domingo, 19 de novembro de 2017

Resumo Joaquim Nabuco: Minha Formação

Joaquim Nabuco (1849 – 1910).
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em Recife no dia 19 de agosto. Era filho do senador e conselheiro liberal Nabuco de Araújo, maior influência de sua vida.
Foi batizada na capela do engenho de Massangana, que era propriedade dos padrinhos que o criaram até os 8 anos.
Com a morte de sua madrinha, Joaquim vai viver no Rio de Janeiro com seus pais, onde estudou no colégio Pedro II e mais tarde – com 16 anos – ingressou no curso de direito de São Paulo (1868) e transferiu-se para a faculdade de direito do Recife (1870).
Na faculdade foi contemporâneo de grandes nomes da política e da literatura brasileira como Rui Barbosa, Rodrigues Alves, Castro Alves e Afonso Pena. Ainda estudante defendeu no júri um escravo acusado de matar seu senhor que o maltratava e um guarda que tentou conter sua fuga.
Abolicionista e contrário a pena de morte, atraiu para si a antipatia de poderosos fazendeiros, o que lhe fechou as portas à carreira pública. Teve assim, com a ajuda de seu pai, que ingressar na carreira diplomática. Foi adido de legação diplomática em Londres e em Washington.
Com a volta dos liberais ao poder, Nabuco ingressou na política brasileira como deputado (1878). Defendendo: eleições diretas, presença de não-católicos no Parlamento e a imediata abolição da escravatura sem indenização aos senhores de engenho. Em 1880 fundou a sociedade brasileira contra a escravidão e em 1882 perdeu as eleições ao parlamento, exilando-se voluntariamente em Londres.
Escreveu nesta época o livro O Abolicionismo (1884), em que expôs pela primeira vez as ideias de liberdade dos escravos junto com Reforma Agrária – defendendo a ideia de que a abolição só faria sentido se viesse acompanhada com a democratização da terra.
De volta ao Brasil, elegeu-se deputado por Pernambuco (1885) e empenhou-se na campanha de adoção de uma monarquia federativa sob e regência da princesa Isabel.
Em 188 foi recebido pelo papa Leão XIII, a quem pediu um encíclica em favor da libertação dos escravos. A promessa dessa encíclica teve grande repercussão no Brasil.
Extinta a escravidão em 1888, Joaquim Nabuco continuou fiel a monarquia brasileira e com a queda do regime imperial afastou-se da política e dedicou-se somente a escrita. Ingressando na Academia Brasileira de Letras.
Em 1900, após dez anos de luto pela monarquia, a convite do presidente Campos Sales, assumiu o cargo de ministro plenipotenciário em Londres lutando pelo litígio territorial entre Brasil e Guiana Inglesa.
Em 1905 foi nomeado o primeiro embaixador brasileiro em Washington, tornando-se amigo pessoal de várias personalidades americanas da época, como o próprio presidente Theodore Roosevelt. Morreu nesta mesma cidade em 1910.
Minha Formação (1900).
Não há dúvidas de que o livro Minha Formação de Joaquim Nabuco é a melhor autobiografia brasileira de seu tempo. Esta obra dividida em 26 capítulos escritos entre 1893 e 1899, relatam detalhadamente a formação intelectual, moral, educacional e ideológica deste grande brasileiro.
Minha Formação figura como uma importante obra de memórias, onde se percebe o paradoxo de quem foi educado por uma família escravocrata, mas optou pela luta em favor dos escravos.
Inicialmente devemos entender que Joaquim Nabuco era antes de tudo um monarquista inexorável, fiel a família real e defensor de um parlamentarismo como o inglês. Politicamente liberal e progressista acreditava que a transição para a democracia no Brasil só poderia ser feita mediante atuação da família real, o que lhe garantiu a alcunha de reformista, uma vez que via com maus olhos as transformações abruptas defendidas por uma revolução.
Lutou por reformas (como a agrária), pelo abolicionismo, pelo parlamentarismo, pela família real e antes de tudo lutou pelos interesses do Brasil no exterior, graças a sua grande carreira diplomática. Foi um grande brasileiro.
Resumo: Minha Formação.
Cap. 01: Colégio e Academia.
A base de seu liberalismo é apoiada em dois alicerces, seu colégio e seu pai. Estudou no colégio D. Pedro II na mesma época em que seu pai havia trocado o Partido Conservador pelo Liberal (1864-1865). A história política brasileira é marcada desde a Regência pela passagem de jovens liberais, para velhos conservadores. O velho Nabuco iniciou o movimento contrário.
Em S. Paulo na Faculdade de Direito entrou em contato com os grandes autores de sua época. Leu de tudo, em especial os franceses. Afastou-se do catolicismo. E continuou liberal, mas suas ideias flutuavam entre a monarquia e a república. Acabou decidindo pela monarquia após ler o livro Constituição Inglesa de Walter Bagehot em 1869.
Cap. 02: Bagehot.
Nabuco percebia a existência de dois modelos de governos progressistas em sua época: a república norte-americana e a monarquia parlamentarista inglesa. Segundo ele o modelo estadunidense lhe parecia mais livre e popular, mas a monarquia constitucional democratizada seria para o Brasil um modelo melhor de governo, uma vez que aqui já havia uma família real.
As ideias que Nabuco herda de Bagehot são poucas, mas centrais em sua ideologia política.
Bagehot descontrói o modo clássico de explicar a Constituição Inglesa, que tradicionalmente acreditava que: 1º o sistema inglês consistia na separação entre os três poderes. 2º que esses poderem são equilibrados.
Para o autor, na Inglaterra os poderes Executivo e Legislativo estão unidos pelo laço do gabinete, sendo assim só há um poder a “câmara dos comuns”. Ou seja, o sistema inglês baseia-se na fusão desses dois poderes. No rival deste sistema – o presidencialismo – os poderes legislativo e executivo estão separados. Isso possibilita que:
Em tempos de paz:
1.      O legislativo cria os impostos utilizados pelo executivo. Quando há rivalidade entre esses dois poderes o legislativo pode asfixiar o executivo, o que pode gerar crises. No parlamentarismo quando isso ocorre a câmara pode ser dissolvida. Na república a dissolução do poder é dramática uma vez que todas as legislaturas possuem um prazo pré-determinado.
2.      A monarquia parlamentarista tem uma grande participação popular, já que o povo sabe que o que ocorre no parlamento tem influência direta em suas vidas. Ou seja, o povo se politiza, ou contrário do que ocorre na República em que a participação popular termina na hora do voto.
3.      O antagonismo entre esses poderes enfraquecem tanto o legislativo quanto o judiciário.
Tempos difíceis:
1.      Executivo e Legislativos cooperam.
2.      Republicanismo tem o congresso dividido em facções rivais e todos os mandatos são pré determinados, o que engessa a tomada de decisões, já que o governo republicano foi eleito e estruturado em um momento e a situação nacional pode se transformar durante este período.
Antes de ler Bagehot, Nabuco tinha preconceitos em relação a hereditariedade da monarquia e da influência da aristocracia. Mas percebeu que isso são as partes imponentes da Constituição Inglesa e servem para conservar o respeito da população. A família real gera calma nacional, mesmo em tempos de crise. Mesmo que hajam eleições periódicas, as classes pobres e ignorantes imaginam ser governadas por soberanos hereditários que governam pela graça de Deus, mesmo que na verdade eles sejam governados por pessoas que eles próprios elegeram. Além de que, a pompa da realeza aguça a imaginação e o sentimento dos súditos. “Enquanto a espécie humana tiver muito coração e pouca razão, a realeza será um governo forte, porque se harmoniza com os sentimentos espalhados por toda parte, e a república, um governo fraco, por que se dirige a razão”.
O que Nabuco herdeu de Bagehot foi esse entendimento da superioridade prática do governo de gabinete inglês sobre o sistema presidencial americano. Mostrando como uma monarquia secular de origens feudais, cercadas de traduções e formas aristocráticas, podia ser um governo mais popular do que a República.
Cap. 03: 1871-1873: A Reforma.
Nabuco saiu da academia monarquista e favorável a hereditariedade real. Segundo ele, a grande vantagem deste sistema era a não interrupção de um projeto de longo prazo, já que não há interrupções periódicas como na república. Se não fosse Bagehot, Nabuco seria republicano, pois era a moda da época.
Contudo, ele não saiu da academia totalmente monarquista e um exemplo disso foi um artigo seu escrito em 1871 no Jornal Reforma, onde critica a série de viagens de D. Pedro II a Europa, dizendo em tom de sarcasmo que o mesmo deveria mesmo é conhecer a América (republicana). Foi só aos poucos que esse monarquismo prevaleceu.
No mesmo período em que Rio Branco (conservador) deu início a uma série de Reformas Liberais, gerando muito confusão entre os liberais, que migraram para o Republicanismo, Joaquim Nabuco fez o caminho contrário saindo do Republicanismo e migrando para o Monarquismo.
Cap. 04: Atração do Mundo.
Nabuco nunca se viu como um político (que atua dentro de um país), mas sempre admirou a política por seu viés histórico. Nunca gostou da política partidária e das disputas internas, preferindo analisar a política contemporânea global. É mais um espectador do século do que de seu país. Lógico que a abolição da escravatura e a expulsão de D. Pedro II do Brasil o abalou, mas são casos mais humanos do que políticos. Sua ambição política foi puramente intelectual, considerando-se cosmopolita de mais para se ater somente as coisas nacionais.
Cap. 05: Primeira Viagem à Europa (1873).
 Viagem que mudou sua vida, transformando-o profundamente, colocando-o em contato com grandes nomes da música, literatura, política, filosofia, entre outros, de seu tempo. Este viagem foi o cimento em sua ideologia monarquista.
Cap. 06: A França de 1873 – 1874.
Esteve na França durante a instauração da Terceira República Francesa (1870-1940), primeiro regime duradouro desde a Revolução Francesa de 1789. Esta assembleia levou nove anos para escrever a Constituição (1870-1879), em geral a dúvida era se os franceses adotariam a monarquia ou a República. Nabuco acompanhou os debates.
Cap. 07: Ernest Renan
Desde a faculdade, a literatura e a política alternavam-se nas ocupações de Nabuco. Inicialmente a política, mas após sua viagem à Europa a literatura o dominou (1873-1879), e ao final deste período de volta a política como deputado da Câmara de deputados.
Ernest Renan foi um escritor francês que Nabuco admirava e conhecia pessoalmente de sua estadia na Europa. O auge de sua fase literária veio quando Renan leu e elogiou diversos versos que Nabuco escreveu em francês.
Cap. 08: A crise poética.
Nabuco percebe que não nasceu artista e que seus versos não possuíam nada de especial. Mas este período em que esteve na Europa e que se dedicou exclusivamente as artes lhe tocou de uma espessa camada europeia totalmente impermeável a políticas locais, ideias preconceituosas, paixões partidárias e etc. Isolando-se de tudo o que na política não possuísse estética (republicanismo).
Cap. 09: Adido de Legação.
Entre 1873 e 1878 a política é algo secundário para Nabuco, mas este também é o período de consolidação de seu espírito monarquista. Entrou para a Diplomacia em 1876, ao perceber que os cargos públicos devem ser confiados a quem melhor pode desempenhá-lo.
Cap.10: Londres.
Na Inglaterra sua defesa da monarquia solidificou-se, tornando-se mais forte e duradoura. Este capitulo é dedicado a elogiar a capital britânica.
Cap. 11 Grosvenor Gardens.
Relata como conviveu com a aristocracia londrina neste endereço.
Cap. 12: A Influência Inglesa.
Nabuco acredita que o Republicanismo tem por base o ressentimento das ações contrárias durante seu processo revolucionário. É um regime político que nasce do ódio.
Muitos especialistas do tempo de Nabuco acreditavam que o liberalismo econômico caminhava inevitavelmente para o Republicanismo, mas a Inglaterra prova que isso não é verdade. A Inglaterra é o maior país do mundo, graças aos seus juízes, tão poderosos quanto o maior nobre ou a família real. O sentido de igualdade de direitos é profundo entre a sociedade inglesa. O governo inglês e a liberdade inglesa são monárquicos, o governo mais livre do mundo é uma monarquia!
Como este é um país livre Nabuco encontrou republicanos na Inglaterra, mas estes serviam em última análise para melhorar a própria monarquia, não deixando que ela se corrompesse.
Cap. 13: O espírito Inglês.
 O espírito inglês é a norma de conduta ao qual todo inglês deve obedecer, é o centro de inspiração moral que governa todos os seus movimentos.
As reformas inglesas são comandadas por algumas regras elementares:
1.      Conservar tudo o que não seja um obstáculo ao melhoramento;
2.      Que o melhoramento justifique o sacrifício da tradição;
3.      Respeitar o inútil que tenha cunho de época, só demolir o prejudicial;
4.      Substituir de forma provisória para que o tempo diga se consagramos ou rejeitamos a mudança;
5.      A reforma deve respeitar o que os outros construíram antes, respeitando o que as outras épocas construíram.
6.      A reforma é feita pedra por pedra.
Outro fator que dirige o espirito do progresso é o espirito de realidade ou utilitarismo, rejeitando a teoria e buscando a necessidade prática. As reformas devem ter vantagens econômicas.
Política e religião estão intimamente ligados na Inglaterra e Nabuco vê isso como algo bom, já que as duas tem o mesmo objetivo: elevar a condição moral do homem.
Cap. 14: Nova York (1876-1877).
O que Nabuco viu nos EUA não mudou, mas aprofundou seu pensamento monárquico, pois o espirito político americano é uma variação do espírito político inglês, ao qual o autor chama de espírito anglo-saxônico.
Nubuco esteve nos EUA republicano justamente durante a conturbada eleição do democrata Tilden, onde durante as eleições as urnas do Sul foram fraudadas pelos republicanos e ambos candidatos reclamaram a vitória. A câmara era Democrata, o Senado Republicano e até o mês de março os EUA tiveram dois presidentes levando o país à beira de uma guerra Civil. O espirito Anglo-Saxão interveio e as casas resolveram entregar a questão a uma comissão especial. A solução foi inglesa, diferente da guerra civil dos latinos.
Cap. 15: Meu diário 1877.
Conta sobre a política mundial e os grandes acontecimentos ocorridos neste ano, em especial na França e nos EUA.
Cap. 16: Traços Americanos.
Aqui ele apresenta por que considera a democracia dos EUA a melhor ideia de democracia na América.
Politicamente, umas das coisas que mais chamaram a atenção de Nabuco nos EUA foram as campanhas eleitorais. O candidato tem sua vida vasculhada pelo rival, de tal forma que se alguma coisa estiver fora de ordem será utilizada na campanha contrária. O efeito colateral disso é a moralização da vida privada daqueles que desejam entrar para a política.
Uma vez que os dois partidos participam de esquemas de corrupção eventos da vida pública não geram efeitos, agora deslizes na vida privada são fulminantes para a derrota do rival.
Não há nada no sistema político americano que é melhor do que o inglês. Diferente da monarquia parlamentarista inglesa, a república presidencialista atrai a pior classe de homem, uma vez o debate não é no campo das ideias, mas das relações pessoais, afastando da política homens de honra que zelem por sua reputação.
Cap. 17: Influência dos EUA.
Os dois anos que passou nos Estados Unidos influenciaram muito o pensamento de Nabuco. Ele vê neste país uma moral anglo-saxônica muito forte, que se transformou pelo distanciamento de tempo e espaço com a Inglaterra, gerando um povo muito diferente. As instituições políticas inglesas são mais atuantes e presentes na Inglaterra, enquanto que nos EUA quase não são sentidas.
O principal efeito do republicanismo americano em Nabuco foi o de apenas corrigir o que houvesse de supersticioso sobre o seu monarquismo: direito divino e consagração super-humana do monarca.
Cap. 18: Meu pai.
Joaquim foi profundamente influenciado por seu pai José Tomás Nabuco de Araújo Filho. Essa influência não tem nada de doutrinação ou dominação, mas algo mais parecido com fascínio.
Seu pai fez parte do “grupo de moços” do Gabinete Paraná – Caxias (1853-1857) o mais longo e brilhante do Império até aquele momento. Gabinete conhecido como Ministério da Conciliação, pois o imperador decidiu formá-lo após a última guerra civil do Império, abrindo a política aos elementos liberais, sem tirar da direção os conservadores.
Mas foi apenas após sua morte, estudando sua vida e pesquisando o vasto acervo deixado por ele, que Joaquim Nabuco pode entender a personalidade política do pai.
Cap. 19: Eleição de deputado.
Até 1878 foi o período de formação política, entre 1879 e 1889 era o momento da ação política. Como bandeira política decidiu lutar pela abolição, interesse que trazia consigo desde a adolescência. Nabuco assumiu o cargo de deputado após a morte do pai em 1878.
Neste período as audiências são marcadas por grandes discursos – ser um bom político era ser bom discursista – e Nabuco considera este período como o de seus melhores e mais importantes discursos, o de maio de 1881 e o de Recife pronunciado no teatro Santa Isabel entre 1884 e 1885.
Cap. 20: Massangana.
Até os oito anos viveu em um engenho na zona rural de Pernambuco, uma típica fazenda escravista, fechada em si mesma, sem interferências externas, com a casa grande no centro e as senzalas ao redor.
Foi criado por sua madrinha e teve na infância como melhores amigos os filhos dos escravos.
Sua impressão mais forte sobre a escravidão remonta a sua infância, quando um escravo fugido da vizinhança foi até o engenho de Massagana e atirou-se aos seus pés, implorando que sua madrinha – que tinha fama de tratar bem os escravos – o comprasse.
Com a morte de sua madrinha o engenho se desfez entre os herdeiros e o jovem Nabuco foi enviado para o pai. Segundo ele não havia nada mais traumático para os escravos do que a mudança de um senhor de engenho para outro. Além do orgulho do Senhor de Engenho, havia uma espécie de orgulho íntimo do escravo, uma dedicação parecida com a de um animal doméstico. Isso, claro referente a fazenda Massagana, onde a escravidão era muito antiga e vinha de gerações, onde a hereditariedade e as relações fixas entre o senhor e os escravos, juntamente com o isolamento com a restante do mundo, transformava o engenho em uma espécie de tribo. Isso era impossível em fazendas gigantes do sul (onde o escravo não conhecia seu senhor). Um exemplo é que a morte da Madrinha de Nabuco ele percebeu que os escravos a abençoavam como se eles fossem os devedores.
Cap. 21: Abolição.
Quando a campanha da abolição se iniciou em 1879, ainda existiam no Brasil cerca de 2 milhões de escravos, e seus filhos ainda viviam até os 21 anos em uma espécie de cativeiro. Em menos de dez anos após o início da campanha a escravidão chegou ao fim, isso segundo Nabuco aconteceu porque já não cabia a existência de um sistema escravista no mundo. Não havendo no Brasil nenhum grupo da sociedade brasileira que ainda apoiasse a escravidão.
Para Nabuco a escravidão durou tanto no Brasil graças a doçura nacional. Enquanto que nos EUA há uma guerra entre raças, aqui houve uma fusão e uma escravidão branda.
Este capitulo ainda mostra o processo de luta pela abolição e a ação principal de dois grupos que trabalham juntos, misturavam-se, mas buscavam coisas diferentes: um a ação política e outro a ação revolucionária.
A luta abolicionista no Brasil pode ser dividida em duas fases:
1.      1879-1884: em que os abolicionistas lutavam sozinhos e com recursos próprios.
2.      1884-1888: em que a causa foi adotada pelos dois grandes partidos do Brasil.
Seu maior amigo desta época foi André Rebouças que não era um bom orador, mas um intelectual de primeira ordem e trabalhava nos bastidores. Rebouças sempre pressentiu que o fim da escravidão causaria uma grande desgraça a dinastia.
Nabuco ainda dedica este capitulo aos grandes nomes do abolicionismo brasileiro, em especial a José do Patrocínio, que ele considera como a figura símbolo deste período, ele era a própria revolução.
Cap. 22: Caráter do movimento – a parte da dinastia.
A abolição teria sido outra se fosse feita através da educação religiosa, passando a ideia de geração a geração. Infelizmente, o espírito revolucionário teve de executar em poucos anos a tarefa que havia sido desprezada por um século. A política escolhe as sementes, a religião prepara o terreno. O movimento contra a escravidão no Brasil foi antes um movimento de caráter humanitário e social do que religioso, por isso o movimento não teve uma profundidade moral. Assim, a corrente abolicionista parou no mesmo dia da abolição e no dia seguinte refluía.
Segundo Nabuco, se a raça negra soubesse que a abolição levaria à Proclamação da República, teriam desistido do 13 de maio.
Essa curta dinastia teve somente três nomes: o fundador (D. Pedro I) que liderou a independência, seu filho (D. Pedro II) que com 15 anos assumiu um império enfraquecido e a beira da fragmentação, salvando a unidade nacional, e princesa Isabel que libertou os escravos. O primeiro do Estado, o segundo da Nação e a Terceira do povo. O fim da monarquia não foi uma queda foi uma assunção.
Cap. 23: Passagem pela política.
Narra os personagens que o apoiaram na vida política e alguns casos que ocorreram durante sua campanha eleitoral e sua vida política.
Cap. 24: No vaticano.
Nabuco sempre se ressentiu com a indiferença do clero perante a escravidão. Então, eis que no jubileu sacerdotal do papa Leão XIII, as pastorais convidaram as dioceses a enviar cartas de liberdade ao Santo Padre. Nabuco que acabara de se eleger deputado em Pernambuco viu ai uma oportunidade. Foi a Roma e encontrou-se com o Papa no Vaticano (um encontro curto de uns 15 minutos).
Nabuco pensou que não haveria católico no Brasil que poderia ir contra uma súmula do papa. O fato é que esta súmula só saiu após a abolição no Brasil – O papa e o ministério brasileiro (conservador) atrasaram o quanto puderam tal declaração. Leão XIII tornou-se um símbolo antiescravagista e Nabuco Humildemente disse que serviu-lhe apenas de porta voz.
Cap. 25: O barão Tautphoes.
Mestre intelectual de Nabuco. Capitulo dedicado a rasgar elogios ao grego radicado no Brasil e sua sabedoria única.
Cap. 26: Os últimos dez anos (1889-1899).
A queda do império pós fim a carreira de Nabuco.
De 1889 a 1890 ele ainda está impactado com o 15 de novembro.
1891: morte do imperador.
1892 – 1893: retorno a religião.
1893 – 1895: abalado pela morte de Saldanha.

Nesse meio tempo (1893) e nos próximos 6 anos se dedica a elaboração da biografia do pai.
Fonte:
NABUCO, Joaquim. Minha Formação. 3ª reimpressão. São Paulo: Martin Claret. 2011.