terça-feira, 17 de novembro de 2015

Função social da escola.


I. A Extensão da Escola.
Escola - função social essencial à formação dos novos cidadãos – portadora dos saberes selecionados por uma sociedade e de seus valores.
Portanto a escola não é só uma instituição, pois ela detêm tanto os conhecimentos, quanto os saberes que a sociedade onde ela está inserida determina como fundamentais.
Extensão da escola na vida – crianças e jovens permanecem pelo menos quatro horas por dia, cinco dias por semana, nove meses por ano e ao menos 12 anos de suas vidas.
Extensão social da escola – instituição social pela qual passa (ou deveria passar), obrigatoriamente, toda a população infantil e juvenil.
Observando esses três dados podemos perceber a importância que a escola possuí na formação e na organização de nossa sociedade.
A escola prolonga-se para além do tempo em sala de aula – compreendendo o desenvolvimento de atividades como tarefas, estudo, trabalhos em grupo, laços de amizade que extrapolam os limites físicos da instituição. Portanto a escola não é restrita somente ao ambiente escolar.
Os anos escolares marcam a condição social da criança e do jovem, constituindo-se na porção “séria” de suas existências, implicando em compromissos e responsabilidades valorizados socialmente e que transcendem os laços da vida familiar ou comunitária (ENGUITA, 1989).
II. Função social da escola.
Basicamente a escola possui três funções sociais básicas:
a) Socialização: onde se prepara o indivíduo para a vida adulta.
b) Cultural: repassar para o estudante todos os símbolos, valores e crenças que ele não nasce, mas que a sociedade onde ele está inserido elegeu como importantes.
c) Seletiva: típica de uma sociedade capitalista tem por objetivo separar (selecionar) alunos conforme o rendimento destes.
Reprodutivismo: Muitos autores não consideram esta como uma função social da escola. O reprodutivismo tem como objetivo pegar a sociedade desigual e injusta do capitalismo e transportar para dentro da escola. Isso se dá reproduzindo e disseminando na escola toda a ideologia, conceitos, ideias e valores da classe dominante.
III. A Escola na Sociedade Capitalista.
Segundo a pedagoga Terezinha Rios a escola da sociedade capitalista é antidemocrática, pois tem como objetivo principal criar mão-de-obra. Pretende formar um cidadão dócil e operário.
V. Contradição do Desafio da Escola.
Sabemos que a escola tem como desafio transformar, emancipar (autonomia) e libertar o educando a partir da prática pedagógica. E esses desafios estão escritos nas diretrizes curriculares nacionais (DCN). A contradição ocorre porque além desses desafios a escola ainda tem a função de produzir mão-de-obra e o trabalhador submisso.
VI. Paulo Freire e a escola como espaço e como ambiente
Para Paulo Freire a escola enquanto espaço serve apenas como um local de transmissão de conteúdos, um espaço disciplinador e um espaço tradicional.
Já a escola enquanto ambiente é um espaço de transformação do educando, ao invés de simplesmente disciplinar o indivíduo ela promove experiências e ao invés de ser um espaço tradicional é um ambiente libertador/emancipador.
Para que a escola como ambiente funcione é necessário a participação democrática, a manifestação das diversidades e  que haja uma inclusão da comunidade.
VII. Função Compensatória da Escola.
É evidente que a escola sozinha não é capaz de eliminar a desigualdade e a injustiça social. Porém, a escola é capaz de compensar as dificuldades individuais. E ela faz isso oferecendo uma educação de qualidade.
Para isso a escola deve abandonar a lógica da homogeneidade e abraçar a lógica da diversidade. Sabendo que cada aluno possuí necessidades especiais.
VIII. Reconstrução do conhecimento e da experiência.
Todo aluno traz consigo experiências adquiridas pela vivência. E estas experiências são acríticas da sociedade ou formadas por ideologias incipientes (introdutórias/ sem base sólida).
Portanto a escola deve reestruturar essa visão acrítica e essas ideologias fragmentadas em prol da criticidades e da autonomia. Trabalhando de forma mediadora.
IX. Função Social de Escola ao Longo do Tempo.
Historicamente observamos, paulatinamente, a assunção de novas responsabilidades e a extensão da abrangência da escola em nossas sociedades até atingirmos o estágio descrito. Ou seja, se hoje observamos a importância da escola na sociedade, devemos entender que nem sempre foi assim. Vila destaca três momentos da escola em relação a sociedade:
Vila (2007, p.12) destaca, no trabalho de Enguita, três momentos de mudança nas relações entre escola e sociedade, os quais denomina como: suprageracional, intergeracional e intrageracional.
a) Suprageracional: momento que localiza-se na antiguidade, quando apenas grupos reduzidos compostos por escribas, sacerdotes e demais membros de uma elite necessitavam de educação institucionalizada.
A maioria das pessoas era educada pela família e pela comunidade, uma vez que o saber necessário para participar da vida social era passível de ser aprendido através da vida cotidiana.
Temos, portanto, uma escola com pequeno alcance social e destinada apernas a uma elite. Era uma escola elitista.
Escola e Sociedades Estáveis.
Diante de uma sociedade estável, na qual as mudanças se davam muito lentamente e os conhecimentos necessários à vida social mantem-se durante gerações e gerações a educação institucional era restrita em sua abrangência e se resumia aos saberes específicos, como a leitura e a escrita.
Este período de sociedades estáveis corresponde ao período Suprageracional.
b) Intergeracional: localizada no contexto da Revolução industrial e de suas transformações sociais: a passagem das sociedades agrárias para as industrializadas, o desenvolvimento científico e tecnológico, o surgimento da imprensa, a emergência (surgimento) dos estados modernos.
Novas necessidades educacionais: pais, avós, comunidade já não eram mais capazes de transmitir todos os saberes necessários à participação nessa nova sociedade.
Como a família e a sociedade não conseguiam mais transmitir os saberes necessários para a atuação do indivíduo nesta nova sociedade, parte da educação das novas gerações passou a ser desempenhada pela escola. A escola assume essa função.
No entanto esta escola continuou a ter um caráter elitista, pois a escola se amplia apenas no nível elementar. A continuidade nos estudos vai depender de seleções constantes. Ou seja, o ensino inicial era abrangente, mas a continuidade nos estudos dependia de seleções. Era uma escola excludente, uma vez que a base era para muitos e o topo era pra poucos.
Escola e sociedades que mudam entre as gerações.
À medida que as mudanças sociais se intensificam, ocorrendo, entre uma geração e outra, a participação na nova ordem passou a demandar capacidades que não podiam mais ser transmitidas apenas pela família e pela comunidade; assim, a instituição escolar foi chamada a esta função em nível elementar, tendo como objetivo a transmissão de saberes como leitura e cálculo, essenciais ao desempenho de novas funções. Este período corresponde ao Intergeracional.
c) Intrageracional: transformações aceleradas afetam a vida das pessoas. Novas gerações – incorporam-se a um mundo no qual a informação e o conhecimento assumem o papel cada vez mais decisivo em todas as ordens da vida.
Apenas a formação inicial e centrada na transmissão de conteúdos não é mais capaz de suprir as necessidades educacionais dos indivíduos ao longo das suas vidas, faz-se necessária uma formação mais ampla e adequada às novas demandas da vida contemporânea.
Esse é momento que vivenciamos hoje. Já não basta mais uma formação inicial. O desenvolvimento deve ser contínuo.
Escola e sociedades em constante mudança.
Vivemos, agora, uma terceira fase, na qual as mudanças sociais se dão no interior de cada geração e os saberes necessários à participação social incluem a capacidade de adaptação a uma ordem pouco estável. As instituições sociais enfrentam o desafio de se adequarem a uma ordem incerta, tornando-se mais abertas e flexíveis. Este é o Período Intrageracional.
X. Escola e Complexidade Social.
Essa periodização, alicerçada nas transformações da sociedade, através das gerações e da extensão da escola, destaca a importância crescente da instituição frente à complexidade social.
A relevância social das instituições depende da sua capacidade para se organizarem de acordo com os fins a que se propõem. E este é o grande desafio da escola hoje. Pois, a escola é uma instituição que deve se adequar aos fins que a sociedade impõe.

Referências:
Sociologia da Educação - Aula 5 - A Função Social da Escola. Disciplina: Sociologia da Educação - HSE 001 Curso de Licenciatura - Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo <https://www.youtube.com/watch?v=rnlLVi2uS5c> acesso em 16/11/2015
Função Social da Escola. Vinícius Reccanello de Almeida: <https://www.youtube.com/watch?v=7Vsb6LT6MPw>. Acesso em 16/11/2015

Assista:
https://www.youtube.com/watch?v=rnlLVi2uS5c
https://www.youtube.com/watch?v=7Vsb6LT6MPw

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