(P. 195) Cap. 10: Os Limites do Pensamento.
(P.196) “Duas coisas em especial, me causam assombro e reverência: o céu
estrelado lá em cima e a lei moral que trago em mim” Kant.
(P. 197) Experiência e Razão.
Immanuel
Kant (1724-1808), de origem humilde e intelecto brilhante, foi o maior pensador
da filosofia moderna.
(P. 198) Filosofia
conhecida por sua complexidade. Para entende-la é necessário relembrar seus
predecessores:
Ø Racionalistas: acreditavam que a razão pura é capaz de
gerar conhecimento sobre o mundo. Ou seja, refletindo racionalmente, podemos
chegar a visão absoluta das coisas, independente do ponto de vista particular
de cada um.
Ø Empiristas: todo conhecimento vem da experiência, e
nossa visão do mundo jamais será totalmente objetiva.
Para
Kant, ambos acertaram em alguns pontos e erraram em outros. Assim, sua obra
teve como objetivo incorporar os acertos e evitar os enganos de ambas escolas
filosóficas.
Segundo
Kant, e experiência e a razão não podem agir sozinhas: o conhecimento humano é
uma síntese entre ambas. A experiência provê o conteúdo do conhecimento, mas
para que esse conteúdo se torne compreensível ele ganha forma através de nossa
mente.
E a
forma do conhecimento é fixa, ou seja, a mesma para todos os seres racionais. Quando
uma criança nasce ela já possuí alguns conceitos como tempo, espaço, causalidade,
entre outros, para se relacionar com o mundo. Mas diferente dos racionalistas e
das ideias inatas do ser humano, para Kant esses conceitos com os quais
nascemos nos proporcionam conhecer apenas as aparências das coisas, e não a “verdadeira
realidade”.
(P. 199) Em “A Crítica da
Razão Pura”, Kant busca estabelecer e explorar os limites do pensamento e a
filosofia que ele desenvolveu, incorporando racionalistas e empiristas,
chama-se idealismo transcendental.
(P. 200) A Verdade e suas espécies.
Há infinitas
preposições (afirmações) verdadeiras que podemos fazer sobre o mundo. Segundo
Kant, todas essas proposições – e qualquer verdade imaginada – podem ser
descritas de acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à forma como as
afirmações estão construídas. O segundo se refere a maneira como aquela verdade
específica veio parar em nossa cabeça.
O
nosso conhecimento pode ser dividido entre proposições analíticas e sintéticas:
Ø Analíticas: aquelas cuja verdade está evidente nas
próprias palavras que as compõem. Ex: “Todas as pessoas correm movendo seus
corpos”, “Todos oftalmologistas são médicos”. Todas essas afirmações são
verdadeiras por questões de lógica interna.
Ø Sintética: Ex: “hoje é um dia chuvoso” – em termos
de lógica não há vínculos entre o conceito de chuva e o de dia (como há em
oftalmologista e médico ou correr e mover). Ou seja, a frase afirma, no
predicado, algo que não está contido no sujeito. Portanto temos uma proposição
sintética.
(P. 201) O segundo critério:
de acordo com Kant as proposições podem ser divididas em priori e posteriori.
Ø Conhecimento a priori: é aquele que
independe de experiências e ideias inatas.
Ø Conhecimento a posteriori: são aqueles
feitos após certo “trabalho de campo, ou seja, verdades empíricas, que temos
após termos experimentado algo.
(P. 202) É necessário haver
certas pressuposições para que a experiência ocorra. Essas condições (Kant
enumera 12) são chamadas por ele de Anschauung.
Entre há a ideia de tempo, espaço, causalidade, unidade, pluralidade,
substância, etc. que são os filtros pelos quais enxergamos o universo.
Ao
nascer, se eu não possuísse o Anschauung eu
jamais teria ideias resultantes da experiência e o mundo não haveria se tornado
inteligível para mim. Sem o conhecimento a priori, jamais possuiria os a
posteriori.
Os
argumentos de Kant são chamados transcendentais por transcender (atravessar) o
argumento empírico e estabelecer as condições de todo e qualquer experiência.
Fenômenos e Noumena.
Uma xícara
em minha mão é uma aparência (fenômeno). Por isso, ela seguirá todas as leis implícitas
em minha razão: o mundo das aparências é moldado pelos conhecimentos sintéticos
e a priori. No entanto, para Kant esses conhecimentos só se aplicam aos
fenômenos, e não as coisas como elas são de fato (ou noumena). Essa realidade
final que Kant chama de mundo numênico, é inacessível à nossa experiência e,
portanto, nada podemos saber sobre elas.
Os noumena
são objetos transcendentais: estão além do conhecimento possível. Os fenômenos,
por outro lado, são objetos empíricos, ou “objetos de experiência possível”.
(P. 203) No mundo dos
objetos transcendentais, talvez não haja tempo, espaço, nem relação causa e
efeito. Sendo um mundo além da perspectiva humana – mundo sem filtros. Não
podemos conhece-lo, pois ele está além das condições que tornam o conhecimento
possível.
Como
não podemos conhecer o mundo numênico surgem as mais variadas contradições, porque
a razão é incapaz de descobrir a verdade. Contudo, não devemos renunciar à
racionalidade, pois na floresta das aparências ela é o nosso melhor guia.
Quando
aceitamos os próprios limites e nos concentramos nos fenômenos compreensíveis,
a razão deixa de ser pura e se torna prática.
A Razão Prática.
(P. 204) Aqui Kant pensa em
questões morais. Para o filosofo a moralidade não pode depender de nossos
sentimentos. Na realidade atitudes morais são aqueles ditados exclusivamente pela
razão. Emoções são arbitrárias, e como somos criaturas racionais, temos o dever
de praticar o que for racionalmente correto. A razão prática indica que
qualquer ser humano pode seguir e fazer o que é correto se pensar racionalmente.
Imperativo categórico: é um princípio
abstrato que guia moralmente todas as nossas atitudes. É uma regra que deve ser
seguida por todos os seres racionais.
(P. 205) Resumindo, o
imperativo categórico “aja de tal forma que o princípio de sua ação possa ser
tomado como uma norma universal”. Isso quer dizer que antes de fazer algo devo
me perguntar: e se todo mundo fizesse isso?
(P. 206) O Belo e o Sublime.
Além
da razão prática, Kant deixou outra brecha na muralha que nos separa do mundo –
como ele é: a experiência estética.
Para
ele o prazer estético surge quando aplicamos à arte ou à natureza o princípio
semelhante à seguida pela formulação do imperativo categórico. “Devemos aprecia-las
como fins em si mesmas, e não como meios para outras coisas.
Kant
dividiu as experiências que temos com a arte e a natureza em: belo e sublime.
O
sublime é algo grandioso e perfeito do ponto de vista metafísico e intelectual
e o belo como algo pequeno, limitado do ponto de vista fisíco-visual.
BOTELHO, José Francisco. Uma Breve História da Filosofia: São Paulo. Abril. 2015. P.195-208