Para o médico norte-americano Frank Lynn Meshberger, a obra é, na verdade, uma perfeita descrição anatômica do cérebro humano. |
William Cirilo Teixeira Rodrigues
A pintura na página ao lado é uma das obras de arte mais famosas da Renascença, talvez a segunda mais conhecida depois da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Figura é um afresco, isto é, pintura feita sobre argamassa ainda úmida, que está no teto da Capela Sistina, em Roma. Chama-se a criação de Adão e foi produzida em 1511, por Michelângelo Buonarroti (1475-1564). Além de famosa, é uma das imagens mais influentes da história. (...)
A versão oficial diz que a pintura é a imagem de Deus concedendo vida a Adão. Observando atentamente, a obra de Michelângelo suscita duas questões. A primeira é que Adão aparentemente já está vivo. A segunda é: por que o manto atrás de Deus não aparece simplesmente um pano esvoaçante?
O médico norte-americano Frank Lynn Meshberger lançou a teoria em 1990 para responder à questão do manto: segundo ele, trata-se de uma perfeita descrição anatômica de um cérebro humano. Como Leonardo da Vinci, Michelângelo se dedicava à ciência da anatomia, isto é, dissecar cadáveres para descobrir como são os humanos por dentro. Da Vinci era também um cientista; Michelângelo não. Seu objetivo era entender a estrutura dos músculos sob a pele e, assim desenhar quadros mais realistas. Era um trabalho quase clandestino. Apesar de a Igreja Católica não ter proibido a dissecação, nem sempre os candidatos a anatomistas conseguiam corpos de indigentes ou condenados a morte. Com isso, muitas vezes, tinham de recorrer a ladrões de cemitério, um crime passível de pena de morte.
A teoria do médico norte-americano, portanto, é que Michelângelo, que trabalhava para a Igreja Católica mas se desentendia com freqüência com bispos e cardeais, estava na verdade, falando da passagem da inteligência, e não de vida, ao ser humano –e, de quebra, fazendo graça com seu trabalho pecaminoso de anatomista.
Michelângelo, com sua pintura, confirmaria o conhecimento da época a respeito do cérebro. O órgão já era considerado o centro da inteligência desde a Grécia antiga, com Hipócrates (460-370 a.C), mas os antigos egípcios, há cerca de 5.000 anos, achavam que o coração era onde residia a mente humana. As múmias tinham o cérebro, considerado um órgão inútil, removido através do nariz, e ainda hoje falamos em “coisas do coração” quando nos referimos a sentimentos.
Matéria retirada da revista curso preparatório Enem 2011 ed abril.
Nenhum comentário:
Postar um comentário