Revolução Cubana exemplo clássico de como uma guerrilha apoiada pelo povo derrota um exército regular.
Resumo:
Muitas vezes entendemos guerrilha como algo
relativamente novo, ligado às diversas revoluções ocorridas durante o século XX,
o que não está totalmente incorreto. Entretanto, este tipo de combate nada tem
de novo.
Guerrilha quer dizer pequena guerra e é exatamente
isso o que ela é. Formada geralmente por um grupo armado, que com um fuzil na
mão e uma ideia na cabeça, iniciam combates contra um exército regular a fim
enfraquecê-lo e desmoralizá-lo para assim alcançar um objetivo. Gozando de
extrema mobilidade e ocultados em meio à população, a guerrilha é um tipo de
guerra não-convencional, fato que confunde o adversário acostumado a guerra
tradicionais onde se conhece o inimigo.
O texto aqui apresentado, baseando-se em experiências de diversas guerrilhas, expõe os princípios básicos de um movimento armado guerrilheiro. Desde seu inicio até sua possível vitória.
O texto aqui apresentado, baseando-se em experiências de diversas guerrilhas, expõe os princípios básicos de um movimento armado guerrilheiro. Desde seu inicio até sua possível vitória.
Boa Leitura.
GUERRILHA: Partindo do nada.
A tática de
guerrilha nada tem de novo, o emprego de grupos armados em emboscadas e
escamurças, causando o gradual desgaste de um exército regular, é forma de luta
presente desde a antiguidade. Há referências desde 400 a.C nas obras de Sun
Tzu.
A guerrilha se tornou a forma mais comum de luta na
contemporaneidade, manifestando-se sob varias formas distintas. Entretanto, os
grupos guerrilheiros têm algo em comum. Todos operam partindo de uma posição de
desvantagem diante de um inimigo mais poderoso, e tendem a usar métodos
semelhantes.
É comum certa confusão quanto a princípios e
definições, particularmente porque a guerrilha é hoje normalmente considerada
como instrumento de revolução política. Ouvimos referências a “ação de
guerrilha revolucionária” ou ação de “guerrilhas urbanas”. Na realidade não foi
a guerrilha que mudou, mas apenas os resultados finais de seu emprego. Mao
Tse-Tung é considerado o pai da guerrilha revolucionária.
Em todos os casos, é preciso criar certa capacidade
militar partindo virtualmente do nada, e usá-la para atacar o inimigo. Não
contando com grandes contingentes, adestramento e armas suficientes é
impossível a guerrilha realizar uma campanha nos moldes convencionais. Ela
começa quase do zero.
E tais vitórias pequenas podem acontecer. Os
exércitos convencionais são organizações complexas destinadas a vencer o
inimigo pela superioridade das armas, para isso precisam receber suprimentos
por rodovias ou ferrovias e devem ter controle do país através do qual se
movem, assim ocupam cidades e posições. Tudo isso vem a calhar para a
guerrilha. Ela pode ser fraca e mal equipada em termos relativos, mas seus
homens se identificam com o ambiente, conquistando apoio local, além de terem
conhecimento detalhado do terreno.
A guerrilha não depende de vias normais de
suprimento e desfruta de notável flexibilidade tática. Não precisa fixar tropas
em território conquistado e não tem restrições quanto à duração de sua
campanha. De fato quanto mais durar a campanha, maior a possibilidade de
aumento do poderio.
Mantendo-se em esconderijos e escolhendo seus alvos,
a guerrilha pode lançar uma força muito concentrada contra pontos vulneráveis,
independente do efetivo inimigo. O adversário é obrigado a defender todo seu
território, espalhando demais as tropas em todas as áreas a serem protegidas, e
facilitando assim a flexível guerrilha a montar a seu modo uma campanha de
desgaste.
Além disso, considerando que cada ataque da
guerrilha significa captura de armas e aumento de prestigio, as forças
irregulares ganharão em poderio bélico, enquanto o exército convencional se
desmoraliza e se enfraquece. No final será alcançado um equilíbrio de forças,
após o que a guerrilha poderá se preparar para atacar e vencer.
Seria enganoso pensar que uma campanha de guerrilha
seja coisa fácil. Há muitos problemas e é essencial que durante todo o curso da
campanha haja liderança e boa organização. Os movimentos guerrilheiros sejam de
qual finalidade forem, raramente surgem espontaneamente; eles são criados,
alimentados e programados, e surgem sempre de uma posição de desesperada
fraqueza militar.
A chave do sucesso final está nas razões que fizeram
surgir o movimento de guerrilha. O guerrilheiro sente que lhe é infligido um
sofrimento de tal gravidade, que vale a pena arriscar à própria vida, e há
possibilidade de que, se ele sente isso grande parte da população tenha o mesmo
ponto de vista. A maior força de uma organização guerrilheira é a firme e tenaz
devoção de seus militantes, e o grande apoio mesmo que passivo da população.
Transformar grandes parcelas do povo insatisfeito em
combatentes é tarefa de líderes. É essencial que o líder encarne a insatisfação
local, saiba exatamente de que o movimento é capaz e tenha habilidade para
atingir seus objetivos. Não é de admirar que os grandes líderes de guerrilha
sejam figuras carismáticas como Fidel, Ho Chi Minh e Mao Tse-Tung.
Todavia, independentemente de sua capacidade, o
líder, como passo inicial, tem de encontrar uma base segura onde possa treinar
e preparar suas forças. A área adequada para o treinamento é o campo. Um local
afastado, que não ofereça grande interesse às autoridades, apresenta várias
vantagens. A presença do inimigo será muito reduzida, particularmente se a área
for distante de estradas importantes. Os habitantes não estarão intimidados e
submissos, conhecerão lugares de difícil acesso, montanhas, florestas ou
pântanos.
Estabelecida à base, problema seguinte para o líder
é o recrutamento de militantes. Muitas pessoas da área podem querer reunir-se a
ele, ou talvez ele tenha de persuadi-los, apelando para o sentimento
nacionalista ou prometendo melhorias sócio-econômicas e políticas a longo
prazo.
A guerrilha precisa obter armas. Alguns podem ter
sobrado de combates convencionais, outras podem ser importadas de países
amigos, alguns fabricam suas próprias armas, mas para a maioria a única fonte
acessível é o inimigo. Na verdade a captura de armamento incentiva o início da
ação militar. Esses ataques iniciais são moderados. Postos isolados de um
exército podem ser conquistados por meio da surpresa e de eventual força
numérica, resultando na captura de armas e aquisição de experiência. Ataques
isolados dessa natureza podem ser considerados apenas como banditismo, isso
permite à guerrilha agir contra outros postos avançados. Quando o inimigo
constatar a amplitude da oposição guerrilheira, já terá perdas significativas.
Empregando armas capturadas, particularmente armas
portáteis (morteiros, metralhadoras ou minas) eles são capazes de atacar de
surpresa e com sucesso, desaparecendo em seguida pelas matas e montes, antes
que o inimigo se recupere. Diante de tais derrotas o inimigo provavelmente
recuará até suas bases na cidade e tentará conter em vez de vencer. Isso dá a
guerrilha a oportunidade de expandir-se, formando novos grupos em zonas rurais adjacentes,
estendendo sua tática de desgaste do inimigo.
Por fim, com o controle guerrilheiro de toda a área
em volta da cidade ela tornar-se-á sitiada. Chegou então à hora de dar inicio
ao estágio seguinte da campanha, passando das táticas de guerrilha para os
combates mais convencionais e a esperança de uma vitória final.
FARC-EP Colômbia
EZLN-México
Exemplos de Guerrilhas originárias do séc.XX que ainda estão em atividade.
Muita bom, a clareza do assunto é didática. Vou fazer um link do meu BLOG para cá.
ResponderExcluirGratp. Marcos
Muito obrigado Marcos, continue acessando o blog e todo material disponível aqui é livre. Apenas cite a fonte por favor.
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