CONCEITO
DE LÚDICO
Autora: Neusa Maria
Carlan Sá
Muitos pesquisadores
denominam o século XXI como o século da ludicidade. Vivemos em tempos em que
diversão, lazer, entretenimento apresentam-se como condições muito perquiridas
pela sociedade. E por tornar-se a dimensão lúdica alvo de tantas atenções e desejos,
faz-se necessário e fundamental resgatarmos a sua essência, dedicarmos estudos
e pesquisas no sentido de evocarmos seu real significado.
Viver ludicamente
significa uma forma de intervenção no mundo, indica que não apenas estamos
inseridos no mundo mas, sobretudo, que somos ele. Logo, conhecimento, prática e
reflexão são as nossas ferramentas para exercermos um protagonismo lúdico
ativo.
O QUE É LÚDICO?
Negrine (2000) afirma
que a capacidade lúdica está diretamente relacionada a sua pré-história de vida.
Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e um saber que
progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de
vida.
O lúdico refere-se a
uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de
ação. Abrange atividades despretenciosas, descontraídas e desobrigadas de toda
e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e
avaliações. Caillois (1986) confirma esta idéia explicitando seu entendimento
sobre o jogo na perspectiva lúdica:
“Sobre
todo, infaliblemente trae consigo uma atmosfera de solaz o de diversión.
Descansa y divierte. Evoca uma actividad sin apremios, pero también sin
consecuencias para la vida real. Se opone a la seriedad de ésta y de esse modo
se ve tachada de frívola. Por outra parte, se opone al trabajo como el tiempo
perdido al tiempo bien empleado. Em efecto, el juego no produce nada: ni bienes
ni obras”. (pg. 07)
Caillois (1986) afirma
que o caráter gratuito presente na atividade lúdica é a característica que mais
a deixa desacreditada diante da sociedade moderna. Entretanto, enfatiza que é
graças a essa característica que permite que o sujeito se entregue à atividade
despreocupadamente.
Assim, o jogo, a
brincadeira, o lazer enquanto atividades livres, gratuitas são protótipos
daquilo que representa a atividade lúdica e longe estão de se reduzirem apenas
a atividades infantis.
Freinet (1998) denomina
de "Práticas Lúdicas Fundamentais" não o exercício específico de
alguma atividade, pois ele acredita que qualquer atividade pode ser corrompida
na sua essência, dependendo do uso que se faz dela. Logo, para Freinet a
dimensão lúdica é:
“(...)
um estado de bem-estar que é a exacerbação de nossa necessidade de viver, de
subir e de perdurar ao longo do tempo. Atinge a zona superior do nosso ser e só
pode ser comparada à impressão que temos por uns instantes de participar de uma
ordem superior cuja potência sobre-humana nos ilumina”. (pg.304)
Freinet (1998) refere
que este “estado de bem-estar” jamais se restringe à circunscrição de nossa
individualidade. Isto é, parte de uma espécie de exaltação íntima de nossa
potência para a vida e atinge escalas sociais muito amplas, o que nos fará
descobrir e exaltar novas potências íntimas em nosso ser que ocasionará
novamente a expansão para o plano social, sendo assim uma vivência inesgotável
da dimensão lúdica.
Glossário
Português/Espanhol
Solaz: prazer;
Apremios: pressa,
rapidez;
Frívola: superficial.
Fonte:
http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo3/ludicidade/neusa/conc_de_ludico.html
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