terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Júnior. 4º Capítulo

Neste capítulo Caio Prado Junior nos leva a 

compreender as três grandes correntes migratórias
 que ocorreram no Brasil colônia, tendo como foco
 principal a última, que ocorre de forma quase 
imperceptível, mas que ajuda a deslocar
 o eixo econômico brasileiro, de forma 
definitiva, do nordeste para o sudeste. 
Cap 4: Corrente de Povoamento.
(P.71) A população no Brasil do Século XVIII não é estacionária: ocupavam territórios novos até então desertos, e abandonavam territórios já devastados. O povoamento estava longe da estabilização, sendo as ocupações e povoamentos quadros provisórios de um povo em movimento.
A evolução do nosso povoamento pode-se sintetizar em três grandes fases, cada qual com seu ponto de partida e seu impulso inicial em circunstancias históricas precisas e bem definidas.
A primeira se inaugura com a colonização e vai até fins do século XVII. Representa o período de ocupação inicial, os primeiros passos do estabelecimento português no território de sua colônia.
Territorialmente compreende o extenso litoral, desde o Amazonas até o Rio da Prata. No interior temos a penetração da agropecuária no sertão nordestino e o ligeiro avanço sobre o rio Amazonas.
(P.72) A segunda , será causada pelo furor da descoberta do ouro no centro do continente no século XVIII. Como foi dito anteriormente, formaram-se abruptamente diversos núcleos de origem mineradora no interior da colônia.
E por fim, a terceira fase que, segundo o autor, se fará de forma mais lenta e paulatina, sem arrancos ou confusões, de forma às vezes quase imperceptível. Ela ocorrerá na segunda metade do século XVIII.
Saint-Hilaire, viajando pelo Brasil, notou a extrema mobilidade do povo brasileiro. Imigravam a todo momento e algumas vezes por nada, apenas na esperança de encontrar um lugar melhor.
(P.73) Segundo Caio Prado Jr. estes deslocamentos constantes em busca de um melhor sistema de vida, influenciou de alguma maneira o caráter da colonização e do colonizado, que cultivava cana, café e algodão como extraia o ouro: como uma simples oportunidade de momento.
Ou seja, a colonização não se orienta no sentido de construir uma base econômica sólida, de exploração racional e coerente dos recursos do território para satisfazer as necessidades locais. Daí a sua instabilidade e a extrema mobilidade de seu povo.
Apesar desta mobilidade ser permanente e confusa, Caio Prado consegue destacar algumas linhas diretrizes gerais. Sendo uma das mais importantes correntes migratórias a que se verifica do interior para o litoral, efeito do já comentado, refluxo para a agricultura (após a decadência da mineração).
(P.74) Apesar do aumento da população no litoral desta época ser causado, em grande parte, pelo fluxo imigratório do exterior, uma boa proporção veio de correntes imigratórias do interior.
Além desta corrente migratória, ocorreram várias outras em todo o país.
Como no caso do avanço rumo ao interior das fazendas de gado do nordeste, ou o refluxo populacional do Ceará causado pela grande seca de 1791-3. Temos ainda o despovoamento progressivo do Mato Grosso e de Goiás após o fim do ciclo do ouro.
(P.75) O autor ainda analisa o caso mineiro, que segundo ele, foi menos traumático que o caso Goiano. Para o autor a decadência do ouro em Minas, só não foi mais dura graças ao surgimento de uma incipiente agricultura e pecuária na região.
(P.77) Em fins do século XVIII a mineração quase havia se extinguido em Minas Gerais, mas a agricultura (sobretudo do algodão) veio suprir este vácuo. Possibilitando ainda uma expansão mineira, que o autor denomina de centrífuga, rumo às bordas da capitania, avançando sobre outras províncias e criando diversos litígios entre elas.
(P.81) Caio Prado Júnior ainda analisa o caso paulista, que apesar da decadência do século XVIII, conseguiu se levantar em bases mais sólidas, graças ao cultivo de cana-de-açúcar nas terras roxas do interior (campinas), das fazendas de gado no sul e o café do Vale do Paraíba.
(P.84) Em suma, o que Caio Prado que nos trazer neste capitulo dos movimentos demográficos no centro-sul da colônia é a sua extrema complexidade. As correntes migratórias se cruzam e se entrecruzam. Novos territórios são ocupados e o café começa seu grandioso trajeto que transformará o país no correr do século em curso.
Tudo isso, são sinais do deslocamento do eixo econômico do Brasil, do nordeste para as capitanias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Disso saíra um novo equilíbrio político que será o do império, sobretudo na sua segunda parte.


Fonte: PRADO JÚNIOR, Caio: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo. Ed Brasiliense. 7ª reimpressão, da 23ª edição de 1994. Pág 71-84.

Nenhum comentário:

Postar um comentário