Só o fato de existir é algo penoso ao homem e o mito serve como um meio de integrá-lo a natureza que até o momento não lhe pertencia. |
I. A consciência
mítica como estrutura do ser no mundo
(P.23) O
tempo dos mitos, pré-história da filosofia, é o tempo em que o mito reina sem
rival. Para o homem do tempo dos mitos, o mito não é apenas um mito, mas a própria
verdade. Sua única explicação de mundo...
O mito para o homem moderno é irreal, fantástico, ilógico. Sendo que para
o “primitivo” é a verdade absoluta, ele vive o mito.
O mito está ligado ao primeiro conhecimento que o homem adquire de si
mesmo e do que o rodeia. Para o primitivo, não há duas visões de mundo, uma “real”
e uma “mítica”, mas uma leitura da paisagem.
Desde sempre a consciência humana tenta buscar uma ordem no universo, um significado.
O mito serve como estrutura do universo impondo ordem ao cosmos. O mito é a estrutura
do conhecimento dos povos antigos, ou seja, a forma como o conhecimento se
organiza, se forma, se transmite, etc.
(P.24) O
mundo, até então privado de sentido adquire um sentido. A vida primitiva, em
sua simplicidade, aparece ao homem civilizado como a amizade do homem com a
natureza, onde as técnicas ainda não o transformaram em um novo universo
complexo e absurdo.
Só o fato de existir é algo penoso ao homem e o mito serve como um meio
de integrá-lo a natureza que até o momento não lhe pertencia.
(P.25) Durante
as páginas 25, 26 e 27, Gusdorf analisa as diferentes formas que os teóricos pensam
o mito.
(P.28) A
própria palavra mythos, que vem do grego e quer dizer palavra, já mostra como o
intelectualismo grego já havia reduzido à mentalidade primitiva. Recolocado em
seu contexto vivido, o mito se afirma como a doutrina do ser no mundo. Nem a
teoria, nem a doutrina, mas inserção do homem no mundo.
Mito X Ciência.
O mito confere sentido à vida (existência) e ao mundo. Ela é uma
estrutura do conhecimento primitivo, porém é assistemático. O mito é concreto,
conhecimento “engajado”. A ciência é sistemática, abstrata, baseada em teorias,
hipóteses, métodos que devem ser provadas. Conhecimento imparcial. Conhecimento
racional. A ciência é conhecimento puro. O mito é concreto e a ciência é
abstrata.
O mito não é uma ciência em estado imaturo! O grande erro é considera-la
um sistema, como um conjunto ordenado, construído seguindo um plano pré-concebido.
Na verdade ele é um agregado de mitos que muitas vezes se contrapõe.
Bibliografia:
GUSDORF; Georges: Mito e
Metafísica. Introdução a filosofia. Ed Centaruro SP. 1980. Pág 23-28.
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