Joaquim Nabuco (1849 – 1910).
Joaquim
Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em Recife no dia 19 de agosto. Era
filho do senador e conselheiro liberal Nabuco de Araújo, maior influência de
sua vida.
Foi
batizada na capela do engenho de Massangana, que era propriedade dos padrinhos
que o criaram até os 8 anos.
Com
a morte de sua madrinha, Joaquim vai viver no Rio de Janeiro com seus pais,
onde estudou no colégio Pedro II e mais tarde – com 16 anos – ingressou no
curso de direito de São Paulo (1868) e transferiu-se para a faculdade de
direito do Recife (1870).
Na
faculdade foi contemporâneo de grandes nomes da política e da literatura
brasileira como Rui Barbosa, Rodrigues Alves, Castro Alves e Afonso Pena. Ainda
estudante defendeu no júri um escravo acusado de matar seu senhor que o
maltratava e um guarda que tentou conter sua fuga.
Abolicionista
e contrário a pena de morte, atraiu para si a antipatia de poderosos fazendeiros,
o que lhe fechou as portas à carreira pública. Teve assim, com a ajuda de seu
pai, que ingressar na carreira diplomática. Foi adido de legação diplomática em
Londres e em Washington.
Com
a volta dos liberais ao poder, Nabuco ingressou na política brasileira como
deputado (1878). Defendendo: eleições diretas, presença de não-católicos no
Parlamento e a imediata abolição da escravatura sem indenização aos senhores de
engenho. Em 1880 fundou a sociedade brasileira contra a escravidão e em 1882
perdeu as eleições ao parlamento, exilando-se voluntariamente em Londres.
Escreveu
nesta época o livro O Abolicionismo (1884), em que expôs pela primeira vez as
ideias de liberdade dos escravos junto com Reforma Agrária – defendendo a ideia
de que a abolição só faria sentido se viesse acompanhada com a democratização
da terra.
De
volta ao Brasil, elegeu-se deputado por Pernambuco (1885) e empenhou-se na
campanha de adoção de uma monarquia federativa sob e regência da princesa
Isabel.
Em
188 foi recebido pelo papa Leão XIII, a quem pediu um encíclica em favor da
libertação dos escravos. A promessa dessa encíclica teve grande repercussão no
Brasil.
Extinta
a escravidão em 1888, Joaquim Nabuco continuou fiel a monarquia brasileira e
com a queda do regime imperial afastou-se da política e dedicou-se somente a
escrita. Ingressando na Academia Brasileira de Letras.
Em
1900, após dez anos de luto pela monarquia, a convite do presidente Campos
Sales, assumiu o cargo de ministro plenipotenciário em Londres lutando pelo
litígio territorial entre Brasil e Guiana Inglesa.
Em
1905 foi nomeado o primeiro embaixador brasileiro em Washington, tornando-se
amigo pessoal de várias personalidades americanas da época, como o próprio
presidente Theodore Roosevelt. Morreu nesta mesma cidade em 1910.
Minha Formação (1900).
Não
há dúvidas de que o livro Minha Formação de
Joaquim Nabuco é a melhor autobiografia brasileira de seu tempo. Esta obra
dividida em 26 capítulos escritos entre 1893 e 1899, relatam detalhadamente a
formação intelectual, moral, educacional e ideológica deste grande brasileiro.
Minha
Formação figura como uma importante obra de memórias, onde se percebe o
paradoxo de quem foi educado por uma família escravocrata, mas optou pela luta
em favor dos escravos.
Inicialmente
devemos entender que Joaquim Nabuco era antes de tudo um monarquista
inexorável, fiel a família real e defensor de um parlamentarismo como o inglês.
Politicamente liberal e progressista acreditava que a transição para a
democracia no Brasil só poderia ser feita mediante atuação da família real, o
que lhe garantiu a alcunha de reformista, uma vez que via com maus olhos as
transformações abruptas defendidas por uma revolução.
Lutou
por reformas (como a agrária), pelo abolicionismo, pelo parlamentarismo, pela
família real e antes de tudo lutou pelos interesses do Brasil no exterior,
graças a sua grande carreira diplomática. Foi um grande brasileiro.
Resumo: Minha Formação.
Cap. 01: Colégio e Academia.
A
base de seu liberalismo é apoiada em dois alicerces, seu colégio e seu pai.
Estudou no colégio D. Pedro II na mesma época em que seu pai havia trocado o
Partido Conservador pelo Liberal (1864-1865). A história política brasileira é
marcada desde a Regência pela passagem de jovens liberais, para velhos
conservadores. O velho Nabuco iniciou o movimento contrário.
Em
S. Paulo na Faculdade de Direito entrou em contato com os grandes autores de
sua época. Leu de tudo, em especial os franceses. Afastou-se do catolicismo. E
continuou liberal, mas suas ideias flutuavam entre a monarquia e a república. Acabou
decidindo pela monarquia após ler o livro Constituição
Inglesa de Walter Bagehot em 1869.
Cap. 02: Bagehot.
Nabuco
percebia a existência de dois modelos de governos progressistas em sua época: a
república norte-americana e a monarquia parlamentarista inglesa. Segundo ele o
modelo estadunidense lhe parecia mais livre e popular, mas a monarquia
constitucional democratizada seria para o Brasil um modelo melhor de governo,
uma vez que aqui já havia uma família real.
As
ideias que Nabuco herda de Bagehot são poucas, mas centrais em sua ideologia
política.
Bagehot
descontrói o modo clássico de explicar a Constituição Inglesa, que
tradicionalmente acreditava que: 1º o sistema inglês consistia na separação
entre os três poderes. 2º que esses poderem são equilibrados.
Para
o autor, na Inglaterra os poderes Executivo e Legislativo estão unidos pelo
laço do gabinete, sendo assim só há um poder a “câmara dos comuns”. Ou seja, o
sistema inglês baseia-se na fusão desses dois poderes. No rival deste sistema –
o presidencialismo – os poderes legislativo e executivo estão separados. Isso
possibilita que:
Em tempos de paz:
1.
O
legislativo cria os impostos utilizados pelo executivo. Quando há rivalidade
entre esses dois poderes o legislativo pode asfixiar o executivo, o que pode
gerar crises. No parlamentarismo quando isso ocorre a câmara pode ser dissolvida.
Na república a dissolução do poder é dramática uma vez que todas as
legislaturas possuem um prazo pré-determinado.
2.
A
monarquia parlamentarista tem uma grande participação popular, já que o povo
sabe que o que ocorre no parlamento tem influência direta em suas vidas. Ou
seja, o povo se politiza, ou contrário do que ocorre na República em que a participação
popular termina na hora do voto.
3.
O
antagonismo entre esses poderes enfraquecem tanto o legislativo quanto o
judiciário.
Tempos difíceis:
1.
Executivo
e Legislativos cooperam.
2.
Republicanismo
tem o congresso dividido em facções rivais e todos os mandatos são pré
determinados, o que engessa a tomada de decisões, já que o governo republicano foi
eleito e estruturado em um momento e a situação nacional pode se transformar
durante este período.
Antes
de ler Bagehot, Nabuco tinha preconceitos em relação a hereditariedade da
monarquia e da influência da aristocracia. Mas percebeu que isso são as partes imponentes da Constituição Inglesa
e servem para conservar o respeito da população. A família real gera calma
nacional, mesmo em tempos de crise. Mesmo que hajam eleições periódicas, as
classes pobres e ignorantes imaginam ser governadas por soberanos hereditários
que governam pela graça de Deus, mesmo que na verdade eles sejam governados por
pessoas que eles próprios elegeram. Além de que, a pompa da realeza aguça a
imaginação e o sentimento dos súditos. “Enquanto a espécie humana tiver muito
coração e pouca razão, a realeza será um governo forte, porque se harmoniza com
os sentimentos espalhados por toda parte, e a república, um governo fraco, por
que se dirige a razão”.
O
que Nabuco herdeu de Bagehot foi esse entendimento da superioridade prática do
governo de gabinete inglês sobre o sistema presidencial americano. Mostrando
como uma monarquia secular de origens feudais, cercadas de traduções e formas aristocráticas,
podia ser um governo mais popular do que a República.
Cap. 03: 1871-1873: A Reforma.
Nabuco
saiu da academia monarquista e favorável a hereditariedade real. Segundo ele, a
grande vantagem deste sistema era a não interrupção de um projeto de longo
prazo, já que não há interrupções periódicas como na república. Se não fosse
Bagehot, Nabuco seria republicano, pois era a moda da época.
Contudo,
ele não saiu da academia totalmente monarquista e um exemplo disso foi um
artigo seu escrito em 1871 no Jornal Reforma, onde critica a série de viagens
de D. Pedro II a Europa, dizendo em tom de sarcasmo que o mesmo deveria mesmo é
conhecer a América (republicana). Foi só aos poucos que esse monarquismo
prevaleceu.
No
mesmo período em que Rio Branco (conservador) deu início a uma série de
Reformas Liberais, gerando muito confusão entre os liberais, que migraram para
o Republicanismo, Joaquim Nabuco fez o caminho contrário saindo do
Republicanismo e migrando para o Monarquismo.
Cap. 04: Atração do Mundo.
Nabuco
nunca se viu como um político (que atua dentro de um país), mas sempre admirou a
política por seu viés histórico. Nunca gostou da política partidária e das
disputas internas, preferindo analisar a política contemporânea global. É mais
um espectador do século do que de seu país. Lógico que a abolição da
escravatura e a expulsão de D. Pedro II do Brasil o abalou, mas são casos mais
humanos do que políticos. Sua ambição política foi puramente intelectual,
considerando-se cosmopolita de mais para se ater somente as coisas nacionais.
Cap. 05: Primeira Viagem à Europa (1873).
Viagem que mudou sua vida, transformando-o
profundamente, colocando-o em contato com grandes nomes da música, literatura,
política, filosofia, entre outros, de seu tempo. Este viagem foi o cimento em
sua ideologia monarquista.
Cap. 06: A França de 1873 – 1874.
Esteve
na França durante a instauração da Terceira República Francesa (1870-1940), primeiro
regime duradouro desde a Revolução Francesa de 1789. Esta assembleia levou nove
anos para escrever a Constituição (1870-1879), em geral a dúvida era se os
franceses adotariam a monarquia ou a República. Nabuco acompanhou os debates.
Cap. 07: Ernest Renan
Desde
a faculdade, a literatura e a política alternavam-se nas ocupações de Nabuco.
Inicialmente a política, mas após sua viagem à Europa a literatura o dominou
(1873-1879), e ao final deste período de volta a política como deputado da
Câmara de deputados.
Ernest
Renan foi um escritor francês que Nabuco admirava e conhecia pessoalmente de
sua estadia na Europa. O auge de sua fase literária veio quando Renan leu e elogiou
diversos versos que Nabuco escreveu em francês.
Cap. 08: A crise poética.
Nabuco
percebe que não nasceu artista e que seus versos não possuíam nada de especial.
Mas este período em que esteve na Europa e que se dedicou exclusivamente as
artes lhe tocou de uma espessa camada europeia totalmente impermeável a
políticas locais, ideias preconceituosas, paixões partidárias e etc.
Isolando-se de tudo o que na política não possuísse estética (republicanismo).
Cap. 09: Adido de Legação.
Entre
1873 e 1878 a política é algo secundário para Nabuco, mas este também é o
período de consolidação de seu espírito monarquista. Entrou para a Diplomacia
em 1876, ao perceber que os cargos públicos devem ser confiados a quem melhor
pode desempenhá-lo.
Cap.10: Londres.
Na
Inglaterra sua defesa da monarquia solidificou-se, tornando-se mais forte e
duradoura. Este capitulo é dedicado a elogiar a capital britânica.
Cap. 11 Grosvenor Gardens.
Relata
como conviveu com a aristocracia londrina neste endereço.
Cap. 12: A Influência Inglesa.
Nabuco
acredita que o Republicanismo tem por base o ressentimento das ações contrárias
durante seu processo revolucionário. É um regime político que nasce do ódio.
Muitos
especialistas do tempo de Nabuco acreditavam que o liberalismo econômico caminhava
inevitavelmente para o Republicanismo, mas a Inglaterra prova que isso não é
verdade. A Inglaterra é o maior país do mundo, graças aos seus juízes, tão
poderosos quanto o maior nobre ou a família real. O sentido de igualdade de
direitos é profundo entre a sociedade inglesa. O governo inglês e a liberdade
inglesa são monárquicos, o governo mais livre do mundo é uma monarquia!
Como
este é um país livre Nabuco encontrou republicanos na Inglaterra, mas estes serviam
em última análise para melhorar a própria monarquia, não deixando que ela se
corrompesse.
Cap. 13: O espírito Inglês.
O espírito inglês é a norma de conduta ao qual
todo inglês deve obedecer, é o centro de inspiração moral que governa todos os
seus movimentos.
As
reformas inglesas são comandadas por algumas regras elementares:
1.
Conservar
tudo o que não seja um obstáculo ao melhoramento;
2.
Que
o melhoramento justifique o sacrifício da tradição;
3.
Respeitar
o inútil que tenha cunho de época, só demolir o prejudicial;
4.
Substituir
de forma provisória para que o tempo diga se consagramos ou rejeitamos a mudança;
5.
A
reforma deve respeitar o que os outros construíram antes, respeitando o que as
outras épocas construíram.
6.
A
reforma é feita pedra por pedra.
Outro
fator que dirige o espirito do progresso é o espirito de realidade ou utilitarismo,
rejeitando a teoria e buscando a necessidade prática. As reformas devem ter
vantagens econômicas.
Política
e religião estão intimamente ligados na Inglaterra e Nabuco vê isso como algo
bom, já que as duas tem o mesmo objetivo: elevar a condição moral do homem.
Cap. 14: Nova York (1876-1877).
O
que Nabuco viu nos EUA não mudou, mas aprofundou seu pensamento monárquico,
pois o espirito político americano é uma variação do espírito político inglês,
ao qual o autor chama de espírito
anglo-saxônico.
Nubuco
esteve nos EUA republicano justamente durante a conturbada eleição do democrata
Tilden, onde durante as eleições as urnas do Sul foram fraudadas pelos
republicanos e ambos candidatos reclamaram a vitória. A câmara era Democrata, o
Senado Republicano e até o mês de março os EUA tiveram dois presidentes levando
o país à beira de uma guerra Civil. O espirito Anglo-Saxão interveio e as casas
resolveram entregar a questão a uma comissão especial. A solução foi inglesa,
diferente da guerra civil dos latinos.
Cap. 15: Meu diário 1877.
Conta
sobre a política mundial e os grandes acontecimentos ocorridos neste ano, em
especial na França e nos EUA.
Cap. 16: Traços Americanos.
Aqui
ele apresenta por que considera a democracia dos EUA a melhor ideia de democracia
na América.
Politicamente,
umas das coisas que mais chamaram a atenção de Nabuco nos EUA foram as
campanhas eleitorais. O candidato tem sua vida vasculhada pelo rival, de tal
forma que se alguma coisa estiver fora de ordem será utilizada na campanha
contrária. O efeito colateral disso é a moralização da vida privada daqueles
que desejam entrar para a política.
Uma
vez que os dois partidos participam de esquemas de corrupção eventos da vida
pública não geram efeitos, agora deslizes na vida privada são fulminantes para
a derrota do rival.
Não há
nada no sistema político americano que é melhor do que o inglês. Diferente da
monarquia parlamentarista inglesa, a república presidencialista atrai a pior
classe de homem, uma vez o debate não é no campo das ideias, mas das relações
pessoais, afastando da política homens de honra que zelem por sua reputação.
Cap. 17: Influência dos EUA.
Os
dois anos que passou nos Estados Unidos influenciaram muito o pensamento de
Nabuco. Ele vê neste país uma moral anglo-saxônica muito forte, que se
transformou pelo distanciamento de tempo e espaço com a Inglaterra, gerando um
povo muito diferente. As instituições políticas inglesas são mais atuantes e
presentes na Inglaterra, enquanto que nos EUA quase não são sentidas.
O
principal efeito do republicanismo americano em Nabuco foi o de apenas corrigir
o que houvesse de supersticioso sobre o seu monarquismo: direito divino e
consagração super-humana do monarca.
Cap. 18: Meu pai.
Joaquim
foi profundamente influenciado por seu pai José Tomás Nabuco de Araújo Filho.
Essa influência não tem nada de doutrinação ou dominação, mas algo mais
parecido com fascínio.
Seu
pai fez parte do “grupo de moços” do Gabinete Paraná – Caxias (1853-1857) o
mais longo e brilhante do Império até aquele momento. Gabinete conhecido como
Ministério da Conciliação, pois o imperador decidiu formá-lo após a última
guerra civil do Império, abrindo a política aos elementos liberais, sem tirar
da direção os conservadores.
Mas
foi apenas após sua morte, estudando sua vida e pesquisando o vasto acervo
deixado por ele, que Joaquim Nabuco pode entender a personalidade política do
pai.
Cap. 19: Eleição de deputado.
Até
1878 foi o período de formação política, entre 1879 e 1889 era o momento da
ação política. Como bandeira política decidiu lutar pela abolição, interesse
que trazia consigo desde a adolescência. Nabuco assumiu o cargo de deputado
após a morte do pai em 1878.
Neste
período as audiências são marcadas por grandes discursos – ser um bom político
era ser bom discursista – e Nabuco considera este período como o de seus
melhores e mais importantes discursos, o de maio de 1881 e o de Recife
pronunciado no teatro Santa Isabel entre 1884 e 1885.
Cap. 20: Massangana.
Até os
oito anos viveu em um engenho na zona rural de Pernambuco, uma típica fazenda
escravista, fechada em si mesma, sem interferências externas, com a casa grande
no centro e as senzalas ao redor.
Foi criado
por sua madrinha e teve na infância como melhores amigos os filhos dos
escravos.
Sua impressão
mais forte sobre a escravidão remonta a sua infância, quando um escravo fugido
da vizinhança foi até o engenho de Massagana e atirou-se aos seus pés,
implorando que sua madrinha – que tinha fama de tratar bem os escravos – o comprasse.
Com
a morte de sua madrinha o engenho se desfez entre os herdeiros e o jovem Nabuco
foi enviado para o pai. Segundo ele não havia nada mais traumático para os
escravos do que a mudança de um senhor de engenho para outro. Além do orgulho
do Senhor de Engenho, havia uma espécie de orgulho íntimo do escravo, uma
dedicação parecida com a de um animal doméstico. Isso, claro referente a fazenda
Massagana, onde a escravidão era muito antiga e vinha de gerações, onde a
hereditariedade e as relações fixas entre o senhor e os escravos, juntamente
com o isolamento com a restante do mundo, transformava o engenho em uma espécie
de tribo. Isso era impossível em fazendas gigantes do sul (onde o escravo não
conhecia seu senhor). Um exemplo é que a morte da Madrinha de Nabuco ele
percebeu que os escravos a abençoavam como se eles fossem os devedores.
Cap. 21: Abolição.
Quando
a campanha da abolição se iniciou em 1879, ainda existiam no Brasil cerca de 2
milhões de escravos, e seus filhos ainda viviam até os 21 anos em uma espécie
de cativeiro. Em menos de dez anos após o início da campanha a escravidão
chegou ao fim, isso segundo Nabuco aconteceu porque já não cabia a existência
de um sistema escravista no mundo. Não havendo no Brasil nenhum grupo da
sociedade brasileira que ainda apoiasse a escravidão.
Para
Nabuco a escravidão durou tanto no Brasil graças a doçura nacional. Enquanto
que nos EUA há uma guerra entre raças, aqui houve uma fusão e uma escravidão
branda.
Este
capitulo ainda mostra o processo de luta pela abolição e a ação principal de
dois grupos que trabalham juntos, misturavam-se, mas buscavam coisas
diferentes: um a ação política e outro a ação revolucionária.
A
luta abolicionista no Brasil pode ser dividida em duas fases:
1.
1879-1884: em que os
abolicionistas lutavam sozinhos e com recursos próprios.
2.
1884-1888: em que a causa
foi adotada pelos dois grandes partidos do Brasil.
Seu
maior amigo desta época foi André Rebouças que não era um bom orador, mas um
intelectual de primeira ordem e trabalhava nos bastidores. Rebouças sempre pressentiu
que o fim da escravidão causaria uma grande desgraça a dinastia.
Nabuco
ainda dedica este capitulo aos grandes nomes do abolicionismo brasileiro, em
especial a José do Patrocínio, que ele considera como a figura símbolo deste
período, ele era a própria revolução.
Cap. 22: Caráter do movimento – a parte da
dinastia.
A
abolição teria sido outra se fosse feita através da educação religiosa,
passando a ideia de geração a geração. Infelizmente, o espírito revolucionário
teve de executar em poucos anos a tarefa que havia sido desprezada por um
século. A política escolhe as sementes, a religião prepara o terreno. O movimento
contra a escravidão no Brasil foi antes um movimento de caráter humanitário e
social do que religioso, por isso o movimento não teve uma profundidade moral.
Assim, a corrente abolicionista parou no mesmo dia da abolição e no dia
seguinte refluía.
Segundo
Nabuco, se a raça negra soubesse que a abolição levaria à Proclamação da
República, teriam desistido do 13 de maio.
Essa
curta dinastia teve somente três nomes: o fundador (D. Pedro I) que liderou a independência,
seu filho (D. Pedro II) que com 15 anos assumiu um império enfraquecido e a
beira da fragmentação, salvando a unidade nacional, e princesa Isabel que
libertou os escravos. O primeiro do Estado, o segundo da Nação e a Terceira do
povo. O fim da monarquia não foi uma queda foi uma assunção.
Cap. 23: Passagem pela política.
Narra
os personagens que o apoiaram na vida política e alguns casos que ocorreram durante
sua campanha eleitoral e sua vida política.
Cap. 24: No vaticano.
Nabuco
sempre se ressentiu com a indiferença do clero perante a escravidão. Então, eis
que no jubileu sacerdotal do papa Leão XIII, as pastorais convidaram as
dioceses a enviar cartas de liberdade ao Santo Padre. Nabuco que acabara de se
eleger deputado em Pernambuco viu ai uma oportunidade. Foi a Roma e
encontrou-se com o Papa no Vaticano (um encontro curto de uns 15 minutos).
Nabuco
pensou que não haveria católico no Brasil que poderia ir contra uma súmula do
papa. O fato é que esta súmula só saiu após a abolição no Brasil – O papa e o
ministério brasileiro (conservador) atrasaram o quanto puderam tal declaração. Leão
XIII tornou-se um símbolo antiescravagista e Nabuco Humildemente disse que
serviu-lhe apenas de porta voz.
Cap. 25: O barão Tautphoes.
Mestre
intelectual de Nabuco. Capitulo dedicado a rasgar elogios ao grego radicado no
Brasil e sua sabedoria única.
Cap. 26: Os últimos dez anos (1889-1899).
A queda
do império pós fim a carreira de Nabuco.
De 1889
a 1890 ele ainda está impactado com o 15 de novembro.
1891:
morte do imperador.
1892
– 1893: retorno a religião.
1893
– 1895: abalado pela morte de Saldanha.
Nesse
meio tempo (1893) e nos próximos 6 anos se dedica a elaboração da biografia do
pai.
Fonte:
NABUCO, Joaquim. Minha Formação. 3ª reimpressão. São Paulo: Martin Claret. 2011.