendemos que o Brasil foi descoberto em 1500 por Pedro Alvares Cabral. Esse fato constitui somente um dos episódios da expansão marítima portuguesa iniciada no século XV. Para entendê-la devemos começar com as transformações ocorridas na Europa Ocidental a partir do ano de 1150. Quando a Europa, nascida das ruínas de Roma e da presença dos bárbaros, começou pouco a pouco a se modificar, pela expansão da agricultura e do comércio.
Esta Europa era uma região extremamente rural, onde as cidades haviam regredido muito. O poder político estava fragmentado e descentralizado, apesar do mito do Império Romano ainda proporcionar certa coerência cultural e legal.
A expansão Agrícola ocorreu graças à abertura de novas regiões cultivadas, derrubada de florestas, drenagem de pântanos e o incentivo da expansão comercial. Que resultou de vários fatores, entre eles o surgimento de um excedente que possibilitava a troca.
(P.20) Aos poucos as cidades começaram a crescer e se transformar em ilhas de relativa liberdade, reunindo artesãos, comerciantes e antigos servos.
A partir do século XIII, foram-se definindo por uma série de batalhas algumas fronteiras de Europa. Dentro destas fronteiras foi nascendo o Estado com sua organização política centralizada, cuja figura do príncipe e a burocracia em que se apoiava, tomaram contornos próprios. Esse processo alcançou seu ponto decisivo entre 1450 e 1550.
Também ocorreu uma expansão geográfica da Europa cristã, pelas reconquistas de territórios ou pela ocupação de novos espaços. Isso ocorreu em toda Europa e seus entornos.
(P.21) Mas porque Portugal iniciou pioneiramente a expansão, no começo do século XV, quase cem anos antes que Colombo, enviado pelos espanhóis, chegasse às terras da América?
A reposta não é simples e possui diversos fatores influenciadores.
Por exemplo, sem ignorar o papel do infante Dom Henrique (1394-1460)  e de sua lendária Escola de Sagres no incentivo à expansão marítima, hoje não se acredita que esse fatos tenham sido tão relevantes quanto se pensava há alguns anos atrás.
Para começar, Portugal se afirmava como um país autônomo com tendências a voltar-se para fora. Os portugueses já tinham experiência acumulada ao longo dos séculos XIII e XIV, no comércio de longa distância, impulsionados por venezianos e genoveses que haviam transformado Lisboa em um centro mercantil sob sua hegemonia.
(P.22) A utilização da moeda como meio de troca, influenciada pelos islâmicos do Mediterrâneo.
Além de sua posição geográfica que contava com correntes marítimas favoráveis.
Na política, Portugal foi durante todo o século XV um reino unificado sem convulsões e disputas dinásticas como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha.
A monarquie portuguesa consolidou-se através da Revolução de 1383-1385. A partir de uma disputa em torno da sucessão ao trono português, onde a burguesia comercial de Lisboa se revoltou. Esta Revolução foi como muitas outras que abalaram a Europa, mas com um desfecho diferente. O problema da sucessão confundiu-se com uma guerra de independência, quando o rei de Castela, apoiado pela grande nobreza lusa, entrou em Portugal para assumir a regência do trono.
No confronto, conseguiu-se ao mesmo tempo a independência e a ascensão ao poder de Dom João, conhecido como Mestre de Avis, filho bastardo do rei Pedro I. Onde em torno dele foram de reagrupando os vários setores sociais da sociedade portuguesa: a nobreza, os comerciantes e a burguesia nascente.
E esse é o ponto fundamental na discussão sobre as razões da expansão portuguesa.
(P.23) Isso porque, nas condições da época, era o Estado (coroa), quem  podia se transformar em um grande empreendedor.
Devemos nos lembrar que no início do século XV a expansão correspondia aos interesses de diversas classes: os comerciantes viam um bom negócio, o rei via novas fontes de receitas, para os nobres a igreja servia a Deus a ao rei na cristianização de povos bárbaros era uma forma de conseguir status, para o povo significava buscar uma vida melhor. Os únicos prejudicados foram os agricultores que viram o preço da mão-de-obra subir. Foi por isso que a expansão portuguesa se tornou um projeto nacional.
1.1.O gosto pela aventura.
Esse gosto pela aventura deve ser compreendido em seu sentido da época. Há cinco séculos, estávamos muito distantes de um mundo conhecido por fotos e satélites. Havia continentes desconhecidos, oceanos inexplorados. As regiões ignotas concentravam a imaginação do povo europeu. Com seus reinos fantásticos, habitantes monstruosos e seus paraísos terrestres.
Até mesmo Colombo acreditava que encontraria homens de um olho só, e homens com focinho de cachorro.
(P.24) Em 1487, quando deixaram Portugal em busca do caminha terrestre para as Índias, Afonso de Paiva e Pero da Covilhã levaram instruções de Dom João II para localizar o Reino de Prestes João, descendente dos reis magos e inimigo dos muçulmanos. Lenda do século XII que surgiu graças a existência real de uma população da Etiópia que segue o cristianismo.
(P.25) 1.2. O Desenvolvimento das Técnicas de Navegação. A Nova Mentalidade.
Dois últimos pontos devem ser notados quando falamos de expansão marítima portuguesa. De um lado, ela representou uma importante renovação das “técnicas de marear”. O aperfeiçoamento de instrumentos como o quadrante e o astrolábio representou uma importante inovação. Os portugueses ainda desenvolveram uma arquitetura naval mais apropriada com a caravela, utilizada a partir de 1441 e “menina dos olhos” dos portugueses.
(P.26) O outro ponto importante da expansão portuguesa diz respeito a uma gradual mudança de mentalidade nos humanistas portugueses como Duarte Pacheco, Diogo Gomes e Dom João de Castro. No plano coletivo, as mentalidades não mudam rapidamente, e o imaginário fantástico continuou a existir, mas a expansão marítima foi mostrando que antigas concepções eram equivocadas, como por exemplo a descrição geográfica de Ptolomeu[1]. Com isso o critério de autoridade, ou seja, a aceitação de uma afirmativa como verdadeira só por ter sido feita por alguém que se supõe especialista, começou a ser posta em dúvida.
1.3. A Atração pelo Ouro e Pelas Especiarias.
Os bens mais buscados pelos portugueses eram o ouro e as especiarias. É fácil entender o porque o porque da busca pelo ouro, mas porque as especiarias?
Especiarias se refere a condimentos, temperos, remédios e perfumes. Pode ser associada também a ideia de produto raro, utilizado em pequenas quantidades. O açúcar já foi uma especiaria mas, com sua produção e consumo em larga escala deixou de ser. São condimentos, a noz-moscada, o gengibre, a canela, o cravo e sobretudo a pimenta[2]!
(P.27) A Europa da Idade Média foi uma “civilização carnívora”. Grandes quantidades de gado eram abatidos no verão e armazenados precariamente com sal, defumação ou pelo sol. Esses processos deixavam a carne intragável e a pimenta servia para disfarçar o sabor de carne podre.
(P.28) 1.4. A Ocupação da Costa Africana e as Feitorias.
Costuma-se considerar a conquista da cidade de Ceuta em 1415, como o ponto de partida da expansão marítima portuguesa. Onde a partir dai, desenvolveu-se uma expansão metódica ao longo da costa ocidental africana que levou cerca de 53 anos, da ultrapassagem do cabo Bojador por Gil Eanes (1434) até a temida passagem pelo cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias (1487), abrindo caminho para Vasco da Gama chegar à Índia e posteriormente os portugueses chegarem a China e ao Japão.
(P.29) Sem penetrar profundamente no território africano, os portugueses foram construindo postos fortificados de comércio. O que indica que as trocas comerciais eram precárias, exigindo garantia das armas. O feitor fazia as trocas e as estocava até que os navios viessem recolher. A opção pela feitoria tornou desnecessária a colonização da África pelos portugueses.
1.5. A Colonização das Ilhas do Atlântico.
Aqui foi bem diferente do que ocorreu na África. Nas ilhas, os portugueses realizaram experiências significativas de plantio em grande escala, empregando trabalho escravo. Após perderem as Ilhas Canárias para os espanhóis, os portugueses se instalaram em Madeira (1420), nos Açores (1471), Cabo Verde (1460) e em São Tomé (1471).
(P.30) 1.6 A Chegada ao Brasil.
Não Sabemos se o nascimento do Brasil se deu por acaso, mas foi cercado de muita pompa. Quando Vasco da Gama voltou da Índia em junho de 1499, produziu grande entusiasmo. Meses depois, em 9 de março de 1500 partiu de Lisboa uma frota de 13 navios  com destino as Índias comandada pelo fidalgo Pedro Alvares Cabral. A frota, após passar pelas Ilhas de Cabo Verde, tomou o rumo oeste avistando a costa brasileira em 21 de abril de 1500. Em Porto Seguro na Bahia.
Desde o século XIX discute-se se a chegada dos portugueses ao Brasil foi obra do acaso, ou se já havia conhecimento de uma espécie de missão secreta. Tudo indica que Cabral se destinava efetivamente as Índias.
De qualquer forma isso pouco importa hoje em dia, pertencendo mais aos campo das curiosidades históricas do que a compreensão dos processos históricos.
(P.33) No começo do livro falamos em nascimento e descobrimento do Brasil. Chegou a hora de dizer que essas expressões se prestam a engano pois dão a impressão de que não havia presença humana no Novo Mundo. E haviam, os indígenas.




[1] Esta questão caiu na Prova para professor Eventual PEB II do Estado de São Paulo no dia 20/10/2013. Questão 39 da Prova de História.
[2] Esta questão caiu na Prova para professor Eventual PEB II do Estado de São Paulo no dia 20/10/2013. Questão 36 da Prova de História.