18 do Forte*
Ao se aproximar a sucessão
presidencial de Epitácio Pessoa, em 1922, aguçaram-se as contradições entre o
Exército e as oligarquias dominantes. O Exército já guardava ressentimento
contra Epitácio, que havia nomeado o civil Pandiá Calógeras para o Ministério
da Guerra. As coisas pioraram quando, em outubro de 1921, a imprensa divulgou
cartas supostamente escritas pelo candidato oficial, Artur Bernardes, contendo
acusações ao Exército e ofensas ao marechal Hermes da Fonseca, presidente do
Clube Militar.
Em março de 1922, apesar da oposição,
Artur Bernardes foi eleito presidente da República. Sua posse estava marcada
para novembro. Em junho, o governo, ainda chefiado por Epitácio, interveio na
sucessão estadual de Pernambuco e foi duramente criticado pelo marechal Hermes
da Fonseca. Em reação, Epitácio, ordenou a prisão do marechal e o fechamento do
Clube Militar, no dia 2 de julho de 1922.
Na madrugada de 5 de julho, a crise
culminou com uma série de levantes militares. Na capital federal, levantaram-se
o forte de Copacabana, guarnições da Vila Militar, o forte do Vigia, a Escola
Militar do Realengo e o 1° Batalhão de Engenharia; em Niterói, membros da
Marinha e do Exército; em Mato Grosso, a 1ª Circunscrição Militar, comandada
pelo general Clodoaldo da Fonseca, tio do marechal Hermes. No Rio de Janeiro, o
movimento foi comandado pelos tenentes, uma vez que a maioria da alta
oficialidade se recusou a participar do levante.
Os rebeldes do forte de Copacabana
dispararam seus canhões contra diversos redutos do Exército, forçando inclusive
o comando militar a abandonar o Ministério da Guerra. As forças legais
revidaram, e o forte sofreu sério bombardeio. O ministro da Guerra, Pandiá
Calógeras, empreendeu em vão várias tentativas no sentido de obter a rendição
dos rebeldes.
Finalmente, no início da tarde do dia
6 de julho, ante a impossibilidade de prosseguir no movimento, os revoltosos
que permaneciam firmes na decisão de não se renderem ao governo abandonaram o
forte e marcharam pela avenida Atlântica de encontro às forças legalistas. A
eles aderiu o civil Otávio Correia, até então mero espectador dos
acontecimentos.
Conhecidos como os 18 do Forte –
embora haja controvérsias quanto a seu número, pois os depoimentos dos
sobreviventes e as notícias da imprensa da época não coincidem –, os
participantes da marcha travaram tiroteio com as forças legais. Os tenentes
Siqueira Campos e Eduardo Gomes sobreviveram com graves ferimentos. Entre os
mortos, estavam os tenentes Mário Carpenter e Newton Prado.
Em 15 de novembro de 1922, Artur
Bernardes assumiu a presidência da República sob estado de sítio, decretado por
ocasião do levante de julho.
*Reprodução Integral.
O presente Texto faz parte do curso online da FGV. Para conhecer Clique Aqui!
Para baixar o texto Clique aqui!
Fonte
18 do forte. In: NAVEGANDO na
história: Era Vargas: anos 20 a 1945 [on-line]. Rio de Janeiro: CPDOC, 2004.
Disponível em:
.
Acesso em: 25 nov. 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário