Cap.
08: Agricultura de subsistência
(P.157) A economia
colonial foi dividida por Caio Prado Jr entre lavoura exportadora e agricultura
de subsistência, a segunda era destinada ao consumo interno e a manutenção da
própria colônia. Enquanto no primeiro predomina o sistema plantation
(latifúndio, monocultura e trabalho escravo), no segundo predominam outros
tipos de estrutura agrária, bem mais variados.
E apesar dos dois tipos serem consumidos
internamente e também exportados, a grandeza da exportação de um se sobrepõe de
tal maneira que fica impossível confundi-los.
A aguardente é um subproduto da
cana usado internamente e para o escambo por escravos africanos.
(P.158)
O
algodão e o arroz, embora produzidos para exportação eram largamente consumidos
na colônia.
Devemos entender que a linha que divide
a produção para exportação e para a subsistência é muito clara. Em primeiro
lugar a agricultura de subsistência está dentro das terras do engenho para alimentar
os que ali trabalham. Podem ser plantadas em meio a cultura principal
(milho+algodão ou mandioca+cana) ou em terras exclusivas para ela. O trabalho
era escravo, utilizando cativos que não estavam trabalhando a cultura principal
naquele momento, ou sem terras cedidas pelo senhor para que o escravo cultivasse
sua roça no domingo.
As fazendas de gado do nordeste
também eram autônomas e a agricultura acontecia as margens dos rios.
(P.159)
Para
atender as cidades surgem lavouras especializadas dedicadas ao seu abastecimento.
Podendo ser fazendas, roças, chácaras ou sítios (onde não há escravos ou
assalariados e onde o dono da terra é ao mesmo tempo o trabalhador). Esta terra
pode ter um dono ou um ocupante (agregado a quem o proprietário cede um pedaço
de terra à troca de uma espécie de vassalagem).
Este setor subsidiário da economia
colonial e dependente da grande lavoura, é de baixo nível econômico, vegetativo
e precário, pouco produtivo e sem vitalidade. Em geral estas propriedades
circundam as grandes cidades, que é seu polo consumidor. Contentando-se por
solos inferiores, cansados ou inaproveitáveis para a cana e outras culturas
para exportação.
(P.162)
Esta
agricultura de subsistência também difundiu-se em Minas Gerais, rodeando as
minas de ouros e diamantes. E ainda à encontrarmos à beira das estradas de
tropeiros e caravanas de vaqueiros que precisavam comer, descansar e alimentar os
animais durante a viagem.
(P.163)
O
desprezo pela agricultura de subsistência vai criar um problema crônico na
sociedade colonial: a crise de desabastecimento, carestia e fome. Principalmente
no nordeste. Isso ocorre em geral nos momentos de alta dos preços dos produtos
da grande lavoura para a exportação, onde todos os esforços são direcionados a
ela, e as culturas alimentares são deixadas de lado.
(P.164)
Diversas
leis foram criadas para prevenir o desabastecimento de gêneros alimentícios (obrigando
traficantes de escravos e plantadores de cana a terem cultivos de mandioca),
leis prontamente desrespeitadas em tempos de alta nos preços de açúcar.
(P.165)
Entre
os cultivos alimentares, destaquemos a mandioca (pão da terra – norte/nordeste),
o milho (sul/sudeste), o feijão, arroz, peixe e carne seca.
Fonte: PRADO JÚNIOR,
Caio: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo. Ed Brasiliense. 7ª
reimpressão, da 23ª edição de 1994. Pág 157-169.
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