O filme A ONDA e o
artigo de Christian Laville são opostos em relação a influência que o professor
é capaz de exercer sobre seus alunos.
Pretendo neste
trabalho debater as diferentes perspectivas que foram apresentadas no filme A
Onda[1] e
no artigo de Christian Laville intitulado “A guerra das narrativas: debates e
ilusões em torno do ensino de História” [2],
sobre a suposta capacidade de influência doutrinária que o professor é capaz de
ter sobre seus alunos. (...)
Em seu artigo,
Christian Laville desenvolve sua concepção sobre a incapacidade do professor de
desenvolver uma educação de caráter persuasivo ou até mesmo doutrinário em sala
de aula, segundo ele, o ensino da matéria história, nas escolas de diversos
países, passa contemporaneamente por dois grandes paradoxos.
O primeiro diz
respeito ao objetivo central do ensino de história nas escolas de todo o mundo.
Segundo o autor o ensino nacionalista, voltado para formação patriótica, caiu
por terra ao fim da II Guerra Mundial. Sendo adotado em diversos países -
especialmente os ocidentais democráticos – um projeto pedagógico que tinha como
base a formação do cidadão pleno, critico e consciente de seus direitos.
Entretanto sempre que a importância do ensino história é evocada pelo Estado,
ele é vinculado à antiga proposta, que consistia em uma narrativa única voltada
a modelar a consciência e os sentimentos do aluno para com a pátria.
O segundo
paradoxo apresentado por Laville põe em xeque a capacidade do professor de
efetuar esse procedimento. Para contextualizar essa idéia, o autor utiliza-se
de diversos exemplos de diferentes épocas e países, provando o que seria,
segundo ele, a prova da incapacidade que o docente tem de realizar, mesmo que
quisesse essa tarefa. Pois segundo ele mesmo escreve: “Nesse fim de século,
com tantos meios de comunicação, é possível que a narrativa histórica não tenha
mais tanto poder”.
Já o filme A Onda vai
na contramão dessa afirmação. O longa alemão, dirigido por Dennis Gansel, é baseado em
uma experiência real acontecida em uma escola secundária nos EUA, em 1967[3].
No filme, o professor de história através de sua capacidade persuasiva consegue
manipular os alunos de tal forma que chega mesmo a criar uma espécie de seita
com princípios autoritários. Fica explicito, nesse momento, a influência que o
docente é capaz de exercer sobre os seus educandos.
Fica então uma
questão no ar. O educador é capaz ou não, de manipular a consciência e os
sentimentos de seus alunos, seja essa doutrinação feita a bel prazer ou a mando
de Estado?
Levando em conta a
realidade social e cultura da escola pública brasileira, entendo que essa
possibilidade seja bem remota, uma vez, que em diversos casos o professor não
tem controle algum sobre o aluno, seja esse controle de ordem persuasiva, seja
de ordem comportamental. O professor no Brasil, para o aluno, não é um modelo a
ser seguido.
Agora levando a
questão a países de uma tradição mais autoritária, não do governo em si, mas de
uma cultura social mais repressiva, como é o caso dos EUA e da Alemanha, esse
fato pode se inverter.
Contudo, acredito que
a capacidade do professor de influenciar os alunos, usando-se apenas da
oralidade e da tentativa de persuasão, é algo extremamente difícil
contemporaneamente. Em um mundo onde tudo brilha, tem interatividade
multimídia, informações vêm e vão muito rapidamente e os encontros são
virtuais, o professor tornou-se, digamos, algo estático no tempo. As diversas
mídias apresentam-se muito mais influentes sobre os jovens do que a sala de
aula, pois com sua grande quantidade e rapidez eles acreditam que a informação
possa substituir o conhecimento.
Mas acredito que nada
substitui o trabalho de um bom professor em conjunto com uma sala de alunos
interessados, entretanto o docente deve, cada vez mais, se adequar as
tecnologias que “pipocam” a todo instante pelo mundo, já que uma geração
Hi-Tech, necessita de uma educação Hi-Tech.
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