Análise do Livro O Queijo e os Vermes de Carlo Ginzburg
O Autor.
Carlo Ginzburg nasceu
em Turim na Itália em 1939, filho do professor e tradutor Leone Ginzburg e da
romancista Natalia Ginzburg. Iniciou sua formação na Escola Normal Superior de
Pisa, concluindo os estudos no Instituto Warburg em Londres...
Ginzburg formou-se em
História e passou a lecionar na Universidade de Bolonha. Mas logo se mudou para
os EUA onde passou a lecionar nas Universidades de Harvard, Yale, Princeton e
da Califórnia, ocupando por duas décadas a cadeira de Renascimento Italiano. Em
2006 retornou a Itália e agora leciona na mesma Escola Normal Superior de Pise
onde iniciou sua formação.
Carlo Ginzburg está
entre os intelectuais mais notáveis da Itália e seus livros já foram traduzidos
para mais de 15 línguas. Estando entre os pioneiros e principal nome da
Micro-história.
Micro-história.
Segundo Giovanni Levi
a Micro-história surgiu durante os anos 1970, e deriva da crise do
marxismo como metodologia e interpretação. Essa falência dos sistemas e
paradigmas existentes requeria não tanto a construção de uma nova teoria social
geral, mas uma completa revisão dos instrumentos de pesquisas
atuais e a micro-história foi apenas mais uma
das diversas respostas que surgiram a essa crise.
A micro-história como
uma prática é essencialmente baseada na redução da escala da
observação em uma análise microscópica e em um estudo intensivo do
material documental. Entretanto, não basta somente chamar atenção para causas e
efeitos em escalas diferentes. Para a micro-história, a redução da escala
é um procedimento analítico, que pode ser aplicado em qualquer lugar,
independentemente das dimensões do objeto analisado. O que é alvo de críticas
de diversos historiadores.
O princípio
unificador de toda pesquisa micro-histórica é a crença em que a observação
microscópica revelará fatores previamente não observados.
Ainda segundo Levi,
apesar das diversas interpretações errôneas sobre à micro-história, ela deve
ser entendida como um “zoom” em uma fotografia. O pesquisador observa um
pequeno espaço bastante ampliado, mas ao mesmo tempo, tendo em conta o restante
da paisagem, apesar de não estar ampliada.
A obra: O Queijo e os
Vermes.
Esta pesquisa surgiu
por acaso, enquanto Carlo Ginzburg pesquisava sobre uma seita italiana de
curandeiros e bruxos, o historiador se deparou com um julgamento
excepcionalmente detalhado. Tratava-se do depoimento de Domenico Scandella,
dito Menocchio, um moleiro [1] do norte da Itália,
que no século XVI ousara afirmar que o mundo tinha origem na putrefação.
Segundo ele: “Tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de
todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo que o queijo
é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos”. Graças
ao fascínio dos inquisidores pelas crenças desse moleiro, Ginzburg encontrou
farta documentação a partir da qual pôde reconstruir a trajetória de Menocchio
num texto claro e atraente, tanto para especialistas quanto para leigos, e
desembocar em uma hipótese geral sobre a cultura popular da Europa
pré-industrial.
Ginzburg busca neste
livro, não apenas reconstruir a vida e o julgamento de Menocchio, mas
principalmente entender como essas ideias se manifestaram em sua mente, como
surgiram, quais foram seus influenciadores, quais livros leu, como leu, como
absorveu o conhecimento contido nesses livros, com quem conversou e assim por
diante.
Resumo:
Domenico Scandella,
vulgo Menocchio, nasceu em 1532 em Montereale na Itália. Casado e pai de 7
filhos, sustenta a família através de sua profissão de moleiro. Outro dado
importante sobre Menocchio é que este sabia ler, escrever e somar.
Em suas conversas
Menocchio sempre dizia ter vontade de falar a um rei, papa ou príncipe tudo o
que achava que estava errado na religião e esta foi a sua chance. Criticou a
igreja, a missa em latim, a santíssima Trindade, os evangelhos, o poder da
igreja, e apresentou aos inquisidores sua teoria de criação do mundo.
Após meses de
interrogatório, Menocchio foi condenado à prisão perpétua e a usar pelo resto
de sua vida uma túnica com uma cruz no peito. Ficou então encarcerado por três
anos, até que seu filho conseguiu por meios diversos uma espécie de segunda
chance para seu pai. Onde este poderia sair da prisão, mas jamais tirar a
túnica, sair da cidade ou voltar a blasfemar.
E foi tudo o que
Menocchio não fez saiu da cidade várias vezes para trabalhar, tirava a túnica,
pois com esta não conseguia serviço, e aos poucos voltou a dizer heresias. Logo
foi novamente denunciado, torturado, julgado, condenado e desta vez executado.
Análise.
Este livro narra
então à história de Menocchio e busca nela suas leituras, discussões,
pensamentos e sentimentos, além de sua cultura e o contexto social em que ela
se moldou. Como é possível que um moleiro do interior da Itália do século XVI
tenha desenvolvido uma teoria tão complexa e crítica contra os mais diversos
dogmas da igreja católica.
Menocchio viveu em
uma época conturbada com a invenção da imprensa que possibilitou a rápida
impressão e circulação de livros em língua vulgar, a Reforma Protestante de
Lutero e a Contrarreforma da Igreja Católica da qual foi vítima.

Apesar de ler os
livros, parece que Menocchio se valia apenas do que lhe dizia respeito, ou
seja, suas leituras eram deformadas, mas de forma inconsciente. O autor
acredita que o que ocorria era que o moleiro se servia de trechos de diversos
livros para validar suas opiniões já formadas pela cultura oral.
Isso mostra como sua
reflexão é bem pessoal, apesar de receber estímulos dos livros e das conversas
com viajantes. Todas as diversas idéias que ele recebe são processadas em seu
cérebro formando assim sua visão única de mundo.
Fechando assim com a
idéia de que Menocchio, como diz Carlo Ginzburg logo no início do livro é um
personagem singular e não representativo, recusando a delimitá-lo respeitando
assim sua originalidade, que tanto causou espanto entre os inquisidores.
Esta é a história de
Menocchio, um homem simples de uma cidade pequena do interior da Itália, que
impressionado pelo que sabia e pelo que lera, teve coragem de blasfemar contra
a igreja católica durante o peírodo Contrarreforma. E que graças a Ginzburg e
a, se assim podemos dizer, igreja Católica (que guardou toda a documentação
deste período) conseguimos conhecê-lo.
Sites consultados:
http://www.infoescola.com/biografias/carlo-ginzburg/
acessado em 04/01/2012
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microhist%C3%B3ria
acessado em 04/01/2012
Bibliografia:
BURKE, Peter
(org.): A Escrita da História. São Paulo: Editora UNESP, 1992,
360pp.
GINZBURG,
Carlo: O Queijo e os Vermes; o cotidiano de um moleiro perseguido pela
inquisição. São Paulo, Companhia das Letras, 2006. 255pp.
[1] Dono de moinho.
Muito bom
ResponderExcluirMuito obrigado, um elogio é sempre um incentivo para seguir adiante.
ResponderExcluirnssa esse livro é mt chato
ResponderExcluirQue maravilhoso trabalho o seu!!!
ResponderExcluirEsse livro é fabuloso! Amei! O resumo ficou muito fidedigno! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado Carlos, continue visitando o blog.
Excluirparabéns
ResponderExcluirola! muto ligal! buenos dias>.
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiyyyyyyyyyyyyyyyyy
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