Wilhelm Dilthey (1833-1911): Tópicos.
Nasceu em 19 de novembro de 1833 em
Briebrich. Preparava-se para o sacerdócio, mas por influência de Leopold
Rank voltou-se para a filosofia e a história. Diplomado com 24 anos, tornou-se
professor da Universidade da Basiléia. Em 1882 foi a Berlim tomar a
cadeira de filosofia, onde ficou até sua morte em 1911. (...)
A compreensão dos outros e das suas
manifestações de vida.
Para Wilhelm Dilthey é na compreensão de
si próprio e na ação recíproca que compreendemos as manifestações de vida das
outras pessoas. E é de grande importância a compreensão dos outros para o
conhecimento histórico.
1. As manifestações de vida:
São as expressões que dizem ou significam
qualquer coisa e aquelas que tem o propósito de se tornar uma expressão de uma
vida mental.
Existem três classes de manifestação de
vida: os juízos, as ações e as expressões da experiência.
Os conceitos e os Juízos: São desligados da vivência em que ocorreram.
O juízo é a validade de um conteúdo de pensamento independente das
circunstancias de seu aparecimento e da diferença de épocas ou pessoas, reside
ai o sentimento de identidade.
Ações: Ela nasce não na intenção de realizar uma
comunicação, mas visando um fim que já se encontra implícito. A ação não define
a vida interior de onde brotou.
Expressão da vivência: tem uma relação forte entre ela à
vida da qual provém e a compreensão que provoca. Ela apenas pode ser julgada
como sincera ou insincera e não como verdadeira ou falsa.
Tudo o que resulta da vida do dia-a-dia
subordina-se aos interesses dessa vida, tudo quanto depende permanentemente da
transitoriedade tem o seu significado determinado pelo momento.
2. As formas elementares da compreensão:
Ela começa a se manifestar nos interesses
da vida prática.
As pessoas são colocadas diariamente um
contato umas com as outras e devem aprender a se compreenderem mutuamente. Cada
uma tem de saber o que a outra quer mesmo sem se utilizar da fala.
O processo de compreensão elementar
baseia-se na relação da expressão com o que nela se exprime.
3. O espírito objetivo e a compreensão
elementar:
Espírito objetivo são as múltiplas formas
sob as quais se objetiva no mundo dos sentidos a experiência. E isso é comum a
todos.
É neste espírito que o passado se torna
para nós presente constante. Como os estilos de vida, os costumes, o direito, o
Estado, as artes etc.
E é dentro deste mundo do espírito
objetivo que nascemos, crescemos e recebemos as primeiras influências.
É a partir dessa experiência comum que
existe uma conexão entre expressão e coisa expressa. Que volta as formas
elementares de expressão.
Podendo assim qualificar a manifestação de
vida como sendo a expressão de uma vida mental.
4. As formas superiores de compreensão:
A passagem das formas elementares para as
formas superiores surge do fato de a compreensão partir do contexto normal da
manifestação de vida e da vida mental que nela se exprime.
Das relações da vida surge à necessidade
de formular juízos sobre o caráter ou a capacidade de cada indivíduo.
Para isso contamos com o significado dos
gestos e de expressões deste indivíduo e nos utilizamos do raciocínio de
analogia.
As formas superiores então se fundamentam
na relação entre expressão e coisa expressa. Ela parte de uma manifestação e
por meio da indução torna compreensível a estrutura de um todo.
A compreensão tem sempre por objeto algo
individual. E nas formas superiores parte de uma apreensão indutiva do todo
seja ela uma obra ou uma vida.
O espírito objetivo e a força do indivíduo
determinam o mundo espiritual e é na compreensão de ambos que se fundamenta a
história.
5. Transposição, recriação e revivência:
A transposição é uma tarefa da compreensão
quando o eu é transposto seja para um ser humano seja para uma obra.
A compreensão constitui em si mesma uma
operação inversa ao processo de ação. A compreensão deve seguir a ordem dos
fatos, movendo-se progressivamente com a própria vida.
A revivência segue essa cronologia e seu
êxito está no fato de julgarmos estarmos diante de um todo contínuo. Como por
exemplo quando um romancista ou um historiador segue o processo histórico.
Toda visualização de um ambiente ou de uma
situação estimula em nós a revivência.
E a imaginação permite-nos acentuar ou
diminuir sua ênfase, para assim recriarmos a vida mental de outra pessoa. E
assim transportar-me para outras épocas e vivenciar em imaginação muitas outras
existências.
6. A exegese ou interpretação:
O uso da recriação e revivência de
experiências alheias ou do passado resultam de um dom.
Quando esse dom é trabalhado torna-se
técnica. Essa técnica evolui graças à evolução da consciência histórica que está
ligada a compreensão. A compreensão sistemática das manifestações de vida para
sempre fixadas chamamos exegese.
A exegese se consuma da interpretação dos
vestígios da existência humana contida nos escritos. Sendo a base nas artes da
filologia e nas ciências da hermenêutica.
O ponto de partida para o estabelecimento
da verdade do testemunho das ciências do espírito parte do caráter da vivência
que a percepção da realidade.
A compreensão parte do princípio de
localizar o historiador na situação de um leitor de época ou do ambiente do
autor.
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