(P. 209) Cap. 11: O véu de Maia.
(P. 210) “Para aqueles em quem a vontade negou a si mesma, este nosso mundo, tão
real, com seus sóis e galáxias é nada”. Schopenhauer.
(P. 211) Desafetos alemães.
Influenciados
por Kant, as terras germânicas do fim dos séculos XVIII e XIX viu surgir uma
série e filósofos. Entre eles Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) e Arthur
Schopenhauer (1788-1860). Figuras totalmente opostas e rivais na filosofia e na
vida.
Hegel
tem uma escrita rebuscada e extremamente pesada. Schopenhauer dizia que ele não
sabia escrever.
Kant
em seu livro Crítica da Razão Pura” define os limites do que podemos pensar,
encontrando as condições que tornam o próprio pensamento viável.
Bom,
se há um limite, quer dizer que há uma fronteira e Hegel busca mapear essa
fronteira para de alguma forma, atravessá-la. Pois, uma fronteira não tem um lado
só.
(P. 212) Hegel critica Kant
por este analisar a consciência humana sem considerar o processo que lhe dera
origem. De onde veio nossa razão? Para Hegel ela vem da própria realidade. A
razão é o fundamento da existência, e não um filtro humano para compreendê-la.
Hegel
elabora o conceito de Geist (espírito
ou mente), que alguns interpretam como a mente única de toda humanidade. Para
Hegel, existe um sentido em tudo o que aconteceu no mundo, desde a primeira
agitação de moléculas até hoje – e esse sentido seria a expansão do espírito em
direção ao absoluto. Para ele nada seria aleatório na História, tudo justificaria
o desfecho final (o surgimento do Estado Moderno – que para ele, era o estágio
superior desse processo).
Para
Hegel a razão sempre supera as perspectivas por meio de um processo chamado de
dialético (uma tese é contraposta por uma antítese, surgindo uma síntese – que abarca
os dois pontos contraditórios). A síntese então se tornaria uma tese que seria
contraposta por outra antítese e assim por diante até chegar a ideia absoluta –
uma perspectiva total sobre a verdade, em que todas as contradições vão
desaparecer.
(P. 213) Vontade e Representação.
(P. 214) Schopenhauer
considerava-se um kantiano autêntico. E simplificou a visão de Kant sobre a forma
como filtramos a realidade. Kant afirmou que a consciência humana funcionava a
partir das “formas de sensibilidade” – o tempo e o espaço – e 12 categorias de
entendimento. Para Schopenhauer todos esses conceitos derivam apenas da distinção
entre sujeito e objeto – essa seria a base de toda experiência que temos do
mundo – sempre deve haver o sujeito que experimenta e o objeto que é
experimentado. A partir dessa distinção, a consciência elabora o tempo, o espaço,
a causalidade, criando assim nossa representação do mundo.
(P. 215) Schopenhauer
elabora também o conceito de “véu de Maia”, que é tudo aquilo que nos separa da
verdadeira face da realidade. O mundo real seria, segundo ele, uma força cega,
incessante, desprovida de propósito – a vontade. A vontade apenas nos empurra
adiante no vão propósito de existir e nada mais. No fundo a própria existência
não faz sentido. A vida não tem nenhum grande propósito e viveríamos no pior
dos mundos possíveis. (P. 216) E a
melhor maneira de viver seria dando as costas ao mundo e renunciando a todos os
desejos de esperança.
(P. 217) A dança de Apolo e Dionísio.
(P. 218) Friedrich Nietzsche
(1844-1900) era um helenista por excelência e acreditava que o verdadeiro
sentido da realidade não se encontrava na obra de grandes filósofos como Platão
e Aristóteles, mas nas antigas tragédias gregas. (P. 219) Nietzsche se perguntava, por que os gregos adoravam a
encenação destas desgraças? Simples, pois todas as civilizações possuem a intuição
de que o sofrimento é inerente a existência e a arte (essas representações) é a
única capaz de salvar a humanidade do desespero absoluto.
(P. 221) Nietzsche
apreciava os pré-socráticos (em especial Heráclito) pois, neles o pensamento
não era separado da vida, e a reflexão era uma forma de enriquecer e afirmar o
vigor da existência. Mas tudo mudou com Sócrates – o mestre de Platão – que dividiu
a realidade em dois reinos, o sensível e o inteligível, subordinando o primeiro
ao segundo. A existência mundana passou a ser medida e avaliada com base em princípios
distantes e supostamente superiores. Sócrates matou o “homem trágico” e criou o
“homem teórico” e foi esse homem que Nietzsche tratou de demolir.
(P. 222) Em obras
posteriores os ataques a Sócrates e Platão, transformou-se em ataques ao
cristianismo. Para Nietzsche, o cristianismo e o platonismo, ao projetarem todo
valor metafísico em um reino inatingível forjaram um mito que impede o ser
humano de viver plenamente neste mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário