quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Introdução ao Pensamento de Kant



(P. 195) Cap. 10: Os Limites do Pensamento.
(P.196) “Duas coisas em especial, me causam assombro e reverência: o céu estrelado lá em cima e a lei moral que trago em mim” Kant.
(P. 197) Experiência e Razão.
Immanuel Kant (1724-1808), de origem humilde e intelecto brilhante, foi o maior pensador da filosofia moderna.
(P. 198) Filosofia conhecida por sua complexidade. Para entende-la é necessário relembrar seus predecessores:
Ø  Racionalistas: acreditavam que a razão pura é capaz de gerar conhecimento sobre o mundo. Ou seja, refletindo racionalmente, podemos chegar a visão absoluta das coisas, independente do ponto de vista particular de cada um.
Ø  Empiristas: todo conhecimento vem da experiência, e nossa visão do mundo jamais será totalmente objetiva.
Para Kant, ambos acertaram em alguns pontos e erraram em outros. Assim, sua obra teve como objetivo incorporar os acertos e evitar os enganos de ambas escolas filosóficas.
Segundo Kant, e experiência e a razão não podem agir sozinhas: o conhecimento humano é uma síntese entre ambas. A experiência provê o conteúdo do conhecimento, mas para que esse conteúdo se torne compreensível ele ganha forma através de nossa mente.
E a forma do conhecimento é fixa, ou seja, a mesma para todos os seres racionais. Quando uma criança nasce ela já possuí alguns conceitos como tempo, espaço, causalidade, entre outros, para se relacionar com o mundo. Mas diferente dos racionalistas e das ideias inatas do ser humano, para Kant esses conceitos com os quais nascemos nos proporcionam conhecer apenas as aparências das coisas, e não a “verdadeira realidade”.
(P. 199) Em “A Crítica da Razão Pura”, Kant busca estabelecer e explorar os limites do pensamento e a filosofia que ele desenvolveu, incorporando racionalistas e empiristas, chama-se idealismo transcendental.
(P. 200) A Verdade e suas espécies.
Há infinitas preposições (afirmações) verdadeiras que podemos fazer sobre o mundo. Segundo Kant, todas essas proposições – e qualquer verdade imaginada – podem ser descritas de acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à forma como as afirmações estão construídas. O segundo se refere a maneira como aquela verdade específica veio parar em nossa cabeça.
O nosso conhecimento pode ser dividido entre proposições analíticas e sintéticas:
Ø  Analíticas: aquelas cuja verdade está evidente nas próprias palavras que as compõem. Ex: “Todas as pessoas correm movendo seus corpos”, “Todos oftalmologistas são médicos”. Todas essas afirmações são verdadeiras por questões de lógica interna.
Ø  Sintética: Ex: “hoje é um dia chuvoso” – em termos de lógica não há vínculos entre o conceito de chuva e o de dia (como há em oftalmologista e médico ou correr e mover). Ou seja, a frase afirma, no predicado, algo que não está contido no sujeito. Portanto temos uma proposição sintética.
(P. 201) O segundo critério: de acordo com Kant as proposições podem ser divididas em priori e posteriori.
Ø  Conhecimento a priori: é aquele que independe de experiências e ideias inatas.
Ø  Conhecimento a posteriori: são aqueles feitos após certo “trabalho de campo, ou seja, verdades empíricas, que temos após termos experimentado algo.
(P. 202) É necessário haver certas pressuposições para que a experiência ocorra. Essas condições (Kant enumera 12) são chamadas por ele de Anschauung. Entre há a ideia de tempo, espaço, causalidade, unidade, pluralidade, substância, etc. que são os filtros pelos quais enxergamos o universo.
Ao nascer, se eu não possuísse o Anschauung eu jamais teria ideias resultantes da experiência e o mundo não haveria se tornado inteligível para mim. Sem o conhecimento a priori, jamais possuiria os a posteriori.
Os argumentos de Kant são chamados transcendentais por transcender (atravessar) o argumento empírico e estabelecer as condições de todo e qualquer experiência.
Fenômenos e Noumena.
Uma xícara em minha mão é uma aparência (fenômeno). Por isso, ela seguirá todas as leis implícitas em minha razão: o mundo das aparências é moldado pelos conhecimentos sintéticos e a priori. No entanto, para Kant esses conhecimentos só se aplicam aos fenômenos, e não as coisas como elas são de fato (ou noumena). Essa realidade final que Kant chama de mundo numênico, é inacessível à nossa experiência e, portanto, nada podemos saber sobre elas.
Os noumena são objetos transcendentais: estão além do conhecimento possível. Os fenômenos, por outro lado, são objetos empíricos, ou “objetos de experiência possível”.
(P. 203) No mundo dos objetos transcendentais, talvez não haja tempo, espaço, nem relação causa e efeito. Sendo um mundo além da perspectiva humana – mundo sem filtros. Não podemos conhece-lo, pois ele está além das condições que tornam o conhecimento possível.
Como não podemos conhecer o mundo numênico surgem as mais variadas contradições, porque a razão é incapaz de descobrir a verdade. Contudo, não devemos renunciar à racionalidade, pois na floresta das aparências ela é o nosso melhor guia.
Quando aceitamos os próprios limites e nos concentramos nos fenômenos compreensíveis, a razão deixa de ser pura e se torna prática.
A Razão Prática.
(P. 204) Aqui Kant pensa em questões morais. Para o filosofo a moralidade não pode depender de nossos sentimentos. Na realidade atitudes morais são aqueles ditados exclusivamente pela razão. Emoções são arbitrárias, e como somos criaturas racionais, temos o dever de praticar o que for racionalmente correto. A razão prática indica que qualquer ser humano pode seguir e fazer o que é correto se pensar racionalmente.
Imperativo categórico: é um princípio abstrato que guia moralmente todas as nossas atitudes. É uma regra que deve ser seguida por todos os seres racionais.
(P. 205) Resumindo, o imperativo categórico “aja de tal forma que o princípio de sua ação possa ser tomado como uma norma universal”. Isso quer dizer que antes de fazer algo devo me perguntar: e se todo mundo fizesse isso?
(P. 206) O Belo e o Sublime.
Além da razão prática, Kant deixou outra brecha na muralha que nos separa do mundo – como ele é: a experiência estética.
Para ele o prazer estético surge quando aplicamos à arte ou à natureza o princípio semelhante à seguida pela formulação do imperativo categórico. “Devemos aprecia-las como fins em si mesmas, e não como meios para outras coisas.
Kant dividiu as experiências que temos com a arte e a natureza em: belo e sublime.
O sublime é algo grandioso e perfeito do ponto de vista metafísico e intelectual e o belo como algo pequeno, limitado do ponto de vista fisíco-visual.
BOTELHO, José Francisco. Uma Breve História da Filosofia: São Paulo. Abril. 2015. P.195-208