Após as séries
de manifestações que ocorreram pelo Brasil pedindo mais investimentos públicos
em saúde e educação, o governo federal aprovou a utilização dos royalties do
petróleo nas duas áreas. 75% para a Educação e 25% para a Saúde.
Acredita-se que
os royalties injetarão na educação brasileira um montante de R$ 368 bilhões em
30 anos. Onde um repasse de cerca de R$ 770 milhões será realizado ainda esse
ano. Isso segundo anúncio feito pelo Ministro da Educação Aloizio Mercadante no
dia 11 de setembro deste ano.
Hoje o governo
federal investe em educação cerca de 6,1% do PIB e existem projetos tramitando
no Congresso Nacional que preveem um investimento mínimo de 10% do PIB na área
até 2020.
Contudo, apesar
do investimento em educação no país ter crescido 149% entre 2005 e 2009, o
Brasil ainda está entre os cinco países que menos investem por aluno no mundo,
segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Bom, estatísticas
e números a parte, o que acontece com a educação brasileira (em especial a
paulista que é a que mais conheço), é uma farra disfarçada de benfeitorias.
Qualquer
professor de qualquer escola pública nota que a secretaria de educação tem
dinheiro para tudo, tablets, assinaturas de revistas, viagens, cursinhos, etc,
menos para aumentar o salário dos professores.
Enquanto cerca
de 3 mil professores desistem da profissão todo os meses, fugindo do salário medíocre
de 9 reais por aula, das más condições de trabalho e dos alunos mal-educados, o
governo do nosso querido estado gasta com coisas mais “palpáveis” aos olhos dos
pais eleitores.
Todo o dinheiro
que deveria ir para a escola, seus funcionários e professores, acaba indo para
o bolso de alguns empresários dos mais diversos ramos. Já investimos pouco
(comparado a outros países), e o pouco que temos investimos mal.
Exemplos deste
ato não faltam: distribuição de tablets para os professores, fornecimento de
material escolar para os alunos, livros didáticos aos milhões, assinaturas de
revistas e jornais, etc. Coisas que em um primeiro momento se apresentam como
boas iniciativas, mostram sua face mais sombria após uma rápida análise.
Os tablets (mais
de 900 mil da marca positivo) são de
má qualidade e em pouco tempo estarão obsoletos. Os materiais e os livros
didáticos distribuídos iludem os pais que acreditam que apenas isso basta para uma
melhor educação. Renova-se – sem licitação – as assinaturas da Veja, do Estadão
e da F. de São Paulo que custará aos cofres públicos paulistas nada menos que 4
milhões de reais.
Bom deixe-me
entender, a educação têm dinheiro para comprar 900 mil tablets de segunda mão,
para financiar a chuva de papel picado no fim do ano nas escolas e para a
assinatura de jornais e revistas de parcialidade duvidosa, mas não têm dinheiro
para pagar professores e funcionários decentemente, para construir laboratórios
nas escolas e para a instalação de ares-condicionados nas salas? Gostaria de
entender em que ponto o supérfluo tornou-se prioritário e vice-versa.
O que há de
comum nestes três exemplos? Simples, o enriquecimento de empresários a custa da
péssima educação. Por esse motivo sou cauteloso em relação aos futuros
investimentos dos Royalties do petróleo na educação, e me pergunto, será mesmo
que esse dinheiro vai para reformas e a modernização das nossas escolas
sucateadas, ou encherá o bolso deste ou daquele empresários?
Se eu pudesse
apostar, apostaria na segunda opção.
Por fim, entende-se
que o investimento per capita em
educação é pouco, mas na mão de uma só pessoa é uma fortuna. Por isso temos
empresários ganhando milhões graças ao sucateamento do ensino brasileiro. E
caso os royalties do pré-sal realmente despejem essa quantia sobre nossa
educação devemos tomar cuidado, e fiscalizar se esse dinheiro vai realmente
para os salários dos professores, para a estrutura das escolas, para uma
merenda escolar de qualidade ou se vai para financiar festas e
confraternizações de empresários e políticos espertos, acobertados por
jornalistas inescrupulosos.
Fonte da charge Do macedo
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