quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Livro: O Planeta do Macos de Pierre Boulle.

Livro: O Planeta do Macos de Pierre Boulle.
Resumindo.
Ícone da cultura POP e próximo do lançamento do terceiro longa da nova geração[1], Planeta dos Macacos é sem dúvida uma das maiores referências quando o assunto é ficção científica.
Escrito pelo francês Pierra Boulle e publicado originalmente em 1962 o livro conta a saga de Ulisse Merou e a tripulação de uma nave cósmica capaz de viajar acima da velocidade da luz.
O ano é 2500 e a nave parte da Terra tendo como tripulação apenas três indivíduos. Seu criador o professor Antelle, o físico Arthur levarin e o jornalista Ulisse (protagonista do livro). O destino é a região de alfa Órion próximo ao sistema de planetas que circundam a estrela Betelgeuse.
O problema é que este sistema fica a cerca de 300 anos luz do Planeta Terra. Contudo, graças a nave cósmica do professor Antelle a viagem demorará apenas 2 anos (um para acelerar e outro para desacelerar). Levando em consideração a teoria da relatividade de Albert Einstein esta viagem demorará apenas 4 anos (dois para ir dois pra voltar) para quem está viajando na velocidade da luz, pois na terra terão se passado 700 anos.
A viagem transcorre bem e eles desembarcam no planeta Sóror que gira ao redor da estrela Betelgeuse. O planeta se parece muito com a Terra – com exceção do desenho dos continentes – e logo de cara fazem contato com um nativo que pasmem; é um humano. Na verdade, uma humana que eles batizam de Nova.
Qual não é a surpresa quando eles descobrem que todos os seres humanos que vivem neste planeta agem como animais selvagens. Rosnam, andam nus, não falam, etc. E que os únicos animais racionais deste planeta são os macacos! Gorilas, chipanzés e orangotangos dominam este mundo como os homens dominam a Terra.
Ulisse é capturado por gorilas e levado a cidade dos símios juntamente com Nova, Levarin é morto durante esta caçada e o professor desaparece misteriosamente.
O restante do livro se desenrola na tentativa de Ulisse mostrar aos macacos que não é como os outros seres humanos, mas sim um ser racional vindo de outro planeta. Neste meio tempo conhece Zira e seu noivo Cornélius, um casal de chipanzés que o ajudam nessa empreitada.
A história se desenvolve até o momento em que Ulisse, no meio de uma conferência científica, faz um discurso extremamente racional provando a todos que possui um intelecto – que o autor chama de alma – e não é só um imitador como um papagaio ou um cão amestrado.
Ulisse torna-se uma celebridade, é humano livre no Planeta dos Macacos, e descobre que o professor vive como um animal em um zoológico da cidade. Ao tentar manter contato com ele descobre que o professor, antes tão sábio, regrediu intelectualmente até a condição de ser irracional.
Acompanhando as pesquisas arqueológicas, biológicas e psicológicas do chipanzé Cornélius, ocorrem então uma série de descobertas: 1º existia outra civilização extremamente avançada antes da civilização símia há cerca de 10 mil anos, 2º esta civilização era dominada pelos seres humano que agora agem como seres irracionais, 3º os macacos antes utilizados como escravos se rebelaram, 4º os seres humanos fugiram para as florestas, 5º aos poucos regrediram até a condição mental de um animal abrindo espaço para o desenvolvimento intelectual dos macacos e 6º a civilização símia é uma cópia da civilização humana desaparecida.
Zira conta a Ulisse que Nova está grávida dele e que eles correm perigo de vida, pois após os macacos descobrirem a existência de uma antiga era humana, a existência de um homem racional capaz de propagar seus genes colocaria em risco toda a civilização símia.
Ulisse, Nova e seu filho recém nascido Sírius trocam de lugar com a tripulação (humana) de uma nave de testes e fogem do planeta rumo a nave cósmica que estava em órbita. Tudo dá certo e eles partem rumo ao planeta Terra. Chegando exatamente 700 anos após ter partido, qual não é sua surpresa quando ao desembarcar em seu planeta natal ele é recebido por um gorila. Percebendo assim, que ele não está viajando de um planeta para outro, mas de uma era para outra através do tempo.

Análise.
Poucas obras marcaram tanto o imaginário coletivo quanto a ficção cientifica de Pierre Boulle, apesar da maioria nem saber que o livro existe, quem não se lembra da famosa cena do final do filme de 1968 em que Charlton Heston no papel do astronauta George Taylor (Ulisse Merou) se desespera ao ver a estátua da liberdade e descobrir que este planeta de macacos é na verdade a Terra?
Pois bem, as derivações do livro são mais conhecidas do que ele próprio. Com filmes, seriados, desenhos animados, paródias (incluindo uma dos trapalhões), etc. este futuro distópico ainda hoje chama a nossa atenção para questões extremamente relevantes.
O contexto da Guerra Fria foi fundamental para o surgimento desta obra-prima, a iminente destruição do planeta por uma guerra nuclear entre as duas superpotências da época (EUA e URSS), foram matéria-prima de primeira qualidade para uma geração de livros pós-apocalípticos na segunda metade do século XX. Temas como totalitarismo, relação com as minorias e destruição da humanidade são perceptíveis no transcorrer de toda obra.
Mesclando Guerra Fria, Darwinismo e a teoria da relatividade o livro levanta uma pergunta: caso os seres humanos desaparecessem da face da terra, em termos biológicos e evolutivos, qual espécie estaria apta a herdar o domínio do planeta? A teoria da relatividade entre como complemento para explicar as viagens no tempo.
Em termos gerais o livro apresenta leitura agradável e fluida, em alguns momentos você sentirá ódio do protagonista por agir como um imbecil, contudo o livro é de primeira grandeza e fundamental para aficionados por ficção científica.
Curiosidades – O filme possui várias diferenças da obra original:
·        O herói não é um jornalista francês chamado Ulysse Mérou, mas um astronauta americano chamado George Taylor.
·        Os humanos usam roupas feitas de peles de animais, enquanto no livro estão nus.
·        A tecnologia da sociedade símia é bastante primitiva no filme. No livro, os macacos tinham equipamentos como carros, helicópteros, televisões, etc. A decisão de fazer o filme assim foi tomada pela produção para poupar gastos.
·        No filme, os macacos falam inglês, enquanto no livro falam uma língua completamente diferente. Ulysse tem que aprendê-la até poder se comunicar com os macacos, enquanto no filme, Taylor sofre um ferimento na garganta e não pode falar até se curar.
Referências.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Planet_of_the_Apes_(1968)
BOULLE, Pierre. O Planeta dos Macacos. – Rio de Janeiro : PocketOuro, 2008.

[1] Planeta dos Macacos: a Guerra (2017).