Biografia
de Henry Rider Haggard.
Sir Henry Rider
Haggard (1856-1925) foi um escritor britânico, filho de William Meybohm Rider
Haggard e Ella Doveton, que escreveu obras como As minas do rei Salomão, entre
outras, geralmente protagonizadas por exploradores ingleses que viajavam por
África.
Estudou na
Ipswich Grammar School. Aos dezenove anos, foi para a África do Sul como
secretário do governador da província de Natal. Quando o Transvaal foi anexado
à Grã-Bretanha em 1877, seguiu para lá como comissário especial. Voltou à
Inglaterra em 1879, e em 1880 casou-se com Mariana Margitson.
A partir de 1882
começou a escrever romances e, em 1885 lançou com sucesso King Solomon´s Mines
(As Minas do Rei Salomão), assegurando sua independência financeira. Foi
agraciado em 1919 com o título de Sir, por seus feitos brilhantes.
Como funcionário
da coroa inglesa na África do Sul, Rider Haggard pôde conhecer vários países e
uma enorme quantidade de costumes, crendices e lendas que influenciaram
fundamentalmente seu gênio literário.
Resumo
da Obra: As Minas de Salomão.
A história é
narrada em primeira pessoa pelo protagonista Allão Quartelmar e se apresenta
como um relato de suas memórias, mais parecido com um diário de viagem do
século XIX.
Quartelmar é um
cidadão inglês, caçador de elefantes, erradicado na África do Sul, que recebe a
proposta de encontrar o irmão desaparecido do Barão Curtis, que havia se
perdido pelo interior da savana africana enquanto viajava para as lendárias
minas do rei Salomão.
Após o acordo
sobre seus ganhos econômicos com a arriscada expedição, Quartelmar apresenta um
mapa que havia adquirido alguns anos antes e que nunca havia levado à serio. O
mapa seria de um português que havia conseguido chegar ao reino dos Kakuanas
trezentos anos antes.
Partem então
rumo ao reino dos Kakuanas, Quartelmar, Barão Curtis e o Capitão John. No meio
do caminho conhecem o nativo Umbopa (muito diferentes dos outros carregadores
negros por seus trejeitos, educação e fala bem articulada) e decidem leva-lo
junto com a expedição.
Com extrema
dificuldade atravessam o deserto, chegam ao seios de Sabá (cordilheira que
envolvia o reino dos Kakuanas e que possuía o formato de dois seios). Subindo a
montanha encontram em uma caverna o corpo congelado de José Silveira, o português
responsável por desenhar o mapa que eles seguiam. Após diversas adversidades o
quarteto adentra o território kakuana.
Após um breve
descanso, o grupo é atacado por um pelotão do exercito tribal, mas conseguem
reverter a situação dizendo que são homens vindos das estrelas e utilizando
armas de fogo dizendo serem mágicas.
Eles são levados
para o rei Tuala, que comanda seu povo com implacável violência. Tuala assumiu
o poder anos antes quando assassinou seu irmão, que seria rei, e exilou a
esposa e o filho de seu irmão, supostamente mortos no deserto. O rei Tuala é
apenas um rei de fachada, pois o verdadeiro cérebro por trás dele é uma velha
embusteira chamada Gagula.
É então revelado
que o verdadeiro nome de Umbopa é Ignosi, filho do rei assassinado por Tuala.
Uma rebelião tem início e mesmo em menor número, os rebeldes obtêm sucesso em
derrubar e matar Tuala.
Os ingleses
capturam a malvada Gagula e ela promete guiá-los para a montanha onde estão
localizadas as minas de Salomão. Ao achar o tesouro, Gagula os engana os prende
dentro da montanha. Sem luz e com pouca água, eles se preparam para morrer. Com
sorte, encontram uma rota de fuga, trazendo consigo, do enorme tesouro, apenas
uns poucos bolsos cheios de diamantes, mas ainda o suficiente para fazê-los
ricos.
Após
despedirem-se do rei Ignosi, o grupo deixa o vale dos Kakuanas e retorna ao
deserto rumo à civilização. Mas desta vez tomando uma rota diferente da
anterior, descoberta por caçadores de avestruz, e muito menos penosa. Qual não
é o assombro quando em um desses oásis encontram o irmão de Sir Curtis
"encalhado" com uma perna quebrada, incapaz de ir em frente ou de
voltar. Todos voltam para Durban e, por fim, para a Inglaterra, ricos o
suficiente para viver e serem felizes vivendo confortavelmente.
Análise
da Obra.
Impossível
separar o autor, o contexto histórico mundial e a visão de mundo do europeu do
século XIX da obra.
O livro é
escrito e se passa dentro de uma conjuntura neocolonialista e imperialista das
nações europeias, que após sua Segunda Revolução Industrial estavam eufóricas à
procura de matérias-primas e de novos mercados consumidores para despejar seus
produtos.
O próprio
protagonista é um típico aventureiro europeu do século XIX em busca de
aventuras e riquezas na misteriosa África. Lembrando que o interior da África
ainda era um lugar desconhecido para os europeus desta época.
Além disso,
Quartelmar carrega consigo, em todo o livro, o conceito de “Missão Civilizatória
do Homem branco” ou somente “fardo do homem branco”, ideia segundo o qual o
homem branco europeu seria o detentor da civilização, do progresso e da cultura
e por este motivo estaria destinado a carregar os outros povos atrasados –“meio
crianças, meio demônios” – rumo à civilização.
O livro
apresenta leitura rápida e bem fluida – em grande parte graças à tradução de
Eça de Queiroz – sendo um típico romance de aventura do século XIX que tanto fez
sucesso entre os europeus desta época, sendo em grande parte o responsável pelo
surgimento de uma visão estereotipada sobre a África. Contudo, não devemos
condenar o escritor, mas entender que ele era um homem de seu tempo e não
haveria outra forma de ser.
A
tradução feita para o português por Eça de Queiroz tornou-se mais famosa do que
a original em Inglês.
Possuí
quatro versões para o Cinema, sendo a de 1985 a mais famosa e menos fiel ao
livro.
O
livro surgiu como resultado de uma aposta de Haggard com o seu irmão, segundo a
qual ele não conseguiria escrever um romance com metade da qualidade de "A
Ilha do Tesouro" (1883) de Robert Louis Stevenson.
Referências.
HAGGARD,
Rider. As Minas de Salomão. Tradução
de Eça de Queiroz. Porto Alegre. L&PM, 2011.
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