Resumo
Ótimo texto de Fátima da Cruz Rodrigues que nos apresenta a
maneira como a cartografia se aliou ao poder e ao sistema colonial vigente na
sua busca pela expansão do poder e manutenção do status quo.
Utilizando-se de diversos exemplos, a autora deixa claro como a
Geografia neste momento delimita espaços territoriais nas colônias e cria um
imaginário sobre as possessões e o poder das coroas neste momento da história.
Boa Leitura!
Logo no início do texto a autora Fátima da Cruz Rodrigues deixa
claro o ponto de partida e a problemática que esta pesquisa pretende abordar.
Primeiro; “analisar o papel dos mapas na construção, material e
imaginada, do mundo colonial”. Onde, com base nesta premissa, questionará a
produção destes mapas a partir de duas abordagens que guiarão sua linha de
pensamento durante o desenvolvimento do texto. 1º: Como o surgimento destes
mapas serviram para a consolidação do poder das metrópoles frente às colônias e
como estes simplesmente menosprezaram os habitantes que já viviam nestas regiões.
2º: Como a cartografia subjugou as outras formas de demarcar, reconhecer e
nomear os territórios.
Buscando assim, como diz a própria autora “refletir sobre
a interdependência entre a construção dos mapas políticos e as forças sociais,
políticas e ideológicas que os condicionam”. Em outras palavras, até que
ponto as forças dominantes dentro de uma sociedade são influentes na construção
dos mapas políticos? Sabe-se que a geografia muitas vezes foi conivente com os
poderes coloniais e “que estas delimitações são poderosos instrumentos de
controle (...) não só da construção de impérios como também em sua manutenção”.
2. Mapas e conhecimentos
Segundo a autora os mapas políticos são frutos da “transformação
da ciência em única forma de conhecimento válido” surgido no contexto
da expansão do capitalismo e do colonialismo europeu do inicio da Idade
Moderna. Buscando assim, entender como a cartografia suprimiu as outras formas
de se representar o espaço, que não se enquadravam aos parâmetros científicos
ocidentais.
Definições de Cartografia, de Mapas e de Projeções Cartográficas.
Segundo Cruz e Alves “a Cartografia pode ser definida como
a Ciência e arte de expressar graficamente, por mapas ou cartas o nosso
conhecimento da superfície da Terra e dos seus aspectos”. Ciência quando se
utiliza da metodologia científica e seu léxico próprio, e arte quando se
expressa através do desenho da superfície terrestre.
Os mapas são representações seletivas da realidade, que durante
sua confecção privilegia determinados espaços em detrimento de outros.
E as projeções cartográficas são as medidas matemáticas de
longitude e latitude em que um determinado mapa será confeccionado. Um exemplo
utilizado no texto chama a atenção para a “projecção do mercator” que está
totalmente dentro de suas projeções matemáticas, mas tem como centro a Europa e
o hemisfério norte extremamente maior que o sul. Ao se ler nas entrelinhas
deste mapa pode-se chegar à conclusão de que há uma supervalorização do homem
branco, ocidental europeu em relação ao restante do mundo. Neste mapa fica
claro seu caráter político e ideológico.
História da Cartografia.
A história da cartografia é extremante eurocêntrica, tem como base
inicial as descobertas gregas, mas sem levar em conta se elas foram autóctones
ou provenientes do contato com outras culturas. Uma pequena exceção se abre
apenas para a China e sua cartografia bem mais avançada na época. A base da
história da cartografia fica mesmo na época da expansão marítima europeia,
quando todo o conhecimento técnico foi posto realmente em prática.
Outros Mapas
A metodologia cartográfica nega todas as outras formas de se fazer
cartografia que não se utilizam de seus métodos. Um exemplo é o caso dos mapas
dos povos que habitavam a região do atual México, estes mapas apresentavam os
pontos de localização, mas como os nativos desconheciam a escala e as projeções
os mapas se equivocavam nas distâncias.
Neste caso como no caso dos mapas dos povos africanos o
colonizador se sentiu à vontade para utilizá-lo, expropria-lo e depois ignorá-lo
após o mapeamento ser feito por um ocidental.
A autora cita ainda o mapa como um meio de repressão aos povos
nômades, pois a civilização sedentária europeia tem uma relação com a terra de
uma maneira diferente dos povos pré-colombianos, dos Africanos e dos aborígenes.
Os Mapas ao Serviço da Expansão Colonial.
O Tratado de Tordesilhas (1494) é o mais
conhecido ato de aplicação da cartografia no imaginário mundial e na manutenção
do status quo. O tratado que dividiu o mundo em dois tem como
característica principal ter sido criado sem um profundo conhecimento do que
existia para a esquerda ou para a direita da linha imaginária. Mas foi
fundamental, após o descobrimento total do continente, para a manutenção do
poder. Um outro exemplo é o caso do mapa cor-de-rosa.
Os Novos Mapeamentos
4. Conclusão.
A autora finaliza analisando como a cartografia colonial “corresponde
a um discurso de poder, tanto político, como epistemológico”. As colônias
deveriam ser exploradas e subjugadas e é nesse sentido de controle sobre o novo
território que a geografia prestou um grande favor aos países colonialistas.
Ela – a geografia – garantia a “possessão material e intelectual” das
novas terras conquistadas, pois considerava as terras recém-anexadas como
espaços vazios em seus mapas, prontos para serem descobertos e explorados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário