Profeta e fundador do islamismo, ele também exerceu o papel de líder político e militar. |
William Cirilo Teixeira Rodrigues
Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em sua vida: comerciante, profeta e profeta general. Nascido com o nome de Muhammad Ibn Abdullah, em 570, na cidade de Meca (na Arábia Saudita), perdeu a mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar no comércio. Sua família era influente e bem relacionada e, aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante, Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24 anos.(...)
Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos, quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em qualquer material disponível, como folhas de palmeira.
Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca, criou animosidades em torno de si e de seu islã.
Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele. Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e sunitas.
Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca, perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão importante que é a data inicial do calendário islâmico. Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não apenas um profeta, mas um líder político e militar.
Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do templo pagão, deixando apenas uma pedra preta. Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos.
Se os versos da fase de Meca eram relativamente “paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada (Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses sagrados houverem transcorridos, matai os idólatras (564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é indulgente, Misericordiosíssimo”, um preferido dos radicais contemporâneos.
Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chagando a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão, os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as revelações no Corão estabelecem os preceitos que formam e Sharia, as leis islâmicas.
Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas.
Menos de 100 anos depois de sua criação, a religião islâmica chegava a Europa.
Como era analfabeto, Maomé, em seus 23 anos de pregação, não deixou absolutamente nada documentado, coube assim aos fiéis juntar os relatos orais de sua profecias.
Mais do que uma religião, Maomé criou um sistema legal e político, codificado na lei islâmica, a Sharia, e também um império. Nos 20 anos seguintes, o califado fundado por ele, já havia se expandido até a Pérsia (atual Irã), e então entraria em guerra civil por um problema de sucessão. A guerra opôs duas facções, uma apoiada pela esposa do profeta, Aisha, outra pelo genro, o califa Ali. Ali e seus filhos acabaram assassinados, fato que marcou a divisão entre sunitas (palavra que vem de “sunnah”, tradição) e xiitas (“shi’atua Ali”), partidários de Ali.
A dinastia sunita Omíada conquistou diversos territórios, expandindo-se tanto em direção a índia quanto à península Ibérica. Em 730, as tropas islâmicas chegavam a Paris, mas foram repelidas pelo imperador franco Carlos Martel. O califado islâmico recuou, mas permaneceu na Europa Ocidental até 1492, de onde foi expulso em progressivas guerras de reconquistas.
Esse período logo após a expansão inicial é a Era de Ouro do Islã. Tecnologicamente mais avançada, urbana, com vastas redes comerciais e mais alfabetizada que o resto da Europa, a Andaluzia islâmica tornou-se um grande centro intelectual e tecnológico, assim como a cidade de Bagdá e a Persia. Muito da filosofia e das ciências da Grécia antiga, que haviam se perdido na Europa, foram preservadas no mundo islâmico. Os árabes não destruíram também a arte Greco-romana, o que resultou numa importante herança cultural. Além disso, sua postura para com os derrotados era mais tolerante que a dos europeus da época. Hoje o Islã tem 1,5 bilhão de adeptos e é a segunda maior religião do mundo, depois do cristianismo. O ramo sunita é a fé de 90% dos muçulmanos.
Matéria retirada da revista curso preparatório Enem 2011 ed abril.
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