Cap
3: Povoamento do Interior
(P.55) O avanço sobre
o Tratado de Tordesilhas pelos portugueses e seus sucessores ocorreram por dois
fatores: a mineração e o avanço das fazendas de gado. Sendo exceção a região
norte por circunstancias próprias.
A primeira diferença visível
entre o povoamento derivado da pecuária e da mineração vem do fato que, a
pecuária avançou aos poucos, de forma contigua rumo ao oeste. Enquanto que o
povoamento decorrente da mineração foram rápidos e bruscos.
Os núcleos mineradores surgem em
zonas isoladas, ligadas ao litoral por pequenas estradas margeadas por longas
áreas desertas. A dispersão rumo ao interior é tão brusca e violenta, que estes
povoados perdem o contato com as fontes de onde brotaram.
(P.56)
Muito
diferente do povoamento levado pelas fazendas de gado, em especial a da Bahia,
onde paulatinamente as fazendas avançam rumo ao interior e por este motivo as
populações fixadas nestas regiões não perdem contato com seu centro irradiador.
No centro-sul (minerador) temos
uma população flutuante que migra de jazida em jazida buscando riqueza.
Deixando para trás pequenas cidades, antes apinhadas de gente.
Os três maiores núcleos
mineradores desta época foram Minas Gerais, Goiás e Mato-Grosso.
O autor da inicio, então, a uma
análise minuciosa das peculiaridades desses três núcleos.
(P.60)
Estas
são as três maiores zonas de povoamento decorrentes da mineração. Contudo,
existiam outras por todo o país, em sua maioria insignificantes, esporádicas e
subsidiárias de outras ocupações mais importantes.
(P.61)
Passemos
agora ao povoamento decorrente da expansão das fazendas de gado. Caio Prado
afirma que a área colonizada pela pecuária ultrapassa em muito a colonizada
pela mineração.
Ela surge para abastecer um
centro e se alastram de forma contígua a partir de um núcleo, com o qual não
perde contato (diferente da mineração). O centro a ser abastecido de gado e
carne é em geral agrícola, mas pode ocorrer de algumas vezes ser minerador.
Os principais núcleos agrícolas
rodeados de fazendas de gado se originaram no nordeste (de Pernambuco à Bahia),
no sudeste (Minas Gerais) e no sul (do Paraná ao Rio Grande do Sul).
O nordeste foi a primeira área a
ser utilizada pela pecuária, apesar da secura da suas terras, o que
impossibilitava a agricultura, o gado adaptou-se bem e foi largamente criado.
(P.62)
Contudo,
a impossibilidade de criação de grandes rebanhos e as secas recorrentes,
tornaram a carne nordestina menos competitiva frente a charque rio-grandense em
fins dos século XVIII. Contudo, até que isso acontecesse o nordeste progrediu,
sendo quase que inteiramente povoado.
(P.63)
Esta
ocupação, porém, é muito irregular, escassa e rala. O pessoal das fazendas de
gado não são numerosos. Algumas zonas foram mais povoadas que outras, em razão
da existência ou não de água. É sobretudo nas margens de poucos rios perenes
que se condensa a vida humana.
(P.65)
O
extremo sul da colônia também de povoou com fazendas de gado. Área esta,
geograficamente favorável à pecuária. Contudo, existia uma escassa população
litorânea que não adentrava o interior graças à existência da Serra do Mar que
dificultava o acesso.
(P.66)
O
autor trata ainda do caso da colonização de São Paulo. Geograficamente, ele era
um ponto de transição ente as serras de Minas e os campos do sul, graças também
aos seus rios que seguem em direção ao interior, São Paulo tornou-se um
importante ponto de contato e articulação entre as diversas regiões da colônia.
Foi de São Paulo, ainda, que
partiram as primeiras expedições rumo ao interior do continente. Penetração
inicialmente exploradora e predadora de índios e prospectora de índios e
povoadora ao final.
(P.67)
Entretanto,
São Paulo era apenas isso, um ponto de encontro de rotas, e quando novas rotas
surgiram o estado entrou em ostracismo, recuperando-se apenas em fins do século
XVIII com o advento da agricultura na região.
(P.68)
Por
fim, Caio Prado trata da colonização do norte do país, em especial a da região
amazônica. Que por sua localização geográfica, manteve-se isolada do restante
do país, fazendo comércio diretamente com Portugal. Sendo assim, a Amazônia
ficará a margem do sistema de toda colônia.
Sua colonização se dará
principalmente nas margens dos rios, não se alastrando rumo ao interior em
decorrência de suas florestas intransponíveis.
Fonte: PRADO JÚNIOR,
Caio: Formação do Brasil Contemporâneo.
São Paulo. Ed Brasiliense. 7ª reimpressão, da 23ª edição de 1994. Pág 55-70.
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