quinta-feira, 24 de março de 2016

Fichamento: "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud. Cap 02

Considerado o maior trabalho de Sigmund Freud (1856-19390), "A Interpretação dos Sonhos" é o livro que inaugura a era da psicanálise. Neste estudo, o Mestre de Viena apresenta uma instância da mente que era,até então, ignorada: o inconsciente. Esse pressuposto foi o estopim de uma revolução teórica que permeou o debate sobre o comportamento humano no século XX.
                       
(P.63) Cap. II: O método de interpretação dos sonhos: análise de um sonho modelo.
O título da obra já deixa claro o objetivo primordial de Freud ao escrever esse livro: demonstrar que, diferentes do que acreditavam seus contemporâneos, os sonhos são possíveis de serem interpretados.
Acreditar na possibilidade de interpretação dos sonhos coloca Freud em oposição às teorias científicas de sua época. O autor assume, então, a posição dos leigos que sempre acreditaram que todo sonho tem um significado oculto. O mundo leigo sempre se preocupou em interpretar os sonhos e o fez de duas maneiras diferentes.
(P.64) O primeiro desses métodos considera o conteúdo dos sonhos como um todo, e procura substitui-lo por outro conteúdo que seja inteligível e, em certos aspectos, análogo ao original. Essa é a interpretação “simbólica” dos sonhos. Um exemplo é o sonho do faraó, proposta por José na Bíblia. Sete vacas gordas devoradas por sete vacas magras. Que foi simbolicamente entendida como sete anos de fome que consumiriam tudo o que fosse produzido em sete anos de abundância.
O segundo funciona por meio de “decifrações” que trata os sonhos como uma criptografia em que cada signo pode ser traduzido por outro signo de significado conhecido, de acordo com o código fixo. É o método utilizado pelos livros dos sonhos.
Não se pode imaginar nem por um momento que qualquer dos dois métodos populares de interpretação dos sonhos possa ser empregado numa abordagem científica do assunto.
(P.65) Por isso Freud elabora seu próprio método de interpretação dos sonhos, afirmando que os sonhos têm um sentido e que é possível um método científico para interpretá-los.
Foi no decorrer de seus estudos de psicanálise, que Freud, se deparou com a interpretação dos sonhos. Seus pacientes assumiam o compromisso de comunicar todas as ideias ou pensamentos que lhe ocorressem em relação a um assunto, e assim percebeu que o sonho pode ser inserido numa cadeia psíquica a ser retrospectivamente rastreada na memória a partir de uma ideia patológica.
(P.67) O primeiro passo é não interpretar o sonho como um todo, mas como partes separadas, fracionando-o, para que o paciente relate as associações que faz com cada fragmento do sonho. Neste ponto o método de Freud assemelha-se ao método leigo da “decifração”.
Mas ao contrário do método popular que decifra qualquer parte isolada do conteúdo do sonho por meio de um código fixo, Freud acredita que o mesmo fragmento de um conteúdo pode ocultar um sentido diferente para cada pessoa em cada contexto. No método de Freud não existe um “livro dos sonhos”, a interpretação do ato de sonhar, por exemplo, com uma cobra é diferente de acordo com as memórias e as vivências de cada pessoa.
(P.68) Não podendo utilizar como exemplo os sonhos de seus pacientes, Freud decide usar seu método de interpretação dos sonhos em si mesmo. Autoanalisando um sonho seu.
Assim o autor divide esta experiência em três partes: 1) preambulo, onde relata o contexto em vigília que o sonho foi produzido, e que por certo teve influência no sonho. 2) o sonho propriamente dito, onde relata em pormenores o sonho que teve na noite de 23 para 24 de junho de 1985. 3) análise, onde fragmenta cada aspecto de seu sonho e tenta buscar um motivo em suas lembranças para ter sonhado com isso.
(P.77) Ao fim diz: se adotarmos o método de interpretação dos sonhos verificaremos que os sonhos têm um sentido. Quando o trabalho de interpretação se conclui, percebemos que o sonho é a realização de um desejo.
Referências:
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. 1. Ed. São Paulo. Folha de S. Paulo, 2010. P.63-77.

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