(P.82) Cap. IV: A Distorção dos Sonhos.
A
afirmação de que todos os sonhos são
realização de desejos e que não pode haver nenhum sonho senão os sonhos
desejantes encontra as mais variadas refutações.
(P.83) Um exemplo são os sonhos
desagradáveis que constituem a maioria absoluta dos sonhos. Como pode um
pesadelo ser a realização de um desejo?
Freud
explica que é necessário observar que sua teoria não se baseia numa
consideração do conteúdo manifesto dos sonhos, mas aos pensamentos que o
trabalho de interpretação mostra estarem por trás dos sonhos. Devemos,
portanto, estabelecer um contraste entre os conteúdos manifestos e latentes dos
sonhos. Não há dúvida de que existem sonhos cujo conteúdo manifesto seja de
natureza aflitiva. Mas é necessário analisar esse sonho e revelar os
pensamentos latentes por trás dele.
(P.84) Mas se os sonhos
são a realização de desejos, por que ele não expressa direta e objetivamente o
que quer dizer? Freud chama isso de “fenômenos da distorção dos sonhos”.
Surge
assim um novo problema, qual a origem desta distorção onírica?
(P.87) Isso ocorre de
um conflito entre o pensamento consciente e o inconsciente sobre determinado
assunto[1]. O
consciente censura uma ideia, o pensamento onírico então é levado a disfarçar
esse pensamento, distorcendo-o.
(P.88) Censura e
distorção onírica são muito similares. Freud usa como exemplo um jornalista que
não podendo criticar o político local, atribui todos os defeitos deste, a
imperadores chineses.
Os
sonhos recebem sua forma em cada ser humano mediante a ação de forças psíquicas
e que uma dessas forças constrói o desejo que é expresso pelo sonho, enquanto a
outra exerce uma censura sobre esse desejo onírico e, pelo emprego dessa
censura, acarreta forçosamente uma distorção na expressão do desejo.
Freud
chama o desejo de primeira instância e a censura que distorce esse desejo de
segunda instância. A primeira instância é criativa e a segunda defensiva.
(P.96) devemos entender
que os sonhos são distorcidos, e que a realização de desejos neles contida é
disfarçada a ponto de se tornar irreconhecível, justamente pela repugnância que
o próprio sonhador tem desse desejo, muitas vezes inconfessável.
(P.97) Vimos então que
a distorção dos sonhos é um ato de censura. Autocensura.
Referências:
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. 1. Ed. São Paulo. Folha de S. Paulo, 2010. P.82-97.
[1]
Freud não usa as palavras consciente
e inconsciente neste trecho. Foi uma
adaptação livre de minha parte, já que dava a entender.