Entre os diversos movimentos tenentistas que ocorreram no Brasil durante a década de 1920, destacam-se: os 18 do forte de Copacabana (imagem) e a Coluna Prestes. |
Movimento tenentista*
A Primeira Guerra Mundial colocou na
ordem do dia a questão da defesa nacional. Governo e setores da sociedade
começaram então a dar maior atenção às Forças Armadas. Algumas medidas
concretas de modernização foram adotadas: o recrutamento universal e a vinda da
Missão Francesa para melhor formar os oficiais brasileiros.
Só que, no começo dos anos 1920, a
situação continuava desalentadora no Exército. Faltava de tudo: armamento,
cavalos, medicamentos, instrução para a tropa. Os oficiais brasileiros se
ressentiam de uma política mais eficaz e mostravam-se descontentes com a
nomeação do civil Pandiá Calógeras para o Ministério da Guerra pelo presidente
Epitácio Pessoa. Os soldos permaneciam baixos e o governo não fazia menção de
aumentá-los.
Esta situação afetava particularmente
os tenentes. Havia um grande número deles, e as promoções eram muito lentas. Um
segundo-tenente podia demorar dez anos para alcançar a patente de capitão.
Foi nesse quadro de crescente
insatisfação com as condições do Exército e com a política do governo, que
eclodiram diversos levantes militares. A presença significativa de tenentes na
condução desses movimentos deu origem ao termo tenentismo. Os principais
movimentos tenentistas da década de 1920 foram os 18 do Forte, os levantes de
1924, e a Coluna Prestes.
O principal objetivo dos tenentes era
derrubar o governo. Mas que tipo de governo desejavam implantar no país? Em
suas formulações percebe-se que nem eles mesmos sabiam muito bem o que queriam.
Eram pródigos na ação e na crítica, mas econômicos na proposição. Não havia um
programa muito claro, apenas algumas idéias gerais. Eram homens formados na
caserna. Suas formulações derivavam principalmente dessa situação. Acreditavam
que sua ação era parte de uma missão que salvaria o país.
As propostas políticas dos tenentes
de uma maneira geral se vinculavam ao clima do pós-Primeira Guerra Mundial,
marcado pelo avanço do nacionalismo e da centralização política. Nesse ponto,
eles assumiam bandeiras de luta próximas às das oligarquias regionais que se
opunham ao predomínio de Minas Gerais e São Paulo. Entre outras reformas,
defendiam o voto secreto, a independência do Poder Judiciário e um Estado mais
forte.
Os movimentos tenentistas foram
combatidos por outras correntes no interior do Exército que defendiam a
legalidade e a profissionalização. Muitos oficiais continuavam descontentes com
o governo federal, que não fazia muita coisa para alterar a situação geral da
instituição, mas achavam que os métodos de ação dos tenentes dividiam e
enfraqueciam o Exército. Entre meados da década de 1920 e o início dos anos
1930, foi tomando corpo uma proposta que concebia a intervenção na vida
política do país como algo que deveria ser feito não por um grupo ou facção,
mas pela própria instituição militar, representada pelo seu estado-maior. Seus
principais formuladores foram Bertoldo Klinger e o tenente-coronel Góes
Monteiro. Segundo essa concepção, o Exército e a Marinha, como instituições
nacionais, tinham o dever de intervir na vida política brasileira em caso de
grave ameaça à organização nacional.
Muitos tenentes, devido às
perseguições, se exilaram. No exílio, dividiram-se. Luís Carlos Prestes,
principal líder da Coluna Prestes, aderiu ao socialismo e se afastou de vários
de seus antigos companheiros que, no final da década 1920, retornaram ao Brasil
animados com a possibilidade de promover um novo levante armado. Para eles, a
hora da revolução havia chegado. Em 1930, os ânimos estavam exaltados nos meios
políticos e nos quartéis. A vitória do candidato oficial Júlio Prestes contra o
oposicionista Getúlio Vargas promoveu divisões nos grupos regionais dominantes
e colocou por terra o projeto de alguns deles de chegar ao poder pela via
legal. A conspiração ganhou corpo no decorrer daquele ano, contando com o apoio
de lideranças civis e militares, entre eles Góes Monteiro, interessadas em
reservar para o Exército uma situação de maior importância no futuro governo.
Os tenentes, mesmo divididos, tiveram um papel fundamental, tanto na
preparação, como na direção do movimento que promoveu a derrubada do governo na
Revolução de 1930. A partir daí, subiram de posto e chegaram ao poder. O
caminho agora estava aberto para reformar o país.
*Reprodução Integral.
O presente Texto faz parte do curso online da FGV. Para conhecer Clique Aqui!
Para baixar o texto Clique aqui!
Para baixar o texto Clique aqui!
Fonte
MOVIMENTO tenentista. In: NAVEGANDO
na história: Era Vargas: anos 20 a 1945 [on-line]. Rio de Janeiro: CPDOC, 2004.
Disponível em:
.
Acesso em: 25 nov. 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário