quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Filosofia Alemã pós-Kant: Hegel, Schopenhauer e Nietzsche



(P. 209) Cap. 11: O véu de Maia.
(P. 210) “Para aqueles em quem a vontade negou a si mesma, este nosso mundo, tão real, com seus sóis e galáxias é nada”. Schopenhauer.
(P. 211) Desafetos alemães.
Influenciados por Kant, as terras germânicas do fim dos séculos XVIII e XIX viu surgir uma série e filósofos. Entre eles Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) e Arthur Schopenhauer (1788-1860). Figuras totalmente opostas e rivais na filosofia e na vida.
Hegel tem uma escrita rebuscada e extremamente pesada. Schopenhauer dizia que ele não sabia escrever.
Kant em seu livro Crítica da Razão Pura” define os limites do que podemos pensar, encontrando as condições que tornam o próprio pensamento viável.
Bom, se há um limite, quer dizer que há uma fronteira e Hegel busca mapear essa fronteira para de alguma forma, atravessá-la. Pois, uma fronteira não tem um lado só.
(P. 212) Hegel critica Kant por este analisar a consciência humana sem considerar o processo que lhe dera origem. De onde veio nossa razão? Para Hegel ela vem da própria realidade. A razão é o fundamento da existência, e não um filtro humano para compreendê-la.
Hegel elabora o conceito de Geist (espírito ou mente), que alguns interpretam como a mente única de toda humanidade. Para Hegel, existe um sentido em tudo o que aconteceu no mundo, desde a primeira agitação de moléculas até hoje – e esse sentido seria a expansão do espírito em direção ao absoluto. Para ele nada seria aleatório na História, tudo justificaria o desfecho final (o surgimento do Estado Moderno – que para ele, era o estágio superior desse processo).
Para Hegel a razão sempre supera as perspectivas por meio de um processo chamado de dialético (uma tese é contraposta por uma antítese, surgindo uma síntese – que abarca os dois pontos contraditórios). A síntese então se tornaria uma tese que seria contraposta por outra antítese e assim por diante até chegar a ideia absoluta – uma perspectiva total sobre a verdade, em que todas as contradições vão desaparecer.
(P. 213) Vontade e Representação.
(P. 214) Schopenhauer considerava-se um kantiano autêntico. E simplificou a visão de Kant sobre a forma como filtramos a realidade. Kant afirmou que a consciência humana funcionava a partir das “formas de sensibilidade” – o tempo e o espaço – e 12 categorias de entendimento. Para Schopenhauer todos esses conceitos derivam apenas da distinção entre sujeito e objeto – essa seria a base de toda experiência que temos do mundo – sempre deve haver o sujeito que experimenta e o objeto que é experimentado. A partir dessa distinção, a consciência elabora o tempo, o espaço, a causalidade, criando assim nossa representação do mundo.
(P. 215) Schopenhauer elabora também o conceito de “véu de Maia”, que é tudo aquilo que nos separa da verdadeira face da realidade. O mundo real seria, segundo ele, uma força cega, incessante, desprovida de propósito – a vontade. A vontade apenas nos empurra adiante no vão propósito de existir e nada mais. No fundo a própria existência não faz sentido. A vida não tem nenhum grande propósito e viveríamos no pior dos mundos possíveis. (P. 216) E a melhor maneira de viver seria dando as costas ao mundo e renunciando a todos os desejos de esperança.
(P. 217) A dança de Apolo e Dionísio.
(P. 218) Friedrich Nietzsche (1844-1900) era um helenista por excelência e acreditava que o verdadeiro sentido da realidade não se encontrava na obra de grandes filósofos como Platão e Aristóteles, mas nas antigas tragédias gregas. (P. 219) Nietzsche se perguntava, por que os gregos adoravam a encenação destas desgraças? Simples, pois todas as civilizações possuem a intuição de que o sofrimento é inerente a existência e a arte (essas representações) é a única capaz de salvar a humanidade do desespero absoluto.
(P. 221) Nietzsche apreciava os pré-socráticos (em especial Heráclito) pois, neles o pensamento não era separado da vida, e a reflexão era uma forma de enriquecer e afirmar o vigor da existência. Mas tudo mudou com Sócrates – o mestre de Platão – que dividiu a realidade em dois reinos, o sensível e o inteligível, subordinando o primeiro ao segundo. A existência mundana passou a ser medida e avaliada com base em princípios distantes e supostamente superiores. Sócrates matou o “homem trágico” e criou o “homem teórico” e foi esse homem que Nietzsche tratou de demolir.
(P. 222) Em obras posteriores os ataques a Sócrates e Platão, transformou-se em ataques ao cristianismo. Para Nietzsche, o cristianismo e o platonismo, ao projetarem todo valor metafísico em um reino inatingível forjaram um mito que impede o ser humano de viver plenamente neste mundo.
 BOTELHO, José Francisco. Uma Breve História da Filosofia: São Paulo. Abril. 2015. P.209-224.

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