Desobediência civil é uma forma de protesto a um poder político de governo (seja o Estado ou não), geralmente visto como opressor pelos desobedientes |
Nascido em
Concord, Massachusetts, no dia 12 de julho de 1817, Henry David Thoreau foi um poeta,
ativista anti-impostos, crítico da filosofia desenvolvimentista, pesquisador,
historiador, filosofo e transcendentalista[1]
norte-americano.
Henry David Thoreau (1817-1862) |
Entre as obras
de Thoreau destacam-se Walden (1854),
que é a descrição de sua experiência de dois anos em meio à natureza, onde
viveu na mais completa solidão em um barraco construído por ele, e de como
sobreviveu apenas com seu trabalho manual.
E A Desobediência Civil (1849), que
escreveu após ser preso por se negar a pagar impostos, sob a justificativa de que
o dinheiro seria empregado pelo governo americano na guerra contra o México. Seu
livro é uma espécie de manual de anarquismo individualista pacífico. Uma defesa
da desobediência civil como forma de oposição legítima frente a um Estado
injusto. Esta obra exerceu forte influência sobre o conceito de resistência
pacífica, desenvolvida posteriormente por Mahatma Gandhi, e foi um dos
principais estandartes do movimento hippie,
mais de um século depois de escrito. Será esta justamente a obra aqui
analisada.
Thoreau morreu
em 6 de maio de 1862, em sua cidade natal.
A
Desobediência Civil.
A Influência de Thoreau ultrapassou séculos... |
Contudo como
cidadão, Thoreau não se reconhece como um antigovernista. O que ele realmente
deseja é um governo melhor e não o fim do governo. Para ele, quando cada homem
expressar o tipo de governo capaz de conquistar o seu respeito, estaremos mais
próximos de conseguir constituir este tão sonhado governo melhor.
Pois, o único motivo
pelo qual se admite um governo da maioria e sua continuidade é o fato de que a
maioria é fisicamente mais forte. Entretanto, um governo baseado no interesse
da maioria não é necessariamente um governo mais justo.
E caso este
governo da maioria não seja justo, Thoreau apoia o direito a desobediência civil,
pois, primeiramente é necessário ser homem e só posteriormente ser súdito. O
respeito aos direitos deve vir antes do respeito as leis. Sendo a única
obrigação dos homem, fazerem aquilo que acreditam ser correto. As leis jamais
tornaram os homens sequer um pouco mais justos. O respeito as leis tem levado
até mesmo os bem-intencionados a agir cotidianamente como mensageiros da
injustiça.
Um exemplo
citado por Thoreau é o exército. Segundo o autor, esta massa de homens serve ao
governo não na sua qualidade de homens, mas sim como máquinas, entregando seus
corpos. Na maioria das vezes não há qualquer livre exercício de escolha ou
avaliação moral. Não merecem mais respeito do que espantalhos e valem o mesmo
que cães ou cavalos. Entretanto, é comum velos sendo apreciados como bons
cidadãos.
Há outros, que
servem ao Estado com a cabeça: legisladores, políticos, advogados, funcionário
públicos, etc. No entanto, é provável que também sirvam ao diabo.
Existem ainda os
que servem o Estado com sua consciência: são os heróis, patriotas, mártires,
reformadores e homens que acabam por isso mais resistindo do que servindo.
Geralmente o Estado os trata como inimigos.
Pois aqueles que
se dedicam por completo a seus semelhantes são por eles considerados inúteis e egoístas.
Todavia aqueles que se dedicam em parte são considerados benfeitores e
filantropos.
Em certa altura
do texto, o autor trata das injustiças cometidas pelos EUA, como a guerra
contra o México e a escravidão. Criticando a imobilidade dos homens, que no
máximo assinam petições ou depositam votos em urnas para não se comprometerem
diretamente. Não sabendo que seus impostos pagos continuam a financiar tais
barbáries, mesmo que eles sejam contra.
...e fronteiras! |
O único tipo de
transgressão tolerado pelo governo é a sua prática deliberante de autoridade.
Um cidadão que deve ao Estado pode ser preso indefinidamente, já alguém que
rouba de dentro do Estado raramente é preso.
Caso a injustiça
seja uma peça dotada de uma mola exclusiva, ai então talvez o remédio não seja pior
que o mal. Ainda mais se ela for de uma natureza que exija que você seja o
agente de uma injustiça para outras pessoas, direi então, que a lei deve ser
transgredida. Transforme sua vida num contra-atrito que pare as maquinas. È necessário
cuidar para que não participemos das misérias que condenamos.
Por fim Thoreau
afirma que “diante um governo que prende qualquer homem injustamente, o único
lugar digno para um homem justo é a prisão”.
Concluindo. A desobediência
civil pacífica e constante é necessária e vital para o desenvolvimento de uma
sociedade mais justa. A democracia não é o último passo rumo a um governo
melhor, mas sim o reconhecimento dos direitos intrínsecos do homem. E perceber
que o poder do Estado emana do povo e não o contrário.
Fonte: THOREAU; Henry David. A Desobediência Civil e Outros Escritos. ed Martin Claret, 2002, São Paulo.
[1]
Apesar de fazer parte do grupo de Emerson, os "transcendentalistas",
Thoreau se esquivava de algumas ideias e divagações místicas típicas do grupo.
Ao contrário dos colegas, ele mantinha o foco na vida e no presente. Quando
debatia-se o recorrente tema de vida após a morte, Thoreau replicava: "Uma
vida de cada vez".
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