sexta-feira, 27 de abril de 2012

Resenha do livro de Cristina S. Pecequilo: Introdução as Relações Internacionais.


Texto voltado a  novos estudantes do curso de Relações Internacionais, introduzindo-o na carreira e nas possibilidades desta maravilhoso curso. 
Cristina Soreanu Pecequilo.
Cristina S. Pecequilo é doutorada em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu em 2000, a tese: A Política Externa dos Estados Unidos: Continuidade ou Mudança? Atualmente trabalha como professora de Relações Internacionais na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), campus de Osasco, além de atuar como Pesquisadora Associada do NERINT/UFRGS e do Grupo de Pesquisa Relações Internacionais do Brasil Contemporâneo da UNB. Colabora com diversas publicações on line e realiza diversas atividades de ensino, pesquisa e consultoria também na área de Relações Internacionais...
Introdução às Relações Internacionais; temas, atores e visões.
Cristina S. Pecequilo neste primeiro capítulo, intitulado As Relações Internacionais: o campo de estudos e de atuação profissional tem como objetivo claro, o de apresentar, em linhas gerais, a profissão Relações Internacionais a um público novo e ainda não familiarizado, seja, com a formação, com o campo de atuação e até mesmo com o que é, para que serve e o que faz um profissional desta área. Para tal fim, a autora estrutura este primeiro capítulo de forma bem didática e dinâmica, a fim de ajudar o ingressante a conhecer melhor a carreira que escolheu.

Surgimento da disciplina Relações Internacionais.
Até meados do século XX, o ato de pensar o internacional era uma tarefa atribuída às diversas Ciências Sociais. A elas cabiam o ato de analisar a sociedade nacional, o Estado e as suas relações com o estrangeiro. Entretanto, após as duas Guerras Mundiais percebeu-se a necessidade de uma disciplina específica para se entender o nacional e sua relação com o internacional, uma vez que ficou claro a todos, que os fatores internacionais são sim importantes, interferem e geram impacto dentro de um país, por mais fechado que ele seja.
O intercambio entre povos diferentes, seja na esfera econômica, politica ou cultural sempre ocorreram através dos tempos e dependendo dos ânimos sempre oscilaram em torno de um eixo de cooperação ou de conflito. O fato novo aqui é a velocidade que estas relações alcançaram após o advento das Revoluções Industriais. O crescente contato entre os povos, decorrente disso, chamaram a atenção para a necessidade de uma disciplina especifica para se analisar o internacional.
 Esta ideia de institucionalizar as relações entre os Estados, seja em qual âmbito for, é relativamente nova e possibilitou compreender, prever e administrar ativamente a forma como essa influência chega a um determinado país. O exponencial crescimento dessas relações, e a sua maior complexidade levaram inevitavelmente ao surgimento de uma disciplina específica para se pensar o internacional. Como cita a própria autora do texto “Pode-se dizer que foi o crescimento e expansão de seu objeto de estudo, o internacional, que gerou a própria necessidade da disciplina Relações Internacional”.
 O objeto, a disciplina e os atores das Relações Internacionais.
Antes de iniciarmos devemos ter em mente a seguinte informação: o que é um objeto de estudos? Basicamente é o alvo da pesquisa, aquele ou aquilo que será estudado. Que no nosso caso é o internacional em suas mais variadas vertentes, ou seja, o estudo dos atores, acontecimentos e fenômenos que existem e interagem no sistema internacional. Fundamentalmente: a guerra, a paz, a diplomacia, as interações econômicas e culturais etc.
O que, ou quem são os atores internacionais? São os participantes de um processo ou um fenômeno, os teóricos concebem o sistema internacional como um cenário (fazendo analogia ao teatro), enquanto os participantes deste são atores. A determinação de qual ator participa do processo varia segundo a abordagem teórica, entretanto há dois tipos de atores: os estatais e os não-estatais.
As Relações Internacionais são definidas como uma disciplina multidisciplinar do campo das Ciências Sociais. Ou seja, uma disciplina formada, constituída e orientada por outras disciplinas, que são basicamente ciências politicas, economia, história e direito. Sendo o profissional desta área formado para compreender a sociedade a partir dos mais diversos pontos de vista.
Essa falta de uma “identidade” própria leva a fatores positivos e negativos: a principal crítica feitas as Relações Internacionais é a sua fragmentação, algo que não deixa de ser interessante, uma vez que ela se propõe a mostrar como as fronteiras não são suficientes para barrar a influência externa, ela mesma não tem fronteiras definidas com outras disciplinas e por estas é diretamente influenciada.

O ponto positivo desta fragmentação parte da ideia do prisma, que possibilita ao profissional desta área analisar um determinado acontecimento dos mais variados ângulos e pontos de vista.
A formação, o mercado de trabalho, o profissional e as possíveis áreas de atuação.
 O curso de Relações Internacionais é algo ainda muito recente no Brasil e em toda América Latina, algo que cerca a carreira de dúvidas. O que não é pra menos, desde seu recente surgimento, baseado em esforços isolados da UNB, até o seu “boom” em meados dos anos 80 e inicio dos 90, o curso sempre esteve à margem do tradicional Itamaraty.
Porém, com o advento da globalização, países emergentes, como o Brasil, viram se pressionados pelo setor externo em plena expansão. Percebeu-se então a necessidade de um profissional capaz de atuar justamente nesta área, o profissional de relações internacionais.
O profissional desta área até o momento não tem uma definição explicita, um nome para sua profissão. Existem várias definições como internacionalista, bacharel em relações internacionais, analista em relações internacionais. E assim como o termo utilizado para se referir ao profissional desta área, o seu campo de trabalho e o que faz também é algo difícil de se definir.
Basicamente, um profissional que decide seguir esta carreira deve ser capaz de compreender o mundo em que está inserido para assim interagir adequadamente conforme a ideologia de onde desempenha suas funções. Podendo então seguir na carreira diplomática nacional, estadual ou municipal, setor educacional, ONG´s, OI´s, etc. Ou seja, as possíveis áreas de atuação são variadas. E no atual contexto internacional, o que não irá faltar são setores para este profissional tão singular.
Fontes.
Sites:
Bibliografia:
PECEQUILO; Cristina Soreanu: Introdução às Relações Internacionais; temas, atores e visões. Ed. Vozes. Petrópolis-RJ, 2004. Pág 13-36.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fichamento: Georges Gusdorf: “Mito e Metafisica”.

Só o fato de existir é algo penoso ao homem e o mito serve como um meio de integrá-lo a natureza que até o momento não lhe pertencia.
I. A consciência mítica como estrutura do ser no mundo
(P.23) O tempo dos mitos, pré-história da filosofia, é o tempo em que o mito reina sem rival. Para o homem do tempo dos mitos, o mito não é apenas um mito, mas a própria verdade. Sua única explicação de mundo...
O mito para o homem moderno é irreal, fantástico, ilógico. Sendo que para o “primitivo” é a verdade absoluta, ele vive o mito.
O mito está ligado ao primeiro conhecimento que o homem adquire de si mesmo e do que o rodeia. Para o primitivo, não há duas visões de mundo, uma “real” e uma “mítica”, mas uma leitura da paisagem.
Desde sempre a consciência humana tenta buscar uma ordem no universo, um significado. O mito serve como estrutura do universo impondo ordem ao cosmos. O mito é a estrutura do conhecimento dos povos antigos, ou seja, a forma como o conhecimento se organiza, se forma, se transmite, etc.
(P.24) O mundo, até então privado de sentido adquire um sentido. A vida primitiva, em sua simplicidade, aparece ao homem civilizado como a amizade do homem com a natureza, onde as técnicas ainda não o transformaram em um novo universo complexo e absurdo.
Só o fato de existir é algo penoso ao homem e o mito serve como um meio de integrá-lo a natureza que até o momento não lhe pertencia.
(P.25) Durante as páginas 25, 26 e 27, Gusdorf analisa as diferentes formas que os teóricos pensam o mito.
(P.28) A própria palavra mythos, que vem do grego e quer dizer palavra, já mostra como o intelectualismo grego já havia reduzido à mentalidade primitiva. Recolocado em seu contexto vivido, o mito se afirma como a doutrina do ser no mundo. Nem a teoria, nem a doutrina, mas inserção do homem no mundo.
Mito X Ciência.
O mito confere sentido à vida (existência) e ao mundo. Ela é uma estrutura do conhecimento primitivo, porém é assistemático. O mito é concreto, conhecimento “engajado”. A ciência é sistemática, abstrata, baseada em teorias, hipóteses, métodos que devem ser provadas. Conhecimento imparcial. Conhecimento racional. A ciência é conhecimento puro. O mito é concreto e a ciência é abstrata.
O mito não é uma ciência em estado imaturo! O grande erro é considera-la um sistema, como um conjunto ordenado, construído seguindo um plano pré-concebido. Na verdade ele é um agregado de mitos que muitas vezes se contrapõe.
Bibliografia:
GUSDORF; Georges: Mito e Metafísica. Introdução a filosofia. Ed Centaruro SP. 1980. Pág 23-28.