1.
Concepção de educação e escola:
I.
Concepção Tradicionalista da Educação
l. ORIGEM HISTORICA -
Desde o poder aristocrático antigo e feudal. Buscou inspiração nas tradições
pedagógicas antigas e cristãs. Predominou até fins do século XIX. Foi elitista,
pois apenas o clero e a nobreza tinham acesso aos estudos.
2. CONCEITO DE HOMEM -
O homem é um ser originalmente corrompido (pecado original). O homem deve
submeter-se aos valores e aos dogmas universais e eternos. As regras de vida
para o homem já forma estabelecidas definitivamente (num mundo
"superior", externo ao homem).
3. IDEAL DE HOMEM - É o
homem sábio (= instruído, que detém o saber, o conhecimento geral, apresenta
correção no falar e escrever, e fluência na oratória) e o homem virtuoso (=
disciplinado). A Educação Tradicionalista supervaloriza a formação intelectual,
a organização lógica do pensamento e a formação moral.
4. EDUCAÇÃO - Tem como
função: corrigir a natureza corrompida do homem, exigindo dele o esforço,
disciplina rigorosa, através de vigilância constante. A Educação deve ligar o
homem ao "mundo superior” que é o seu destino final, e destruir o que
prende o homem à sua existência terrestre.
5. DISCIPLINA -
Significa domínio de si mesmo, controle emocional e corporal. Predominam os
incentivos extrínsecos: prêmios e castigos. A Escola é um meio fechado que prepara
o educando.
6. EDUCADOR - É aquele
que já se disciplinou, conseguiu corrigir sua natureza corrompida e já detém o
saber. Tem seu saber reconhecido e sua autoridade garantida. Ele é o centro da
decisão do processo educativo.
7. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL.
- A disposição na sala de aula, um atrás do outro, reduz ao mínimo as
possibilidades de comunicação direta entre as pessoas. É cada um só com o
mestre. A relação professor-aluno é de obediência ao mestre. Incentiva a
competição. É preciso ser o melhor. O outro é um concorrente.
8. O CONTEUDO - Ênfase
no passado, ao já feito, aos conteúdos prontos, ao saber já instituído. O
futuro é reprodução do passado. O saber é enciclopédico e é preciso conhecer e
praticar as leis morais.
9. PROCEDIMENTOS
PEDAGOGICOS - O conteúdo é apresentado de forma acabada, há ênfase na
quantidade de informação dada e memorizada. O aluno ouve informações gerais nas
situações particulares.
II.
Concepção liberalista da educação
1. ORIGEM HISTÓRICA - A
concepção liberalista da Educação foi se constituindo ao longo da História em
reação à concepção Tradicionalista, seus primeiros indícios podem se reportar
ao Renascimento (séc. XV - XVI); prosseguindo com a instalação do poder burguês
liberalista (séc. XVIII) e culminando com a emergência da chamada Escola Nova (início
do séc. XX) e com a divulgação dos pressupostos da Psicologia Humanista (1950).
2. PRESSUPOSTO BÁSICO da
concepção liberalista da Educação. Referências para vida do homem não podem ser
os valores pré-dados por fontes supra-humanas, exteriores ao homem. A Educação
(como toda a vida social) deve se basear nos próprios homens, como eles são
concretamente. O homem pode buscar em si próprio o sentido da sua vida e as
normas para a sua vida.
3. CONCEPÇÃO DE HOMEM -
O homem é naturalmente bom, mas ele pode ser corrompido na vida social. O homem
é um ser livre, capaz de decidir, escolher com responsabilidade e buscar seu
crescimento pessoal.
4. CONCEITO DE INFÂNCIA
- A criança é inocente. A criança está mais perto da verdadeira humanidade. É
preciso protegê-la, isolá-la, do contato com a sociedade adulta e não ter
pressa de transformar a criança em adulto. O importante não é preparar para a
vida futura apenas, mas vivenciar intensamente a infância.
5. IDEAL DE HOMEM . É a
pessoa livre, espontânea, de iniciativa, criativa, autodeterminada e
responsável. Enfim, auto realizada.
6. A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO
- A função da Educação é possibilitar condições para a atualização e uso pleno
das potencialidades pessoais em direção ao autoconhecimento e auto realização
pessoal. A Educação não deve destruir o homem concreto e sim apoiar-se neste
ser concreto. Não deve ir contra o homem para formar o homem. A Educação deve
realizar-se a partir da própria vida e experiência do educando, apoiar-se nas
necessidades e interesses naturais, expectativas do educando, e contribuir para
seu desenvolvimento pessoal. Os três princípios básicos da Educação
liberalista: liberdade, subjetividade, atividade.
7. EDUCADOR - Deve
abster-se de intervir no processo do desenvolvimento do educando. Deve ser
elemento facilitador desse
desenvolvimento. Essa concepção enfatiza as atividades do mestre:
compreensão , empatia (perceber o ponto de referência interno do outro), carinho,
atenção, aceitação, permissividade, autenticidade, confiança no ser humano.
8. DISCIPLINA - As
regras disciplinares são discutidas por todos os educandos e assumidas por eles
com liberdade e responsabilidade. Essas regras são o limite real para o clima
de permissividade. O trabalho ativo e interessado substitui a disciplina
rígida.
9. RELACIONAMENTO
INTER-PESSOAL - A relação privilegiada é do grupo de educandos que cooperam,
decidem, se expressam. Enfatiza as relações interpessoais, busca dar espaço
para as emoções, sentimentos, afetos, fatos imprevistos emergentes no
aqui-agora do encontro grupal. Permite o pensamento divergente, a pluralidade
de opções, respostas mais personalizada. É centrada no estudante.
10. ESCOLA - É um meio
fechado, se possível especialmente distanciado da vida social para proteger o
educando. A escola torna-se uma mini sociedade ideal onde o educando pode agir com liberdade, espontaneidade,
alegria.
11. CONTEUDO - As
crianças podem ordenar o conhecimento conforme os seus interesses. Evita-se
mostrar o mundo "mau" aos educandos. O mundo é apresentado de modo
idealizado, bonito, "colorido".
12. PROCEDIMENTO
PEDAGOGICO - Enfatiza a técnica de descoberta, o método indutivo (do particular
ao geral). Defende técnicas globalizantes que garantam o sentido, a
compreensão, a inter-relação e sequenciação do conteúdo. Utiliza técnicas
variadas: música, dança, expressão corporal, dramatização, pesquisa, solução de
problemas, discussões grupais, dinâmica
grupais, trabalho prático. Muito som, luz, cor e movimento, supõe a
aprendizagem como processo intrínseco que requer elaboração interna do
aprendiz. Aprender a aprender é mais fundamental do que acumular grandes
quantidades de conteúdos, permite a variedade e manipulação efetiva de
materiais didáticos pelos educandos. Ênfase no jogo, descontração, prazer.
Enfatiza avaliação qualitativa, a auto avaliação, a discussão de critérios e
avaliação com os educandos.
13. RELAÇÃO
EDUCACÃO-SOCIEDADE - A concepção liberalista de Educação é coerente com o
moderno capitalismo que propõe a livre iniciativa individual, adaptação dos
trabalhadores a situações mutáveis, concepção de Educação é conivente com o
sistema capitalista de sociedade porque:
a) Contribui com a
manutenção da estrutura de classes sociais , quando realiza a elitização do
saber, de dois modos: a) organizando o ensino de modo a desfavorecer o
prosseguimento da escolarização dos mais pobres: o mundo da escola é o mundo burguês
no visual, na linguagem, nos meios, nos fins. A escola vai selecionando os mais
"capazes". Os outros vão sutilmente se mantendo nas baixas camadas de
escolaridade. A pirâmide escolar também contribui, portanto, com a reprodução contínua
da pirâmide social.
b) Inculca a concepção
burguesa de mundo, de modo predominante, divulgando sua ideologia através do
discurso explícito e implícito (na fala das autoridades, nos textos de leitura,
nas atitudes manifestas). Veicula conteúdos idealizadores da realidade, omitindo
questionamentos críticos desveladores do social real.
c) Seu projeto de
mudança social é reformista e acredita na mudança social sem conflito, não levando
em consideração as contradições reais geradas pelo poder burguês. Quando fala
em mudança social, acredita que esta se processa das partes para o todo: mudam
as pessoas - as instituições - a sociedade.
14. CONTRADIÇÃO BÁSICA -
da concepção liberalista de Educação: Ao contestar o autoritarismo, a opressão
e ressaltar a livre expressão e os direitos do ser humano, a Educação
Liberalista abre espaço para que seja possível inclusive a ultrapassagem de si
própria em sua nova pedagogia que rejeita os seus pressupostos ideológicos e
construa outros pressupostos com nova concepção de mundo, de sociedade, de
homem. O liberalismo pedagógico torna possível esta ultrapassagem, mas não a
realiza.
III
– Concepção Técnico-Burocrática da Educação.
1. ORIGEM HISTORICA -
Esta concepção é também conhecida como concepção TECNICISTA. . Penetrou nos meios educacionais a
partir dos meados do séc. XX (1950) com o avanço dos modelos de organização EMPRESARIAL.
Representa a introdução do modelo capitalista empresarial na escola.
2. CONCEPÇÃO DE HOMEM -
É um ser condicionado pelo meio físico-social.
3. IDEAL DE HOMEM - É o
homem produtivo e adaptado à sociedade.
4. FUNÇÃO DA EDUCACÃO -
É modeladora, modificadora do comportamento humano previsto. Educação é
adaptação do indivíduo à sociedade.
5. ESCOLA - Deve ser
uma comunidade harmoniosa. Todo problema deve ser resolvido
administrativamente. O administrativo e o pedagógico são departamentos
separados.
6. EDUCADOR - É um
especialista, já possui o saber. Quem possui saber são os cientistas, os
especialistas. Esses produzem a cultura. Esses é que deverão comandar os demais
homens. Eles produziram a teoria e é esta que vai dirigir a prática. Os
especialistas é que devem planejar, decidir e levar os demais a cumprirem as
ordens, e executar o fazer pedagógico. A equipe de comando técnico deve
fiscalizar o cumprimento das ordens.
7. RELAÇÃO
INTER-PESSOAL - Valoriza a hierarquia, ordem, a impessoalidade, as normas fixas
e precisas, o pensamento convergente, a uniformidade, a harmonia.
8. CONTEUDO -
Supervaloriza o conhecimento técnico-profissional, enfatiza o saber pronto provindo das fontes culturais
estrangeiros, super desenvolvidas.
9. PROCEDIMENTO
PEDAGOGICO - Enfatiza a técnica, o saber-fazer sem discutir a questão dos
valores envolvidos. Privilegia o saber técnico, os métodos individualizantes na
obtenção do conhecimento. Enfatiza a objetividade, mensuração rigorosa dos
resultados, a eficiência dos meios para
alcançar o resultado final previsto. Tudo é previsto, organizado, controlado
pela equipe de comando.
10. DISCIPLINA - A
indisciplina deve ser corrigida utilizando reforçamentos de preferência
positivos (recompensas, prêmios, promoções profissionais).
11. RELAÇÃO
EDUCAÇÃO-SOCIEDADE - Nesta concepção de Educação predomina a função reprodutiva
do modelo social. As relações capitalistas se manifestam no trabalho pedagógico
de modos diversos e complementares: a) pela expropriação do saber do professor
pelos "planejadores" ou pelos programas e máquinas importadas. b) pela crescente proletarização do
professor arrocho salarial para manutenção dos lucros. c) pela contenção de despesas e de
investimento na qualidade de ensino e na formação do educador, buscando mínimos
gastos e máximos lucros para os proprietários da instituição. d) pela preocupação exclusiva com a formação técnico-profissional
necessária à preparação da mão-de-obra coerente com as exigências do mercado de
trabalho. e) pelo uso da tecnologia à
serviço do capital : redução da mão-de-obra remunerada.
12. CONTRADIÇÃO BÁSICA.
Há bases materiais, concretas que sustentam a concepção tecnoburocrática de
Educação. Mas a própria dominação gera o seu contrário: a resistência, a luta.
A proletarização do professor tem sido a base material que tem levado a
categoria dos docentes a sair de seus movimentos reivindicatórios
corporativistas para unir suas forças à dos proletários. A luta do educador é
mais ampla: do nível da luta interna na instituição escolar e junto à categoria
profissional à luta social contra o
sistema que tem gerado esta Educação.
I.V.
Concepção Dialética de Educação.
1. CONCEITO DE
DIALETICA. A dialética é uma Filosofia porque implica uma concepção do homem,
da sociedade e da relação homem-mundo. É também um método de conhecimento. Na
Grécia antiga a dialética significava "arte do diálogo". Desde suas
origens mais antigas a dialética estava relacionada com as discussões sobre a
questão do movimento, da transformação das coisas. A dialética percebe o mundo
como uma realidade em contínua
transformação. Em tudo o que existe há uma contradição interna. (Por
exemplo, numa sociedade há forças conservadoras interessadas em manter o
sistema social vigente, e há forças emancipadoras). Essas forças são
inter-dependentes e estão em luta. Essa luta força o movimento, a transformação
de ambos os termos contrários em um terceiro termo. No terceiro termo ha
superação do estar-sendo anterior.
2. CONDICOES HISTORICAS
. A dialética é muito antigo podendo ser reportada a sete séculos antes de
Cristo. Sócrates (469-399 A.C.) é considerado o maior dialético grego. No séc.
XIX, Hegel e Karl Marx revivem a dialética e a partir deles novos autores têm
retomado e ampliado a questão da dialética. A dialética como fundamentação
filosófica e metodológica da Educação existiu desde os tempos antigos, mas não
como concepção dominante. Prevaleceu ao longo da História uma concepção
tradicionalista e metafísica de Educação. (Metafísica: teoria abstrata,
desvinculada da realidade concreta, com uma visão estática de mundo). Essa
concepção tradicional correspondia ao interesse das classes dominantes, clero e
nobreza, de impedir transformações Como as transformações radicais da sociedade
só interessam às classes desprivilegiadas compete a essas a retomada da
dialética. Assim é que o projeto pedagógico da classe trabalhadora foi
elaborado por ocasião de revolta dos trabalhadores na França ("Comuna de
Paris", 1871), assumida rapidamente pelo poder burguês. O projeto
pedagógico da classe trabalhadora é hoje revivido na luta dos trabalhadores em
vários pontos do mundo. A concepção
dialética de Educação supõe, pois, a
luta pelo direito da classe trabalhadora à Educação, e esige ainda, a participação
na luta pela mudança radical das suas condições de existência. A concepção
dialética sempre foi reprimida pelo poder dominante, mas resistindo aos
obstáculos, ela vai conquistando espaço. Ainda não está estruturada, está se
fazendo. A todo educador progresista-dialético uma tarefa se coloca: a de
contribuir com essa construção: sistematizar a teoria e a prática dialética de
educação.
3. CONCEITO DE HOMEM -
O homem é sujeito, agente do processo histórico. "A História nos faz,
refaz e é feito por nós continuamente". (Paulo Freire).
4. IDEAL DE HOMEM. A
educação dialética visa a construção do homem histórico, compromissado com as
tarefas do seu tempo: participar do projeto de construção de uma nova realidade
social. Busca a realização plena de todos os homens e acredita que isto não
será possível dentro do modelo capitalista de sociedade. Sendo assim se coloca
numa perspectiva transformadora da
realidade. O homem dessa outra realidade não será mais o homem unilateral, excluido dos bens sociais, explorado no
trabalho, mas será um homem bovo, o homem total": "É o chegar
histórico do homem a uma totalidade de capacidade, a uma totalidade de
possibilidade de consumo e gozo, podendo usufruir bens espirituais e
materiais" (Moacir Gadotti).
5. EDUCAÇÃO - Numa
sociedade de classes, a educação tem uma função política de criar as condições
necessárias à hegemonia da classe trabalhadora. Hegemonia implica o direito
de todos
participarem efetivamente da condução da sociedade, poder decidir sobre
sua vida social; supõe direção cultural, política ideológica. As condições para
hegemonia dos trabalhadores passam pela apropriação da capacidade de direção. A
Educação é projeto e processo. Seu projeto histórico é explícito: criação de
uma nova hegemonia, a da classe trabalhadora.
O ato educativo, cotidiano não é um ato isolado mas integrado num
projeto social e global de luta da classe trabalhadora. A educação dialética
é processo de formação e capacitação:
apropriação das capacidades de organização e direção, fortalecimento da
consciência de classe para intervir de
modo criativo, de modo organizado, na transformação estrutural da
sociedade."Essa educação é libertadora na medida em que tiver como
objetivo a ação e reflexão consciente e criadora das classes oprimidas
sobre seu próprio processo de libertação."(Paulo Freire).
6. CONCEPÇÃO
METODOLOGICA BÁSICA: prática - teoria - prática
a) Partir da prática
concreta: Perguntar, problematizar a prática. São as necessidades práticas que
motivam a busca do conhecimento elaborado. Essas necessidades constituem o
problema: aquilo que é necessário solucionar. É preciso, pois, identificar
fatos e situações significativas da realidade imediata.
b) Teorizar sobre a
prática: ir além das aparências imediatas. Refletir, discutir, buscar conhecer
melhor o tem problematizado, estudar criativamente.
c) Voltar à prática
para transformá-la: voltar à prática com referenciais teóricos mais elaborados
e agir de modo mais competente. A prática é o critério de avaliação da teoria.
Ao colocar em prática o conhecimento mais elaborado surgem novas perguntas que
requerem novo processo de teorização abrindo-nos ao movimento espiralado da busca
contínua do conhecimento.
7. CONTEUDO E
PROCEDIMENTO PEDAGOGICO: A educação dialética luta pela escola pública e
gratuita. Uma escola de qualidade para o povo. Para assumir a hegemonia, a
classe trabalhadora precisa munir-se de
instrumentais: apropriação de conhecimentos, métodos e técnicas , hoje
restritos à classe dominante. Implica a apropriação crítica e sistemática de
teorias, técnicas profissionais, o ler, escrever e contar com eficiência e mais
ainda, apropriar-se de métodos de aquisição, produção e divulgação do
conhecimento: pesquisar, discutir, debater com argumentações precisas, utilizar
os mais variados meios de expressão, comunicação e arte. A Educação dialética
enfatiza técnicas que propriciem o fazer coletivo, a capacidade de organização
grupal, que permitem a reflexão crítica, que permitem ao educando posicionar-se
como sujeito do conhecimento. Busca partir da realidade dos educandos, suas
condições de "partida"e interferir para superar esse momento inicial.
Avalia continuamente a prática global, não apenas os conteúdos memorizados. O
aluno é também sujeito da avaliação. A avaliação serve para disgnosticar,
evidenciar o que deve ser mudado.
8. A ESCOLA - É lugar
de contradição numa sociedade de
classes. Há forças contrárias em luta. Para a educação dialética a escola
não deve ser uma sociedade ideal em
miniatura. Ela não esconde o conflito social. O conflito deve ser
pedagogicamente codificado (não cair nas
"leis da selva"), deve ser evidenciado para ser enfrentado e
superado. A escola deve preparar, ao mesmo tempo, para a cooperação e para a
luta.
9. O EDUCADOR - O
professor dialético assume a diretividade , a intervenção. O professor deve ser
mediador do diálogo do aluno com o conhecimento e não o seu obstáculo. O
professor não se faz um igual ao aluno, assume a diferença, a assimetria
inicial. O trabalho educativo caminha na direção da diminuição gradativa dessa
diferença. Dirigir é ter uma proposta clara do trabalho pedagógico. É propor,
não impor.
10. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
E DISCIPLINA. A educação dialética valoriza a seriedade na busca do
conhecimento, a disciplina intelectual, o esforço. Questiona reduzir a
aprendizagem ao que é apenas "gostoso", prazeiroso em si mesmo. Busca
resgatar o lúdico: trabalho com prazer, momento de plenitude. Valoriza o rigor
científico que não é incompatível com os procedimentos democráticos. Um não exclui o outro. Nega o autoritarismo e
espontaneismo. Reconhece que o uso
legítimo da autoridade do educador se faz em sintonia com a expressividade e
espontaneidade. A disciplina (regras de comportamento) é algo que se constrói
coletivamente. Valoriza a afetividade no encontro inter-pessoal, sem a
chantagem ou exploração do afetivo. Mas não basta amar, compreender e querer
bem o educando. O amor deve aliar-se à competência profissional, iluminada por
um compromisso político claro.
------------------- BIBLIOGRAFIA
------------------------
- BRANDAO, Carlos
Rodrigues. "Educação popular revisitada". In: A Educação como Cultura.
São Paulo, Brasiliense, 1985.
- CHARLOT, Bernard. A
mistificação pedagógica. 2a. ed. Rio de Janeiro, Zahar, 1983.
- FREIRE, Paulo.
Educação e mudança. 5a. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.
- GADOTTI, Moacir.
Concepção dialética de Educação: um estudo introdutório. SP, Cortez, 1983.
- GIROUX, Henry.
Pedagogia radical: subsídios. SP, Cortez, 1983.
- JARA, Oscar.
"Concepção dialética da Educação Popular, in: Texto de apoio no. 2 , CEDIS
(Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae), 1986.
- Idem. "Como
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1986.
- KONDER, Leandro. O
que é dialética. 5a. ed. SP, Brasiliense, 1982.
- NOSELLA, Paolo.
"Compromisso Político como horizonte de competência técnica", in:
Revista Educação & Sociedade, SP, Cortez, 1983, 14:91-97.
- Idem. "Educação
tradicional e Educação moderna"In: Revista Educação & Sociedade, SP,
Cortez, 1983 - 14 : 91 -97
- PORTELLI, Hugues.
Gramsci e o bloco histórico. RJ, Paz e Terra, 1987.
- SNYDERS, Jeorgens et
alli. Correntes atuais da pedagogia, Lisboa, Livros Horizonte, 1984.
- SUCHODOLSKY, Bogdan.
A Pedagogia e as grandes correntes filosóficas. 3a. ed. Lisboa, Livros
Horizonte, 1984.
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