terça-feira, 29 de março de 2016

Fichamento: "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud. Cap 03

Considerado o maior trabalho de Sigmund Freud (1856-19390), "A Interpretação dos Sonhos" é o livro que inaugura a era da psicanálise. Neste estudo, o Mestre de Viena apresenta uma instância da mente que era,até então, ignorada: o inconsciente. Esse pressuposto foi o estopim de uma revolução teórica que permeou o debate sobre o comportamento humano no século XX.
(P.77) Cap. III: O sonho é a realização de um desejo.
Os sonhos não são destituídos de sentido, não são absurdos, não implicam que uma parcela de nossa reserva de representações esteja adormecida enquanto outra começa a despertar. Pelo contrário, são fenômenos psíquicos de inteira validade – são realizações de desejos – e podem ser inseridos na cadeia de atos mentais inteligíveis de vigília. São produzidos por uma atividade mental altamente complexa.
(P.78) Vimos que um sonho pode representar um desejo como realizado, o que nos levanta a dúvida. Isso é uma característica universal dos sonhos, ou, é o conteúdo de um sonhos específico?
É fácil provar que muitos sonhos são a realização de desejos, como por exemplo, quando temos sede enquanto dormimos e então sonhamos que bebemos um belo gole d’água.
(P.80) Os sonhos das crianças são frequentemente pura realização de desejos, e diferente dos sonhos dos adultos não levantam problemas para serem solucionados, mas são de inestimável importância para provar que, em sua natureza essencial, todos os sonhos representam a realização de desejos.

(P.82) Até mesmo na língua sonho tem sentido de desejo. Sempre que vemos nossas expectativas ultrapassadas por um acontecimento, exclamamos : “eu nunca teria imaginado tal coisa, nem em meus sonhos mais fantásticos”.
Referências
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. 1. Ed. São Paulo. Folha de S. Paulo, 2010. P.77-82.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Fichamento: "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud. Cap 02

Considerado o maior trabalho de Sigmund Freud (1856-19390), "A Interpretação dos Sonhos" é o livro que inaugura a era da psicanálise. Neste estudo, o Mestre de Viena apresenta uma instância da mente que era,até então, ignorada: o inconsciente. Esse pressuposto foi o estopim de uma revolução teórica que permeou o debate sobre o comportamento humano no século XX.
                       
(P.63) Cap. II: O método de interpretação dos sonhos: análise de um sonho modelo.
O título da obra já deixa claro o objetivo primordial de Freud ao escrever esse livro: demonstrar que, diferentes do que acreditavam seus contemporâneos, os sonhos são possíveis de serem interpretados.
Acreditar na possibilidade de interpretação dos sonhos coloca Freud em oposição às teorias científicas de sua época. O autor assume, então, a posição dos leigos que sempre acreditaram que todo sonho tem um significado oculto. O mundo leigo sempre se preocupou em interpretar os sonhos e o fez de duas maneiras diferentes.
(P.64) O primeiro desses métodos considera o conteúdo dos sonhos como um todo, e procura substitui-lo por outro conteúdo que seja inteligível e, em certos aspectos, análogo ao original. Essa é a interpretação “simbólica” dos sonhos. Um exemplo é o sonho do faraó, proposta por José na Bíblia. Sete vacas gordas devoradas por sete vacas magras. Que foi simbolicamente entendida como sete anos de fome que consumiriam tudo o que fosse produzido em sete anos de abundância.
O segundo funciona por meio de “decifrações” que trata os sonhos como uma criptografia em que cada signo pode ser traduzido por outro signo de significado conhecido, de acordo com o código fixo. É o método utilizado pelos livros dos sonhos.
Não se pode imaginar nem por um momento que qualquer dos dois métodos populares de interpretação dos sonhos possa ser empregado numa abordagem científica do assunto.
(P.65) Por isso Freud elabora seu próprio método de interpretação dos sonhos, afirmando que os sonhos têm um sentido e que é possível um método científico para interpretá-los.
Foi no decorrer de seus estudos de psicanálise, que Freud, se deparou com a interpretação dos sonhos. Seus pacientes assumiam o compromisso de comunicar todas as ideias ou pensamentos que lhe ocorressem em relação a um assunto, e assim percebeu que o sonho pode ser inserido numa cadeia psíquica a ser retrospectivamente rastreada na memória a partir de uma ideia patológica.
(P.67) O primeiro passo é não interpretar o sonho como um todo, mas como partes separadas, fracionando-o, para que o paciente relate as associações que faz com cada fragmento do sonho. Neste ponto o método de Freud assemelha-se ao método leigo da “decifração”.
Mas ao contrário do método popular que decifra qualquer parte isolada do conteúdo do sonho por meio de um código fixo, Freud acredita que o mesmo fragmento de um conteúdo pode ocultar um sentido diferente para cada pessoa em cada contexto. No método de Freud não existe um “livro dos sonhos”, a interpretação do ato de sonhar, por exemplo, com uma cobra é diferente de acordo com as memórias e as vivências de cada pessoa.
(P.68) Não podendo utilizar como exemplo os sonhos de seus pacientes, Freud decide usar seu método de interpretação dos sonhos em si mesmo. Autoanalisando um sonho seu.
Assim o autor divide esta experiência em três partes: 1) preambulo, onde relata o contexto em vigília que o sonho foi produzido, e que por certo teve influência no sonho. 2) o sonho propriamente dito, onde relata em pormenores o sonho que teve na noite de 23 para 24 de junho de 1985. 3) análise, onde fragmenta cada aspecto de seu sonho e tenta buscar um motivo em suas lembranças para ter sonhado com isso.
(P.77) Ao fim diz: se adotarmos o método de interpretação dos sonhos verificaremos que os sonhos têm um sentido. Quando o trabalho de interpretação se conclui, percebemos que o sonho é a realização de um desejo.
Referências:
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. 1. Ed. São Paulo. Folha de S. Paulo, 2010. P.63-77.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Fichamento: "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud. Cap 01.

Considerado o maior trabalho de Sigmund Freud (1856-19390), "A Interpretação dos Sonhos" é o livro que inaugura a era da psicanálise. Neste estudo, o Mestre de Viena apresenta uma instância da mente que era,até então, ignorada: o inconsciente. Esse pressuposto foi o estopim de uma revolução teórica que permeou o debate sobre o comportamento humano no século XX.
(P.09) A Interpretação dos Sonhos.
Cap. I: A literatura científica que trata dos problemas dos sonhos.
Nas próximas páginas Freud apresentará provas de que existe uma técnica psicológica que torna possível interpretar os sonhos, e quando este procedimento é empregado, todo sonho se revela como uma estrutura psíquica que tem um sentido e pode ser inserida num ponto designável nas atividades mentais da vida de vigília[1].
Freud ainda tentará elucidar os processos a que se devem a natureza e a obscuridade dos sonhos e deduzir os processos de natureza e força psíquica cuja ação concomitante ou mutuamente oposta gera esses sonhos.
(P.10) Sem dúvida a visão pré-histórica dos sonhos ecoou pela Antiguidade Clássica. Eles acreditavam que o sonho era o mundo dos sobre-humanos e constituíam revelações sobre deuses e demônios, sendo a principal finalidade do sonho prever o futuro.
Aristóteles via o sonho não como uma manifestação sobrenatural, mas algo que seguia as leis do espírito humano. Definindo o sonho como um atividade mental de quem dorme, na medida em que esteja adormecido.
Antes de Aristóteles, os antigos não consideravam o sonho como um produto da mente que sonhava, mas como algo introduzido por uma entidade divina. Divididos em sonhos verdadeiros (que preveem o futuro) e sonhos falsos (que surgiam para confundir).
Essa variação no valor dos sonhos causava confusão, sendo necessário surgir uma maneira de interpretá-lo. Transformando um sonho inteligível em algo compreensível e significativo.
(P.11) Freud lamenta que o conhecimento sobre os sonhos tenha progredido tão pouco desde então. Segundo ele não existe nenhum conhecimento edificado sobre esse tema e cada novo autor que surge decide recomeçar o tema do zero.
(P.12) A. A relação dos sonhos com a vida de vigília.
É claro que se os nossos sonhos não vieram de outro mundo, pelo menos eles nos transportam para lá. É o que acreditam alguns pensadores que afirmam serem os sonhos uma válvula de escape do cotidiano em vigília.
Já outros acreditam ser o sonho uma extensão do estado de vigília. O sonho não liberta, mas sim é influenciado pela idade, sexo, classe, educação do sonhador. O sonho possuí aquilo que o homem em estado de vigília já pensa.
(P.13) Para Hildebrant o sonho é algo separado da vida em vigília, como uma espécie de abismo intransponível, onde o que se sonha nada tem a ver com a realidade de quem sonha. Alguém pode, muito bem, sonhar que navega até a ilha de Santa Helena e degusta vinho com Napoleão. E esta pessoa jamais navegou, nunca foi a Santa Helena, não bebe vinho e nem havia nascido quando Napoleão morreu.
(P.14) Por outro lado, todo o material utilizado no sonho é retirado da realidade e da vida intelectual de quem sonha. Qualquer que seja o sonho ele nunca pode se libertar do mundo real. O sonhador do exemplo acima deveria saber, ao menos, que Napoleão esteve exilado na ilha de Santa Helena.
B. O material dos sonhos – a memória nos sonhos.
Todo o material que compõe o conteúdo do sonho é derivado, de algum modo, da experiência, ou seja, foi reproduzido e lembrado no sonho – isto é um fato indiscutível.
Mas é um erro pensar que a ligação entre o conteúdo de um sonho e a realidade seja facilmente percebido pelo que sonha.
É possível que surja no conteúdo do sonho, um material que no estado de vigília, não reconheçamos como parte de nosso conhecimento ou experiência. Muitas vezes o sonho alcança recordação que estavam além de nossa memória de vigília.
(P.17) Uma das fontes de onde os sonhos retiram material para reprodução – material que, em parte, não é recordado nem utilizado nas atividades de pensamento de vigília – é a da infância.
(P.18) Contudo, os sonhos em sua grande maioria são relacionados com os dois últimos dias.
Outra característica surpreendente e menos compreensível da memória do sonho é demonstrada na escolha do material reproduzido: na vida em vigília em geral lembramos o que é mais importante, enquanto que nos sonhos nos lembramos também do irrelevante e do insignificante.
(P.19) Muitas vezes o insignificante domina os nossos sonhos.
(P.20) E isso é muito relevante para o estudo da memória em geral, pois levanta a questão que “nada que tenhamos possuído mentalmente uma vez pode se perder inteiramente” (Schola, 1890).
C. Os estímulos e as fontes dos sonhos.
Há um ditado popular que diz “os sonhos decorrem da indigestão”. Ou seja, o sonho seria uma perturbação do sono.
Então acredita-se que o ato de sonhar é desencadeado por quatro tipos de estímulos, que também são usados para classificar os sonhos: excitação sensorial externa (objetiva), excitação sensorial interna (subjetiva), estímulos somáticos internos (orgânicos) e fontes de estimulação puramente psíquica.
1. Estímulos sensoriais externos.
Quando vamos dormir tentamos nos desligar do mundo exterior. O primeiro ato é fechar os olhos (que é o nosso mais importante canal sensorial) e vamos pouco a pouco nos desligando dos estímulos sensoriais externos, mas isso não é absoluto e a qualquer momento um estímulo externo pode nos despertar. Então, já que o mundo extracorporal pode ser sentido durante o sono, ele pode muito bem, através dos estímulos sensoriais, tornar-se fonte de sonhos.
(P.22) O estímulo externo sobre os sentidos humanos (tato, paladar, olfato, audição e visão) podem influenciar o sonho.
(P.24) O estímulo que incide sobre os sentidos durante o sono não aparece no sonho em sua forma real, mas é substituído por outra imagem que, de algum modo, está relacionada com ele. Exemplo, um despertador pode aparecer em um sonho como um sino de uma igreja, guizos de um trenó, etc.
(P.25) Com base nos estímulos sensoriais externos recebidos nosso cérebro assemelha e cria a ilusão. Caso este estímulo seja duradouro, despertamos.
(P.26) 2. Excitações sensoriais internas (subjetivas).
Juntamente com os fatores externos temos as excitações sensoriais internas. Que são as excitações internas dos órgãos dos sentidos, juntamente com os estímulos sensoriais externos.
Como fontes de imagens oníricas[2], as excitações sensoriais subjetivas possuem a vantagem obvia de não dependerem, como as objetivas, de circunstancias externas.
Essas excitações são causadas por excitações subjetivas na retina, alucinações ou fenômenos imaginativos.
(P.27) 3. Estímulos somáticos orgânicos internos.
Aqui Freud busca a fonte dos sonhos dentro do organismo e não mais fora dele.
(P.28) É evidente que nossos órgãos quando doentes tornam-se fontes de excitação e estímulos para todo o organismo. E esses estímulos internos podem ser tão influentes ao sonho quanto os externos. Os distúrbios dos órgãos internos agem como instigadores de sonhos.
(P.29) Contudo, não é só o órgão enfermo que pode ser fonte de sonhos. Basta saber que quando adormecemos, nossa mente se desvia do mundo exterior e dispensamos mais atenção no interior do corpo, então é plausível que os órgãos, mesmo que sadios, sejam fontes de sonhos.
(P.30) É quase impossível pensar em qualquer parte do organismo que não possa ser o ponto de partida de um sonho ou de um delírio.
(P.31) 4. Fontes psíquicas de estimulação.
Os homens sonham com aquilo que fazem durante o dia e com o que lhes interessa enquanto estão acordados. Tal interesse, transposto da vigília para o sono, seria não somente um vínculo mental, um elo entre os sonhos e a vida, como também nos proporciona uma fonte adicional de sonhos.
A soma dos estímulos sensoriais externos com as estimulações durante o dia podem explicar, em grande parte, os sonhos que sonhamos.
(P.33) D. Por que nos esquecemos dos sonhos após o despertar.
É fato que os sonhos desaparecem pela manhã. Naturalmente, alguns podem ser lembrados, mas com frequência o que sobra é só uma parcela do sonho, ou de que sonhamos, mas não lembramos o que. Muitas vezes lembramos que sonhamos, sem saber o que sonhamos.
Segundo Freud a explicação mais detalhada vem de Strumpell, que atribui o esquecimento não a uma única causa, mas a uma série delas.
Em primeiro lugar, todas as causas que levam ao esquecimento na vida em vigília, também explicam o esquecimento durante o sonho. Quando estamos acordados esquecemos aquilo que tenha sido fraco demais para nos excitar ou despertar sensações. O mesmo ocorre com o sonho. Mas isso por si só não explica.
(P.34) Diferente do que acreditamos nossos sonhos em geral são desordenados e sem sentido, sem uma ordem cronológica, sendo confuso e inteligível.
Além disso, após o despertar, o mundo dos sentidos exerce pressão e se apossa imediatamente da atenção de que tal forma que poucas imagens oníricas conseguem resistir.
E por fim, há outro fator, as pessoas em geral tem pouco interesse sobre seus próprios sonhos.
(P.35) De fato um sonho é muito difícil de recordar. Mesmo o narrador mais fiel e honesto preenche as lacunas do sonho com sua imaginação quando vai recordá-lo ou narrá-lo a outra pessoa. Tornando assim, coerente o que era incoerente.
Segundo Spitta, somente quando tentamos reproduzir um sonho é que introduzimos algum tipo de ordem em seus elementos frouxamente associados. Arrumamos o roteiro, transformamos em sequência, cadeias causais e conexões lógicas. Coisas que na realidade os sonhos não têm.
(P.36) E. As características psicológicas distintivas dos sonhos.
Fica claro que os sonhos são produtos de nossas próprias atividades mentais, mas o sonho em geral nos deixa a impressão de algo estranho a nós.
(P.37) Burdach encontra duas características que explicam esse estranhamento: a) nos sonhos, a atividade subjetiva de nossa mente aparece de forma objetiva, pois nossas faculdades perceptivas encaram os produtos de nossa imaginação como se fossem impressões sensoriais. B) o sono significa um fim de autoridade do eu. Daí o adormecimento trazer consigo certo grau de passividade (...). As imagens que acompanham o sono só podem ocorrer sob a condição de que a autoridade do eu seja reduzida.
(P.39) Contudo, apesar de não controlar o sonho, nós não nos surpreendemos com a falta de lógica apresentada pelo sonho. Em geral os sonhos não tem nenhuma lógica e mesmo assim, enquanto estamos sonhando, não ligamos para isso.
(P.42) os autores usados por Freud retratam o processo de formação do sonho da seguinte maneira: a totalidade dos estímulos sensoriais gerados durante o sono, a partir de várias fontes que enumerei, despertam na mente diversas representações que aparecem sob a forma de alucinações ou ilusões derivados dos estímulos internos ou externos. Essas representações vinculam-se de acordo com as conhecidas leis de associações e, de conformidade com as mesmas leis, convocam outra série de representações (ou imagens).  Todo esse material é então trabalhado pelo que ainda nos resta das faculdades mentais de organização e pensamento em ação. O que ainda não foi descoberto são os motivos que decidem se a convocação das imagens decorrentes de fontes não externas se processará por uma cadeia de associações ou por outra.
(P.45) F. O sentido moral nos sonhos.
Até que ponto as inclinações e sentimentos morais se estendem até a vida onírica? Alguns autores sustentam que não existe moralidade nos sonhos, outros alegam o contrário.
(P.46) Alguns autores alegam que os sonhos são desprovidos de moral, outros que, se você sonha com algo imoral é porque você é imoral, os sonhos apenas revelam quem você realmente é.
(P.48) Hildebrant diz que todo sonho imoral, tem sua origem em um pensamento imoral. Se sonhamos é porque em algum momento pensamos.
(P.51) G. Teorias do sonhar e de sua função.
Podemos dividir a teoria dos sonhos em três:
1) os que acreditam que a totalidade psíquica continua ativa nos sonhos. A mente, segundo ele, não dorme, e seu funcionamento continua o mesmo seja no estado de vigília, seja dormindo.
2) outros defendem que os sonhos surgem graças ao rebaixamento da atividade psíquica, o afrouxamento das conexões e o empobrecimento do material acessível. Esta é com certeza a teoria mais aceita entre os estudiosos.
(P.55) 3) Um terceiro grupo de teorias atribuem a mente, durante o sonho, uma capacidade de inclinação para desenvolver atividades psíquicas especiais de que, na vida de vigília, ela é total ou basicamente incapaz. É a opinião mais defendida por psicólogos antigos.
(P.59) H. A relação entre os sonhos e as doenças mentais.
Ao falarmos na relação entre os sonhos e os distúrbios mentais, devemos ter três coisas em mente:
1) as conexões etiológicas e clínicas, como quando um sonho representa um estado psicológico, ou introduz, ou é um remanescente dele;
2) as modificações a que esta sujeita a vida onírica nos caos de doença mental;
3) as ligações intrínsecas entre os sonhos e as psicoses, apontando analogias para o fato de ele serem essencialmente afins.
Com respeito às ligações clínicas e etiológicas entre os sonhos e as psicoses Hohnbaum relata que a primeira irrupção de insanidade delirante muitas vezes se origina num sonho de angústia ou terror, e que a ideia dominante está ligada ao sonho.
Existem muitos casos em que o paciente age normalmente durante o dia e sofra de psicopatia, paralisia, histeria, etc. durante a vida onírica.
(P.60) Devemos perceber que existe um parentesco muito próximo entre os sonhos e os distúrbios mentais, uma vez que segundo Radestock “o louco é uma espécie de sonhador acordado”.
 Referências:
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. 1. Ed. São Paulo. Folha de S. Paulo, 2010. P.09-63.


[1] Acordado.
[2] Onírico é um adjetivo masculino que faz referência aos sonhos, às fantasias, ao que não pertence ao chamado “mundo real”. Etimologicamente vem do grego óneiros, que quer dizer literalmente “sonho”.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Resenha do livro Maquiavel em 90 minutos de Paul Strathern


Observação importante:
O presente livro de Paul Strathern trabalha como uma espécie de biografia intelectual de Maquiavel. Mostrando como o meio em que viveu o autor de O Princípe foi fundamental para o pleno desenvolvimento de sua teoria política, e como esta se desenvolveu e amadureceu ao longo dos anos.
Boa Leitura.
Introdução.
Apesar do nome Maquiavel ter se tornado sinônimo de maldade, com a criação do termo maquiavélico, sua filosofia política não era nem boa nem má. Apenas realista.
A filosofia da arte de governar que ele elaborou pretendia ser científica, e isto não dava espaço para o sentimento, a compaixão ou, em especial, a moral.
O Príncipe nada mais é que um livro de conselhos a um príncipe (ou qualquer governante), sobre como dirigir o Estado. Sendo que o principal objetivo de qualquer príncipe é se manter no poder e dirigir o Estado em seu melhor proveito pessoal.
A filosofia política de Maquiavel reflete profundamente, o seu tempo e as circunstâncias que enfrentou, contudo ainda hoje conserva um toque de contemporaneidade, sendo um reflexo da perturbadora condição humana.
Vida e obra.
Niccolo Maqueavelli nasceu em Florença, em 3 de maio de 1469, em uma velha família toscana decadente.
O jovem Maquiavel viveu em uma Florença que emergia do topor intelectual da Idade Média, em uma Itália que liderava o ocidente rumo a Renascença. Era possível sonhar, nesse momento, com uma Itália unificada, grande, como nos tempos do Império Romano.
Florença era o coração do Renascimento italiano, como os Médici, os Pazzi e os Strozzi, controlavam a nova tecnologia da época: o Banco Mercantil. O Banco Mercantil era a mais revolucionária tecnologia de comunicações do período. Seu desenvolvimento no século XIV havia transformado gradualmente o comércio e as comunicações em toda Europa. Agora, a riqueza podia ser transmitida, na forma de crédito ou saque bancário, de um extremo do continente a outro, liberando o comércio das costumeiras restrições de pagamento por escambo ou em espécie. Seda e especiarias do Extremo Oriente chegadas por terra em Beirute podiam ser compradas por meio de transferência financeira e embarcadas para Veneza.
Em 1414 os Médici conseguiram a grande cartada: eram os banqueiros do papa. Em 1934, Cosme Médici não era mais somente o homem mais rico da Europa, mas uma espécie de Príncipe da república Florentina.
A cidade florescia como nunca, alcançando renome internacional. A moeda local (o florim), era o dólar da época. Em meio ao caos da cunhagem europeia (as vezes existam várias moedas em circulação dentro de um mesmo país), o Florim era reconhecido como o padrão monetário internacional.
O dinheiro logo colocou de lado a tradicional perspectiva medieval de amor à pobreza. As páginas do livro-razão dos Médici vinham timbradas com a frase “em nome de Deus e do lucro”.
O fato é que Cosme de Médici era cristão e extremamente temente a Deus. E a prática da usura era inequivocamente proibida pela Bíblia. Então, conforme envelhecia, Cosme começou a ficar cada vez mais perturbado com a perspectiva de danação eterna. Assim começou a reformar, construir e decorar inúmeras igrejas. Os Médici tornaram-se os maiores patronos privados de arte jamais vistos no mundo. Esse era o financiamento que faltava para a eclosão do Renascimento.
Graças ao ressurgimento do interesse pela Antiguidade Clássica greco-romana, autores clássicos foram redescobertos sufocando a antiga escolástica cristã medieval. Toda a maneira de ver o mundo foi transformada. A existência já não era mais uma provação para se poder chegar ao outro mundo, mas uma arena em que devíamos demonstrar a nossa capacidade. O jovem Maquiavel absorveu tudo avidamente.
O Renascimento é a ruptura com o pensamento medieval e esta à meio caminho da Idade da Razão. Ele é formado por uma curiosa mistura de teologia cristã, pensamento clássico, atitude científica embrionária e magia medieval.
Maquiavel seria ai meio que uma exceção – talvez por ser autodidata –, pois seus textos eram escandalosamente isentos de ilusão e superstição.
O apogeu do Renascimento florentino veio com Lourenço (neto de Cosme Médici) que sem dúvida fez jus à sua origem.
O jovem Maquiavel presenciou um fato que mudaria sua maneira de ver o mundo. Durante a chama Conspiração de Pazzi de 1478 que tentou, sem sucesso, assinar Lourenço, Maquiavel aprendeu uma importante lição – faça aos outros o que eles fariam a você, mas faça primeiro e seja definitivo.
Em 1494, apenas dois anos após a morte de Lourenço, Florença foi invadida pelo rei Francês Carlos VIII, e os Médici tiveram que fugir. Embora essa ocupação francesa fosse mais simbólica que real, a cidade corria o perigo de perder sua independência para uma potência estrangeira. Neste momento Maquiavel aprendeu outra lição – só uma Itália unificada poderia resistir ao poderio francês e às invasões estrangeiras.
Após esse período surge a República Cristã de Savonarola (1494-1498) e logo em seguida o período em que Sorderini foi eleito gonfaloniere, e pela primeira vez Maquiavel surge das sombras, conseguindo um cargo público e sendo enviado em missões diplomáticas de pequena importância. Não demorou muito para Maquiavel começar a se destacar por suas habilidades.
Contudo, Florença enfrentava uma nova ameaça. O filho do papa, César Bórgia, estava usando o exército papal (ajudado por tropas francesas) para tentar criar um novo principado independente, para si, na Itália central.
Maquiavel foi enviado em um série de missões para informar sobre os levantes nos territórios de Florença e como embaixador no quartel-general dos Bórgia (funcionou como um espião creditado).
Maquiavel observa então, que Bórgia possuía o atributo dos grandes homens: é um oportunista manhoso e sabe usar a melhor chance para tirar a maior vantagem.
A forma como Bórgia tratou seus comandantes rebeldes e os meses que Maquiavel passou com ele, foram fundamentais na criação de uma ciência política distinta e independente de qualquer consideração moral, era a chamada Realpolitik.
Em 1503 o papa – pai de César Bórgia – morre e é então substituído por um papa inimigo declarado da família. César é então condenado a viver como fugitivo. E Maquiavel sente um pouco de desgosto ao ver seu “ídolo” fugir como um fraco.
A política de Florença ainda continuava conturbada e Maquiavel, por suas ideias, foi ganhando cada vez mais prestígio. Defendeu a criação de uma milícia Florentina, contra o uso de forças mercenárias e de certa forma liderou o cerco à cidade de Pisa.
Em 1507, entra em cena um novo ator na rixa italiana, o Imperador do Sacro-Império Romano Germânico Maximiliano I, aliado de Milão – rival de Florença – preparava um ataque ao norte da Itália. Maquiavel foi enviado como embaixador na corte de Maximiliano, onde ficou por seis meses.
Ao retornar estava pronto para montar sua milícia e assim o fez. Seu ato foi fundamental para a retomada de Pisa em 1509.
Em 1511, Maquiavel foi enviado à França para tentar evitar uma invasão francesa a Milão. Pois, apesar de rivais, uma guerra envolvendo Milão e França, inevitavelmente envolveria também o Sacro Império, os espanhóis, Veneza e Florença. Maquiavel tentou de todas as formas negociar, mas foi inútil. Neste momento ele aprendeu outra lição: quando você tem o poder na luta pelo poder, não há necessidade de negociar.
Os acontecimentos desenrolaram-se rapidamente. O papa se declarou contra Florença e a favor do retorno dos Médici. A Santa Aliança marchou sobre Florença. A milícia local se recusou a enfrentar as poderosas forças espanholas e os cidadãos se ergueram a favor dos Médici. Sorderini fugiu e Juliano de Médici marchou sobre Florença.
Esse foi o fim para Maquiavel. Destituído de seu posto, de sua cidadania e levado à falência, foi banido da cidade e exilado em sua pequena propriedade. Com 43 anos sua vida estava em ruínas.
Mas o pior estava por vir. Em 1513 foi descoberto um complô para assassinar Juliano de Médici. Um dos conspiradores tinha uma lista de 20 nomes que ajudariam caso o assassinato tivesse êxito. Maquiavel estava na lista. Foi então expedido um mandato de prisão contra ele. Ao saber disso Maquiavel se entregou para poder provar sua inocência. Ele é então preso e submetido à quatro sessões de tortura.
Eis uma lição que ele aprendeu na pele e que teve grande efeito sobre ele e sua obra. Sua teoria política deu grande ênfase à tortura. Um príncipe “deve ser sempre temido em função dos castigos que pode infligir”. A dor e o medo de senti-la são o que está por trás do respeito às sanções morais, leis e tratados.
Depois de dois meses na Prisão de Bargello, Maquiavel foi libertado e voltou a viver em sua pequena propriedade.
Ele odiava cada dia da rotina no campo, queria a todo custo voltar à vida política. Tentou de todas as maneiras mostrar os Médici que agirá por Florença e não por esta ou aquela facção política, sem sucesso.
Então, num inspirado ardor Maquiavel concluiu o Príncipe entre a primavera e o outono de 1513. Tudo o que aprendera fundiu-se em uma filosofia prática, simples e profunda.
O amargo desespero o despojou de toda ilusão e ele viu a impiedosa verdade da vida política. O mundo tal qual ele sempre foi.
O Príncipe é dirigido a um príncipe que esteja governando um Estado e o aconselha sobre como manter seu governo da forma mais eficiente possível. Maquiavel viu a política como uma ciência e nessa busca por eficiência despojou-se de toda ética e compaixão.
Aqui o autor faz um parênteses sobre a forma como Maquiavel é lido por executivos, funcionários públicos e políticos nos dias de hoje. Segundo ele, O Príncipe é um conjunto de conselhos ao príncipe sobre como governar o Estado e não um guia de moralidade pessoal. Assim sendo, devemos colocar o livro em seu contexto de produção, a conturbada vida política das cidades-estados Renascentistas.
O livro começa com Maquiavel descrevendo os diferentes tipos de Estado e as diferentes formas de governar sobre eles. Também ensina como conquistar um Estado e manter o domínio sobre ele.
Maquiavel segue distinguindo os tipos de governo. Os centralizados (como por exemplo a Turquia) e os descentralizados (França). O primeiro é difícil de conquistar e fácil de controlar, o segundo é fácil de conquistar e difícil de controlar.
Mais adiante, Maquiavel aconselha a crueldade a todos que de alguma forma tentam tomar o poder criminosamente.
Maquiavel segue recomendando “quando tomar um Estado, o conquistar deve infligir todos os danos de uma vez só, para não ter que infligi-los diariamente. Isso tranquiliza o povo e o faz ganhar apoio ao distribuir favores”.
Na segunda metade do livro Maquiavel descreve as virtudes que o príncipe deve adquirir e os vícios que deve evitar para se manter no poder.
O novo governante deve fazer seu governo parecer firme e estabelecido. “os homens devem ser tratados com generosidade ou destruídos, porque podem se vingar de pequenos danos – os danos pesados eliminam tal inconveniente”.
Isso nos leva à questão: é melhor ser temido ou amado? Segundo Maquiavel, os dois, mas diante da dificuldade de possuir ambos, é melhor ser temido. Maquiavel é pragmático na análise da natureza humana, enquanto não se é despojado de suas propriedades e de sua honra, a maioria das pessoas está satisfeita.
Mais adiante Maquiavel trabalha com o conceito de virtú (virtude) que são as qualidades pessoais do príncipe. Contudo, esse conceito de virtú não tem nada a ver com a ideia cristã do bem, humildade, caridade, etc. A ideia de virtú de Maquiavel se assemelha as ideias clássicas de virtude – justiça, força moderação, prudência, virilidade, potência, poder. Para Maquiavel, quanto mais difícil for manter o poder, mas virtú o príncipe terá que demonstrar.
Sempre que possível, um governante deve tentar manter as coisas intactas durante sua conquista. Mínimo de interferência nas instituições, nos costumes, tradições, línguas, etc. Contudo, quando não for possível é melhor destruir totalmente o Estado que se conquistou. É melhor governar sobre ruínas e uns poucos sobreviventes, do que não governar. Isso ilustra bem a visão de Maquiavel, o bem-estar do Estado é secundário, fundamental mesmo é manter o poder.
Ainda segundo Maquiavel quanto mais territórios conquistados através da destruição, mais o príncipe deve se mostrar virtuoso.
A virtú se relaciona com dois outros conceitos: a fortuna (sorte) e a occasione (oportunidade).
Para Maquiavel, controlamos apenas metade do nosso destino – o resto está na mão da fortuna. E a História é recheada de casos assim. A fortuna apresenta a occasione. Cabe ao príncipe reconhecer a oportunidade oferecida pela sorte e aproveitá-la. O príncipe também deve fazer o máximo para eliminar as oportunidades dos adversários.
Maquiavel ainda afirma que o príncipe deve ter sensibilidade para perceber que em alguns momentoso que lhe parece uma virtude pode levá-lo à ruina e o que parece um vício pode salvar-lhe o poder. Governar não é questão de bondade ou maldade, mas luta contínua entre a virtú forçosa e os caprichos da fortuna.
Isso significa que o príncipe deve estar preparado para mudar de política de acordo com as circunstâncias. Aderir a algum princípio pode levar o príncipe à ruina.
Maquiavel possuí uma visão extremamente pessimista da natureza humana.
Devemos entender que apesar da obra de Maquiavel ser considerada amoral, o próprio Maquiavel se considerava um moralista e sua obra tem o intuito de descrever o mundo como ele via, não como desejava que fosse.
Maquiavel era um patriota que desejava ver a Itália unificada novamente (a última vez foi durante o Império Romano) e escreveu o livro dedicando-o a Julian de Médici, mas antes que ele terminasse o livro Juliano deixou de governar Florença e seu primo Lourenço de Médici assume o poder. Maquiavel, então, reedita o livro e o dedica ao “Il Magnifico Lourenço”.
Mas uma vez terminado o livro, o problema tornou-se como entregá-lo. Maquiavel havia caído em desgraça e tinha muitos inimigos na corte, ou seja, não conseguiria entregá-lo em mãos.
Outro problema é que o próprio livro diz que o príncipe não deve se aconselhar com os outros, devendo-se supor que todas as ideias são dele mesmo. Se tivesse conseguido apresentar o livro àquele a quem foi dedicado, talvez hoje estivéssemos lendo O Príncipe por Lourenço de Médici.
Em 1519 Lourenço morreu e foi sucedido pelo carde Júlio de Médici que deu uma nova chance à Maquiavel. Mesmo decepcionado (queria participar da política), Maquiavel acabou se tornando o historiador oficial de Florença.
Em 1523, Júlio de Médici tornou-se papa e abandonou o governo de Florença. Então as coisas ficaram difíceis. Carlos V rei da Espanha e do Sacro Império Romano, ameaçava toda Itália. Maquiavel foi encarregado da fortificação de Florença, mas foi inútil. Em maio de 1527 o exército de Carlos V saqueou Roma. Simultaneamente os cidadãos de Florença se levantaram contra os Médici, inaugurando uma nova República.
Maquiavel cai em desgraça outra vez. Isso foi demais para ele. O desgosto foi tanto que caiu enfermo e morreu no mês seguinte no dia 21, aos 58 anos de idade.
Posfácio.
Maquiavel foi trapaceiro, astuto, falaz e indigno de confiança – e defendeu esse tipo de comportamento em seu livro. Mas ao fazer isso desnudou a natureza humana. Logo surgiram grupos (e a Igreja) que discordavam dessa visão da natureza humana, ninguém poderia se comportar como o príncipe, aquilo só podia ser obra de um demônio.
Todo esse estardalhaço ocorreu pelo fato de Maquiavel ter sido usado pelos protestantes, durante a Reforma, para denunciar os abusos da Igreja.
Além disso, Maquiavel expôs uma ruptura ainda mais profunda. Desde os primórdios da filosofia, os pensadores assumiram implicitamente que os seres humanos eram essencialmente os mesmo. Que existia uma espécie de coisa chamada natureza humana universal. O que implicava uma força ideal de sociedade na qual todos os seres humanos podiam viver melhor. Platão tentara descrever essa utopia na República. Outros sugeririam forma de melhorar a sociedade humana pelo bem de todos os envolvidos. No iluminismo, os pensadores acreditavam na harmonia final dos valores humanos e buscaram os princípios básicos da natureza humana e uma sociedade na qual esse princípio pudesse ser expresso. Outras tentativas de criar sociedades harmoniosas surgiram depois com o marxismo, o coletivismo e o socialismo. Essa crença de que pudéssemos viver juntos em paz, amor e harmonia persistiu até depois da década de 1960.
Maquiavel já deixava bem claro em sua obra a impossibilidade desses projetos. No Príncipe fica claro a contradição entre governar um Estado e ao mesmo tempo levar uma vida moral. Para governar é necessário ser amoral.
Se moralidade e a ciência política estão separadas, como nos mostrou Maquiavel, simplesmente não temos balizamento para um juízo universal. Isso significa que a Alemanha Hitlerista está em pé de igualdade com o Reino Unido parlamentarista. Tudo isso é deprimente. Mas hoje sabemos que na era pós-freudiana a psicologia humana não é racional e nem coerente, mas por outro lado, todo governo é racional e coerente. A satisfação popular e a experiência pública estão fadadas a entrar em conflito.

Maquiavel foi o primeiro escritor a apontar essa verdade desagradável da condição humana. Com sua teoria política realista colocou a humanidade face a face com sua mais profunda e talvez insolúvel dicotomia. 
Referências;
STRATHERN, Paul. Maquiavel em 90 minutos. Rio de Janeiro. Zahar. 2001.