domingo, 6 de agosto de 2017

Resumo: Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro de Edgar Morin

Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro de Edgar Morin
Livro destinado a sistematizar um conjunto de reflexões para a educação do novo milênio.
Os sete saberes são:
01: Um conhecimento capaz de criticar o próprio conhecimento.
 As cegueiras do conhecimento são o erro e a ilusão.
É impressionante como a educação que se põe como transmissora do conhecimento, seja cega quanto ao conhecimento humano que é passível de erro e ilusão.
Nenhum conhecimento pode ser utilizado sem ser examinado em suas minúcias. Devemos questionar todo o conhecimento que nos chega, pois todos são passíveis de erro e ilusão.
A ciência sempre buscou afastar o erro de suas ações. Mas Morin vê no erro uma possibilidade de avanço.
02: Os princípios do conhecimento pertinente.
Discernir as informações chave, tendo claros os princípios do conhecimento pertinente.
O conhecimento pertinente vai na contramão da ideia de que quanto mais fragmentado o conhecimento das disciplinas melhor. O conhecimento pertinente entende que não devemos eliminar a ideia de disciplina, mas rearticular a ideia de disciplina em outros contextos (interdisciplinaridade).
Devemos formar o polivalente e não o especialista.
A fragmentação impede um olhar sobre o todo (sobre a totalidade) e deve ser substituído por um conhecimento que entenda o conjunto.
03: Ensinar a condição humana (reaprender a condição humana).
Aprendemos que somos somente criaturas culturais, Morin nega isso. Nós somos à um só tempo seres físicos, biológicos, psíquicos, culturais, sociais, históricos, etc.
Somos homo sapiens demens.
Ou seja, o ser humano só pode ser entendido em sua integralidade, sendo impossível entende-lo desintegrado. Por isso a educação em disciplinas é falha.
O ser humano é complexo. Mas complexo do que analisamos. O ser humano possuí multidimensionalidade; pois, ele é político, moral, biológico, físico, cultural, etc.
Enraizamento: o ser humano físico, proveniente do cosmos físico. Somos seres planetários. Somos biologicamente iguais.
Desenraizamento: cultura. O homem transcende suas limitações naturais e físicas. Ex: os peixes nadam melhor que o ser humano, animais são mais fortes que o ser humano, etc. Mas o homem a partir da cultura consegue se desenraizar dessas limitações e criar mecanismos que o levam a superar suas dificuldades (tecnologias). Ou seja, o ser humano não precisa se adaptar ao meio, ele adapta o meio as suas necessidades.
Unidualidade: diz que o ser humano é ao mesmo tempo biológico e histórico (cultural).
Disciplinas escolares: ele critica a fragmentação das disciplinas. Ele propõe a interdisciplinaridade para compreendermos o ser humano em toda sua complexidade.
04: reconhecer (ensinar a identidade terrena).
Devemos ver o mundo, o planeta, a Terra como nossa “pátria”!
A Terra é um pequeno planeta que deve ser sustentado a qualquer custo. Nosso planeta deve ser sustentável. É impossível usufruir infinitamente em um planeta finito.
Nossa pátria é a Terra e devemos protege-la (sentido ambientalista).
A história da era planetária começou com as navegações portuguesas e castelhanas que uniram o mundo pela primeira vez.
Pensamento policêntrico: devemos entender o planeta como um  todo.
05: Enfrentar as incertezas.
O século XX derrubou a previsibilidade do futuro. Caíram impérios que pensavam perpetuar-se. A educação deve ir já unida à incerteza e as reações e ações imprevisíveis. Temos que ensinar aos estudantes as estratégias que o levem a pensar o imprevisto, pensar a incerteza, intervir no futuro através do presente, com as informações obtidas no tempo e a tempo. É preciso aprender a navegar um oceano de incertezas.
A ciência cartesiana construiu a ideia de que tudo o que é científico está no campo da certeza. Concepção que o século XX veio destruir. A ciência nunca é a portadora absoluta da certeza, mas a portadora da incerteza. É a incerteza que comanda o avanço do saber.
Não existem certezas absolutas.
06: Ensinar a compreensão.
Devemos compreender os outros. Devemos respeitar as ideias, costumes, culturas e modelos de vida diferentes das nossas, desde que elas não atentem contra a dignidade humana.
Não rotular, não ser egoísta, nem etnocêntrico.
“Devemos compreender que a compreensão é o meio e o fim da comunicação humana”.
Infelizmente hoje reina a incompreensão.
07: A Ética do Gênero Humano.
A educação deve pregar a antropo-ética que se baseia em três elementos: o indivíduo, a sociedade e a espécie.
Indivíduo + Sociedade = Democracia.
Indivíduo + Espécie = Cidadania Terrestre.
Segundo Morin, a ética não pode ser ensinada por meio de lições de moral, mas sim pela formação da consciência de que o ser humano é ao mesmo tempo indivíduo, parte da sociedade e parte da espécie. Carregamos em nós essa tripla realidade.
Partindo disso, a educação do Novo Milênio deve trabalhar com duas grandes finalidades ético-políticas: estabelecer uma relação de controle mútuo entre os indivíduos e a sociedade pela democracia e conceber a Humanidade como uma comunidade planetária.
Fonte.

MORIN, Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro.UNESCO/Cortez Editora, 2000.

Resumo: A Escola e o Conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos de Mário Sérgio Cortella.


Visão Geral.
Objetivos do livro:
1.      Demonstrar que o conhecimento é uma construção cultural e não uma descoberta.
2.      Apresentar que a escola é um ser político ao mesmo tempo conservador e inovador.
3.      Enfatizar o sentido social do trabalho.
4.      Entender o conhecimento como uma ferramenta de liberdade e poder.
Introdução.
Desde os primórdios da educação brasileira, dizemos que “a educação está em crise”. Isso porque nossa educação nunca atingiu patamares mínimos de uma justiça social.
Os últimos trinta anos foram de intensa urbanização no país, o quer aumentou a pressão sobre os serviços públicos. Lembrando que estes serviços foram negligenciados pelo Regime Militar que investiu massivamente em infraestrutura e industrialização.
A nova escola que surgiu após a ditadura buscou ser democrática tanto no acesso quanto na permanência. Assim, o novo professor deve possuir: 1º sólida base científicas, 2º formação crítica de cidadania e 3º solidariedade de classe social.
Cap. 01: Humanidade, Cultura e Conhecimento.
O que significa ser humano? Muitos pensadores buscaram identificar o ser humano, definindo o que seria a essencialidade da natureza humana.
Durante a Idade Média a natureza, o cosmos, a essência humana era algo estável e inquestionável. A modernidade tirou o homem do centro do universo, da criação e do controle de seu próprio cérebro.
Nossas origens: o homem evoluiu de modo singular. Todos os animais são adaptados ao meio, já o homem é um ser frágil (não voa, não corre nem nada bem, não é forte...), ou seja, se dependêssemos apenas de nossos corpos seriamos extintos. Diferentes de outros animais que se adaptam ao mundo, os seres humanos adaptam o mundo à suas necessidades através do trabalho.
Cultura: para modificar e transformar o meio, o homem faz uso do trabalho e o trabalho gera um fruto que chamamos de cultura.
O homem não nasce humano, mas torna-se humano e esse processo de humanização ocorre no contato do ser com a cultura. A cultura não é transmitida geneticamente, nascemos uma folha em branco e moldamos e somos moldados pela cultura conforme nos desenvolvemos.
O processo de humanização também se dá pelo conhecimento e a educação que o transporta.
Conhecimentos e valores: Fronteiras da não-neutralidade. Toda criatura quer sobreviver, mas para ser humano não basta apenas existir, ele quer que a vida valha a pena. Assim, surgem os valores que são metas que devemos atingir para termos uma vida plena.
Contudo os valores não são eternos variando de acordo com o lugar ou a época, estando sempre em constante transformação.
Em geral estes valores são criados pela elite dominante da época, que divulgam seus valores como verdadeiros e universais, pois assim eles são mais facilmente aceitos pela massa inculta.
Conservação e inovação. A educação deve observar estes valores e se perguntar “o que deve ser conservado e o que deve ser inovado (transformado)? ” Por isso os processos pedagógicos não são neutros, pois fazem juízos de valor entre os valores que devem continuar existindo e os que devem ser combatidos.

Cap. 02. Conhecimento e verdade: a matriz da noção de descoberta.
O que é o conhecimento? O que é verdade?
Em busca do conhecimento, Cortella faz uma viagem rumo ao berço do pensamento ocidental (Grécia). Ele demonstra como a concepção de verdade transformou-se através dos tempos desde o mito, a filosofia, passando pelos pré-socráticos, sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Descartes, Espinoza, Leibniz, Bacon, Locke, Hume, Kant, Hegel e Husserl. Cada um desses pensadores tentou a sua maneira explica o que é a verdade. Cortella chega a conclusão de que a verdade não é uma descoberta, mas uma construção cultural que visa orientar os sentidos das ações humanas e o sentido de sua própria existência.
Ou seja, a verdade não é algo pronto esperando apenas que alguém (o descobridor) à encontre, mas algo construído por mentes humanas, algo muito parecido com a ideologia.

Cap. 03. A escola e a construção do conhecimento.
Em geral entendemos o conhecimento como algo pronto, acabado e sem conexões com seu momento de produção histórica.
Relativizar: é o ato de entender que não há uma verdade absoluta e que o conhecimento humano é construído tendo relação direta com seu momento histórico de produção (a verdade é fruto de uma época).
Intencionalidade: todo saber surge de uma intencionalidade. Alguém teve a intenção de buscar a “verdade” sobre um determinado tema. O pesquisador ao iniciar uma pesquisa tem uma intenção inicial.
Erro: nesse processo de busca pelo conhecimento o erro é algo comum e compreensível, pois só não erra quem não tenta. Devemos entender que o erro é apenas um tropeço no caminho do conhecimento.
Pré-ocupação: não há conhecimento sem pré-ocupação. Durante a história milhares de pessoas presenciaram maçãs caindo de macieiras, mas apenas Newton a relacionou com a gravidade, pois ele estava pré-ocupado com as leis de física há mais de vinte anos.
Ritualismo, encantamentos e princípios.
O distanciamento entre os conteúdos escolares e o universo do aluno cria apatia. Segundo Cortella, os alunos gostam da escola, não gostam é de nossas aulas.
A sala de aula muitas vezes se assemelha a um lugar de culto religioso, pois necessita de silêncio, hierarquia, passividade, etc. o lúdico e o amoroso são postos de lado. Segundo o autor a sala de aula deve ser o espaço de contestação, diálogo, confrontos, etc.

Cap. 04. Conhecimento escolar: epistemologia e política.
Relação sociedade/Escola: a finalidade da escola e do trabalho pedagógico para a sociedade já passou por diversas fases:
1.      Otimismo ingênuo: a escola como o local de salvação da sociedade.
2.      Pessimista: vê a escola como um local de reprodução das desigualdades, sendo a educação um simples aparelho ideológico da elite.
3.      Otimismo crítico: aponta a natureza contraditória das instituições sociais (escola), possuindo ao mesmo tempo a função conservadora e inovadora. A escola reproduz as injustiças ao mesmo tempo em que é um instrumento de mudança.
A construção da inovação: inquietações contra o pedagocídio.
Para fazer pedagogia não basta apenas gostar de crianças, pois fica a pergunta “de qual criança você gosta?” Da limpinha, bem alimentada ou daquela que não possuí nem material escolar? Pois, há uma grande influência das condições de vida do aluno em seu desempenho escolar.
Cortella entende o fracasso escolar brasileiro não como uma tragédia, mas como um projeto bem orquestrado por uma elite gananciosa, grupos políticos imorais e uma classe média anestesiada. O autor chama esse projeto de pedagocídio.
O pedagocídio possuí causas extra e intra escolares. Nas causas extraescolares o professor não tem muito o que fazer, mas nas causas intraescolares é seu dever atuar para transformá-la.
Assim o professor possuí uma dupla função: uma epistemológica e outra política como o próprio título do livro sugere.
·        Função epistemológica: o professor deve possuir os conhecimentos técnicos necessários para o bom desempenho de sua função docente.
·        Função política: o professor deve ser crítico e se indignar com a realidade que o cerca, buscando transformar a sociedade. Decidindo entre conservação e inovação, ou seja o que merece ser mantido e o que deve ser transformado.

Fonte.

CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 14. ed., São Paulo, Cortez, 2011.