Defesa de Sócrates, transcrita por Platão. |
Resenha do livro Apologia de Sócrates.
Biografia.
Nasceu
em Atenas por volta do ano 428/427 a.C e morreu em 348/347 a.C. Filho de uma
família abastada, Platão é sem sombra de dúvida, um dos filósofos mais
influentes de todos os tempo. Aos vinte anos tornou-se discípulo de Sócrates em
uma relação que durou cerca de oito anos, quando seu mestre morreu (Sócrates
era mais velho que Platão cerca de 40 anos) Platão iniciou um período de
viagens para se instruir (390-388 a.C). Passou pelo Egito, Itália Meridional, e
Sicília onde caiu em desgraça sendo vendido como escravo. Liberto, graças a um
amigo voltou a Atenas. Em Atenas (387 a.C), fundou sua célebre escola
(Academia).
Platão,
ao contrário do Sócrates, interessava-se vivamente por política e filosofia
política. Entretanto, após diversos acontecimentos, decidiu dedicar-se
inteiramente às especulações metafísicas, ao ensino filosófico e á redação de
suas obras.
A
forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o
ensinamento oral fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de
Aristóteles. Platão escreveu por mais de cinquenta anos, sendo possível
perceber uma evolução do pensamento platônico, do socratismo ao aristotelismo.
Basicamente,
suas ideias baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis
(mundo das ideias e a inteligência) a as coisas visíveis (seres vivos e a
matéria).
A Apologia de Sócrates.
A
apologia ou a defesa de Sócrates é basicamente a transcrição, feita por Platão,
do discurso proferido pelo mesmo em seu julgamento, onde era acusado de
corromper a juventude ateniense e não aceitar os deuses do Estado introduzindo
novos cultos. Ao final deste julgamento, Sócrates foi considerado culpado e
condenado à morte pela ingestão de cicuta[1].
Escrito
em forma de discurso, este pequeno texto é dividido em quatro partes: Eutífrone,
onde o filósofo toma conhecimento das acusações feitas por Anito, Meleto e
Licon. Apologia, onde descreve o processo. Críton, com a visita de se amigo ao
cárcere. E Fédon, com os seus últimos instantes de vida e o discurso sobre a
imortalidade da alma.
Pelo
fato de não existir nenhuma obra escrita pelo próprio Sócrates, e por somente
termos acesso ao seu conhecimento através do escrito de terceiros, uma questão
se apresenta: essa defesa proferida por Sócrates e transcrita por Platão é
realmente fiel ou reflete o sentimento de injustiça de Platão frente ao
julgamento de seu mestre? Esta é uma questão de difícil solução.
A Defesa.
Após
a leitura das acusações e dos discursos de Meleto, Anito e Lícon, Sócrates
inicia sua defesa. Ele astutamente concentra sua argumentação na refutação das
acusações de seus adversários, que por vezes caem em contradição, esvaziando
assim as acusações e invalidando suas teses.
Apresenta-se
como um humilde pensador, negando sua ingrata fama de “adorador de nuvens” e de
cobrar pelos seus ensinamentos. Continua, dizendo que apesar de tudo ele é
realmente muito sábio, pois possui a sabedoria de saber que de fato não sabe
nada (Só sei que nada sei).
Porém,
quando lhe foi revelado pelo oráculo de que ele era o homem mais sábio, saiu a
procura do sentido da sabedoria. O que é ser sábio? E então procurou por
pessoas que se julgavam sábias, após interrogar diversas pessoas chegou à
conclusão de que estas pessoas não eram sábias, pois “tinham a presunção de
saber, não sabendo nada”, enquanto Sócrates tinham total conhecimento de sua
ignorância.
Defende
que, apenas o que fazia era filosofar e que não prejudicou ninguém com seus
ensinamentos. Utilizando-se de argumentos, recheados de ironia, deixava
perplexos seus acusadores que ficavam sem palavras.
Segundo
ele, os únicos que haviam cometido algum tipo de crime eram seus acusadores e
os juízes que haviam julgaram procedente a ação para condena-lo a morte.
Contudo,
a magnifica defesa realizada por Sócrates não o poupou de ser considerado culpado
e após a leitura da sentença ser condenado a morte.
Entretanto,
diante da inevitável morte, Sócrates, permaneceu sereno e fiel a suas
convicções. E em suas últimas palavras diante do júri começa a divagar sobre a
morte. Se ela for um sono eterno, um estado de inconsciência ela deve ser
agradável, mas se for uma espécie de viagem extraordinária rumo ao encontro de
outros mortos, com certeza é melhor que a vida terrena.
Sites:
Bibliografia:
PLATÃO:
“Apologia de Sócrates, o Banquete e Fedro”. 1° ed. São Paulo: Folha de São
Paulo, 2010 coleção livros que
mudaram o mundo. Vol 05. Páginas 09-29.
Filmes: