segunda-feira, 11 de julho de 2016

Resenha do Livro As Minas de Salomão de Henry Rider Haggard.

Biografia de Henry Rider Haggard.
Sir Henry Rider Haggard (1856-1925) foi um escritor britânico, filho de William Meybohm Rider Haggard e Ella Doveton, que escreveu obras como As minas do rei Salomão, entre outras, geralmente protagonizadas por exploradores ingleses que viajavam por África.
Estudou na Ipswich Grammar School. Aos dezenove anos, foi para a África do Sul como secretário do governador da província de Natal. Quando o Transvaal foi anexado à Grã-Bretanha em 1877, seguiu para lá como comissário especial. Voltou à Inglaterra em 1879, e em 1880 casou-se com Mariana Margitson.
A partir de 1882 começou a escrever romances e, em 1885 lançou com sucesso King Solomon´s Mines (As Minas do Rei Salomão), assegurando sua independência financeira. Foi agraciado em 1919 com o título de Sir, por seus feitos brilhantes.
Como funcionário da coroa inglesa na África do Sul, Rider Haggard pôde conhecer vários países e uma enorme quantidade de costumes, crendices e lendas que influenciaram fundamentalmente seu gênio literário.
Resumo da Obra: As Minas de Salomão.
A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Allão Quartelmar e se apresenta como um relato de suas memórias, mais parecido com um diário de viagem do século XIX.
Quartelmar é um cidadão inglês, caçador de elefantes, erradicado na África do Sul, que recebe a proposta de encontrar o irmão desaparecido do Barão Curtis, que havia se perdido pelo interior da savana africana enquanto viajava para as lendárias minas do rei Salomão.
Após o acordo sobre seus ganhos econômicos com a arriscada expedição, Quartelmar apresenta um mapa que havia adquirido alguns anos antes e que nunca havia levado à serio. O mapa seria de um português que havia conseguido chegar ao reino dos Kakuanas trezentos anos antes.
Partem então rumo ao reino dos Kakuanas, Quartelmar, Barão Curtis e o Capitão John. No meio do caminho conhecem o nativo Umbopa (muito diferentes dos outros carregadores negros por seus trejeitos, educação e fala bem articulada) e decidem leva-lo junto com a expedição.
Com extrema dificuldade atravessam o deserto, chegam ao seios de Sabá (cordilheira que envolvia o reino dos Kakuanas e que possuía o formato de dois seios). Subindo a montanha encontram em uma caverna o corpo congelado de José Silveira, o português responsável por desenhar o mapa que eles seguiam. Após diversas adversidades o quarteto adentra o território kakuana.
Após um breve descanso, o grupo é atacado por um pelotão do exercito tribal, mas conseguem reverter a situação dizendo que são homens vindos das estrelas e utilizando armas de fogo dizendo serem mágicas.
Eles são levados para o rei Tuala, que comanda seu povo com implacável violência. Tuala assumiu o poder anos antes quando assassinou seu irmão, que seria rei, e exilou a esposa e o filho de seu irmão, supostamente mortos no deserto. O rei Tuala é apenas um rei de fachada, pois o verdadeiro cérebro por trás dele é uma velha embusteira chamada Gagula.
É então revelado que o verdadeiro nome de Umbopa é Ignosi, filho do rei assassinado por Tuala. Uma rebelião tem início e mesmo em menor número, os rebeldes obtêm sucesso em derrubar e matar Tuala.
Os ingleses capturam a malvada Gagula e ela promete guiá-los para a montanha onde estão localizadas as minas de Salomão. Ao achar o tesouro, Gagula os engana os prende dentro da montanha. Sem luz e com pouca água, eles se preparam para morrer. Com sorte, encontram uma rota de fuga, trazendo consigo, do enorme tesouro, apenas uns poucos bolsos cheios de diamantes, mas ainda o suficiente para fazê-los ricos.
Após despedirem-se do rei Ignosi, o grupo deixa o vale dos Kakuanas e retorna ao deserto rumo à civilização. Mas desta vez tomando uma rota diferente da anterior, descoberta por caçadores de avestruz, e muito menos penosa. Qual não é o assombro quando em um desses oásis encontram o irmão de Sir Curtis "encalhado" com uma perna quebrada, incapaz de ir em frente ou de voltar. Todos voltam para Durban e, por fim, para a Inglaterra, ricos o suficiente para viver e serem felizes vivendo confortavelmente.
Análise da Obra.
Impossível separar o autor, o contexto histórico mundial e a visão de mundo do europeu do século XIX da obra.
O livro é escrito e se passa dentro de uma conjuntura neocolonialista e imperialista das nações europeias, que após sua Segunda Revolução Industrial estavam eufóricas à procura de matérias-primas e de novos mercados consumidores para despejar seus produtos.
O próprio protagonista é um típico aventureiro europeu do século XIX em busca de aventuras e riquezas na misteriosa África. Lembrando que o interior da África ainda era um lugar desconhecido para os europeus desta época.
Além disso, Quartelmar carrega consigo, em todo o livro, o conceito de “Missão Civilizatória do Homem branco” ou somente “fardo do homem branco”, ideia segundo o qual o homem branco europeu seria o detentor da civilização, do progresso e da cultura e por este motivo estaria destinado a carregar os outros povos atrasados –“meio crianças, meio demônios” – rumo à civilização.
O livro apresenta leitura rápida e bem fluida – em grande parte graças à tradução de Eça de Queiroz – sendo um típico romance de aventura do século XIX que tanto fez sucesso entre os europeus desta época, sendo em grande parte o responsável pelo surgimento de uma visão estereotipada sobre a África. Contudo, não devemos condenar o escritor, mas entender que ele era um homem de seu tempo e não haveria outra forma de ser.
Curiosidades.
A tradução feita para o português por Eça de Queiroz tornou-se mais famosa do que a original em Inglês.
Possuí quatro versões para o Cinema, sendo a de 1985 a mais famosa e menos fiel ao livro.
O livro surgiu como resultado de uma aposta de Haggard com o seu irmão, segundo a qual ele não conseguiria escrever um romance com metade da qualidade de "A Ilha do Tesouro" (1883) de Robert Louis Stevenson.
Referências.
HAGGARD, Rider. As Minas de Salomão. Tradução de Eça de Queiroz. Porto Alegre. L&PM, 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário