A forma como se escreve a história mudou muito
desde seu surgimento até a atualidade.
Cap. 1: A Conquista Grega da
História
(P. 11) Nas origens: Os
Logógrafos:
Uma nova maneira de apresentar as
“origens”.
O termo logographoi designa (sécs.
VI e V a.C) os primeiros “escritores em prosa” que se interrogavam sobre suas
raízes, tentando ir além das explicações mitológicas. Surgiram na Jônia,
desejando tornar a história grega mais racional. Apesar de fragmentadas, suas
obras manifestam o divórcio com a tradição da explicação das origens pelo
mito...
Hecateu de Mileto (540-476 a.C).
(P. 12) É o mais conhecido entre os
logógrafos antigos. Era geógrafo e historiador onde escreveu sobre Genealogias,
buscando a origem das famílias que se diziam descendentes de deuses e heróis.
Fugindo das explicações maravilhosas.
De Heródoto à Políbio.
Heródoto de Halicarnasso (490-425
a.C). A investigação como história.
Com Heródoto a história fez
enormes progressos. (P. 13) O título de sua obra, História,
revela sua evolução em relação aos logógrafos. Pois, esta significa
investigação, pesquisa, informação. Reconstruindo acontecimentos através de
depoimentos escritos e orais, inaugurando a tradição da história factual
detalhada.
Tornando-se testemunha e árbitro
da memória grega, mas sem se libertar do maravilhoso.
A memória e sua celebração.
Segundo Cícero, as obras de
Heródoto eram escritas de forma a seduzir o leitor. E seus relatos muitas vezes
não passavam pelo crivo do verdadeiro ou não. Todavia, sua história das Guerras
Médicas mostram uma consciência até então desconhecida da importância das
guerras na história do mundo mediterrâneo. Mostrando o distanciamento entre a
história e a tradição mítica.
(P. 14) Heródoto diz querer reconstruir a
história para que “o tempo não apague os trabalhos de outros homens e que os
grandes atos realizados seja pelos gregos, seja pelos bárbaros, não caiam no
esquecimento”. Recusando o helenocentrismo, destaca a necessidade de
conhecimento do outro, elevando a história à posição de saber patrimonial e
universalista.
Tucídides (460-396 a.C) e a
afirmação da história.
Um método e um pensamento
histórico.
Tucídides estabeleceu um novo
método crítico da história. Ultrapassando o simples esforço da cópia e buscando
um conhecimento científico do passado, fundado em um encontro entre logos e Chronos [1].
Assim como Heródoto, ele parte de
uma apresentação clássica da história grega. Entretanto, ele continua até o
tempo presente, fazendo uma análise crítica dos depoimentos escritos e orais
que reúne sobre a guerra do Peloponeso.
(P. 15) Tucídides aperfeiçoa um enfoque que
favorece o amadurecimento do gênero histórico. Através da preponderância da
cadeia factual e causal criticando as fontes, restabelecendo os fatos,
organizando-os e analisando-os.
A história como um legado cívico.
O desejo de legitimação da
história em Tucídides não assegura a veracidade de seus escritos, mas confirma uma
preocupação dupla: proceder como pedagogo e fazer os gregos compreenderem a
utilidade do conhecimento histórico. (P. 16) Ele quer fazer da
história um “monumento-tela posto na frente da realidade, para a edificação das
gerações vindouras”.
Políbio (205-120 a.C), o
observador da ascensão de Roma.
Durante os 17 anos em que Políbio
ficou refém em Roma, conjugou as fontes e suas próprias memórias para narrar a
conquista do mundo pelos romanos entre os séculos III e II a.C.
(P. 17) Ele encara a história como um
exercício rigoroso de interpretação do passado. Por preocupação com a exatidão
e por desprezo pelas compilações simples, Políbio considera que toda boa
história só pode sair de uma memória viva: ou seja, para ele o essencial é ter
vivido os acontecimentos que descreve. Para isso utiliza sua própria
experiência e os depoimentos dos exilados que encontra em Roma.
Problemática, causa e
demonstração.
Políbio busca a explicação sobre
como e graças a qual governo o Estado Romano pôde estender sua dominação a
quase toda a terra habitada em menos de 53 anos.
(P. 18) “Nada de provável nem de
improvável pode acontecer sem uma causa”. Desse modo Políbio vai mais longe que
seus predecessores. A busca pela causa, e a presença da problemática o obriga a
abordar todas as questões, trazendo a história um racionalismo mais pronunciado
do que Tucídides, mesmo se deixando levar pelo finalismo (providência dos
acontecimentos).
Um espaço novo de pensamento.
Da lenda aos homens.
Em quatro séculos a história
avançou, impondo uma demarcação entre o lendário e o “real”. A origem do poder
e o presente, agora podem ser explicados pelos fatos e causas humanas.
Uma ciência fonte de reflexão.
Os historiadores gregos justificavam
a ideia de uma reflexão sobre o passado e a memória. O homem a sociedade e todo
o mundo que os rodeavam estavam no centro de suas interrogações. A história
tornou-se uma ciência humana.
Um período rico e fundador.
(P. 19) As regras editadas pelos
historiadores gregos constituem a origem distante do método histórico
contemporâneo.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Cáp.2: Clio no Tempo de Roma
(P. 21) Uma História tardia.
As causas do atraso.
O desenvolvimento da
historiografia romana é tardio. Seu início data dos séculos III e II a.C, ou
seja, cinco séculos após a fundação de Roma. As principais causas dessa
história tardia são: primeiro a historiografia grega domina o mundo romano, e a
deficiência de fontes graças a um arquivo deficiente.
Além do fato de que a ideia de
nação leva muito tempo para tomar corpo. A história com função cívica de
legitimação ainda não aparece.
(P. 22) Os analistas
Foram os primeiros a tentar
resgatar o passado romano (séc. III a.C). Diferente da forma grega do relato
contínuo e explicativo, os analistas fazem um trabalho de compilação
cronológica esclarecida, tendo como fonte calendários, listas de cônsules,
memórias familiares etc. Geralmente medíocre, os analistas apenas juntam as
citações umas às outras.
Que história?
A celebração da grandeza romana
Na virada do século II para o
século I a.C, desenvolve-se o fio condutor da história romana: construir uma
história da qual Roma é o centro, para afirmar seu papel prestigioso e
celebrá-lo, para estabelecer um tesouro “político” e nacional (j. Hours).
A prioridade da eloquência
[2]
(P. 23) A história romana pertence
primeiro a área da literatura, da eloquência e da retórica, postas a serviço da
exaltação nacional. Catão (234-149 a.C) é o primeiro a escrever em latim
reivindicando a importância da ruptura com o grego. Seu objetivo é convencer um
auditório, pois os historiadores declamavam suas obras.
Nas pegadas do gênio romano
(P. 24) Clio, musa “nacional”.
A partir do séc. I a.C, a
história romana se aperfeiçoa. Roma permanece o personagem central da história.
Sempre buscando na história a grandeza romana. Nesse ponto, o rigor científico
passa a segundo plano.
Clio romana não é uma ciência.
Ciceroniana no plano estilístico, é uma história que tem como objetivo maior
enaltecer as instituições morais e políticas de Roma, mantendo o gênio romano.
Salústio (86-35 a.C): uma
densidade moralizada.
(P. 25) Tribuno da plebe e protegido de
César, Salústio retira-se da vida pública para escrever monografias. Admirador
de Tucídides, escreve interessado nas causas e motivações dos grandes atores da
história romana. A obra salustiana constitui um avanço para a historiografia
romana.
Tito Lívio (59 a.C-17 d.C.),
dramaturgo da história.
Tito Lívio dedica-se inteiramente
à literatura e a história, onde fica evidente seu apreço pela análise da longa
duração. Seu trabalho é didático e moral: “as qualidades morais de um povo
forjam seu destino”.
(P. 26) Não é um homem de métodos.
Desconfia pouco de suas fontes. Sua obra contém anacronismos e contradições.
Um gênero em busca de si mesmo
(P. 27) No séc. I, a história romana está
longe da exigência esperada de uma verdadeira curiosidade científica. Essa
história medíocre decorre do fato de que querendo ao mesmo tempo enaltecer Roma
e protegê-la dela própria, os historiadores, sensíveis antes de tudo à arte da
narração e da demonstração política, preocupavam-se mais com a moral do que com
a história propriamente dita.
Tácito (56-117 d.C.), observador
da decadência.
Tácito foi criticado por sua
parcialidade e falta de exatidão. Apesar disso produz uma obra-prima da
historiografia, impregnada de vontade de “pensar o assunto”.
Um estilo denso e incisivo.
(P. 28) Tácito é um grande orador, o que
influência definitivamente seu estilo de escrever.
Uma abordagem metódica e
pessimista.
Revela-se ainda um dos maiores
historiadores de sua época, segundo M.C Howatson. Pessimista, mas dotado de um
senso de desenvolvimento e ironia, Tácito, utiliza-se de suas qualidades para
julgar vícios e virtudes do sistema republicano e imperial.
Um olhar dirigido a outros lugares.
(P. 29) Tácito abre também a perspectiva
para fora do mundo romano. Esse esforço constitui um progresso notável numa
historiografia até então pouco preocupada com povos não romanos.
Suetônio (70-122), biógrafo
pontilhista.
Método e otimismo.
Suetônio é influenciado pelo
enciclopedismo dos vícios e virtudes além de apresentar um alto rigor
arquivístico o que o leva a escrever de forma otimista, rompendo com a tradição
taciteana.
Nas raízes da biografia.
Algumas de suas obras, não são
obras de historiador e sim de um biógrafo influenciado pela análise de longa
duração.
(P. 30) Em suma, a história segundo
Suetônio consiste mais em pôr em relevo os casos excepcionais dos césares do
que analisar a evolução do império. Tanto que compartilha com Plutarco (46-120)
o título de “pai da biografia”.
Entre história e política
(P. 31) O peso do político
Apesar de sua inclinação
subjetiva e pessimismo moralizador, os historiadores romanos legam documentos
que tornam inteligíveis muitos fatos. Entretanto, no essencial, esta história
permanece uma arte consumada de estratégia política.
Existe uma razão para tanto: “a
história durante o período imperial” se faz “sob o império do medo e da
autocensura”.
(P. 32) Moralismo, pluralidade e
imediatismo.
Nesse contexto que mistura
censura e temor da decadência romana, a história é remetida a uma função moral
e política.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Cáp.3: A História Cristã: séc.
IV-XI
(P. 33) Uma história consagrada.
Um simples auxiliar da religião.
A historiografia cristã antiga e
medieval foi por muito tempo censurada por sua pobreza. Pobreza derivada da
falta de independência e curiosidade intelectual, graças a influência da
mentalidade cristã.
Mantida num papel auxiliar, serve
para edificar e alimentar a teologia, a veneração do divino, a igreja, a
conversão e a evangelização.
Uma coerência interna e um legado.
(P. 34) Apesar de sua mediocridade, a
história escrita pelos cristãos é em si, um fator de inteligibilidade do mundo.
Ou seja, como os cristãos desse período enxergavam o mundo.
Os fundadores da história cristã.
Eusébio (265-341), pai da
história cristã.
As obras de Eusébio têm como fio
condutor a lógica providencialista.
Um enfoque finalista.
As obras de Eusébio sobre a
igreja primitiva são de grande valia, mas celebram antes de tudo o triunfo da
igreja, imprimindo uma leitura finalista, que rompe com o enfoque repleto de
incerteza dos romanos.
(P. 35) Uma história universal e
evangelizadora.
Eusébio organiza a cronologia em
torno do saber bíblico, da criação ao Juízo final. Sua história não permite
lacunas, nem dúvidas. Graças à revelação, o cristão possui um fio condutor que
lhe permite pensar a totalidade da história. Sabe que o universo tem um início
e um fim.
A contribuição essencial de Santo
Agostinho (354-430).
A obra de Santo Agostinho
prolonga a de Eusébio, fazendo da história um auxiliar da fé, dirigindo-a em
direção da afirmação da existência de Deus e de seu reino.
A história, trampolim para a
cidade celeste.
(P. 36) Santo Agostinho desenvolveu a
teoria da Cidade de Deus, onde todo cristão deve se submeter às exigências da
terra para conseguir ser aceito na Cidade de Deus.
Uma teologia cristã da história.
A Cidade de Deus pode ser
designada como “o tratamento fundamental da teologia cristã da
história”. (P. 37) E esta já não é senão a memória da
viagem para a felicidade.
Orose ou a história como “consequência
do pecado”.
Paul Orose (390-primeira metade
do séc. V) tenta mostrar que “toda a história humana antes da vinda de Cristo é
consequência ou castigo consecutivo do pecado original”.
A sombra dos mosteiros (séc. V –
XII).
O arquétipo na diversidade.
As hagiografias
[3] revelam uma visão arquetípica da biografia. Santos e mártires
substituem heróis e homens ilustres.
(P. 38) A história cristã medieval
diversifica-se até o séc. XII, período em que emerge uma “consciência
histórica” que subverterá os quadros da historiografia a partir do séc. XIII.
Uma história “monacal”.
Entre o “bem e o mal”.
A história consegue sobreviver à
miséria cultural e intelectual do ocidente cristão dos séc. V-VI. Marcada por
encomendas de bispos e soberanos que desejavam se apoderar de uma genealogia
impregnada pelo tempo e universo cristãos.
Na quietude dos scriptoria.
(P. 39) A transcrição da memória nessa
época é feita por clérigos e monges copistas anônimos. Empenhados em copiar
esse passado no qual Deus tem o papel principal.
Poucos instrumentos, pouco método.
As fontes são raras, o método é
teológico e as fontes bibliográficas são pobres.
(P. 40) Entretanto, alguns
aperfeiçoamentos técnicos são introduzidos ao longo dos séculos: capítulos,
títulos, sumários, menções e até mesmo fontes.
A manutenção da atividade de
historiador (séc. VI-X).
Duas grandes figuras.
Grégoire de Tours (538-594).
Em um de seus livros. Tours,
conta a história de Clóvis e de seus sucessores numa dupla perspectiva: a
glorificação do destino de uma linhagem e a ideia do povo escolhido. Sua obre é
taxada de infantil e contém numerosas inverosimilhanças.
Isidoro de Sevilha (562-636).
(P. 41) Espanhol e grande figura do
período VI-VII, afirma que o primeiro historiador não foi Heródoto e sim
Moisés.
Sob o sinete carolíngio
O renascimento carolíngio.
Sob Carlos Magno surgem as
condições para uma retomada intelectual. O panorama historiográfico, pobre até
então, enriquece-se e desloca-se do sul da Europa para o eixo renano-moselano.
A cultura clássica aos poucos vai sendo retomada pelo Ocidente medieval. A história
politiza-se de novo.
Uma história mais madura.
Paul Diacre (725-799) abre o
renascimento historiográfico, caracterizado pelo início de uma apresentação das
virtudes nacionais e dinásticas.
(P. 42) Eginhard (770-840) marca a
historiografia com sua coletânea baseada em lembranças pessoais, às vezes de
maneira fantasiosa impregnada de uma excessiva devoção a Carlos Magno.
Nithard (?-844) neto de Carlos
Magno, escreve para Carlos o Calvo. É maduro e abra um excepcional panorama
historiográfico dos séc. VI-X.
------------------------------------------------------------------------------------------------------
Cáp.4: Rumo a Uma História
Secularizada: Séculos XII-XV
As premissas de uma história
laica
O problema da noção de “passado”.
(P. 43) A Idade Média é um período em que
se “vive demais a história para falar dela”, em que o passado, não sendo
considerado morto, “dificilmente consegue colocar-se como objeto de
conhecimento”.
A reforma gregoriana do séc. XI é
central na ajuda ao renascimento historiográfico dos sécs. XII-XIV.
Espaços espiritual e temporal.
Orderic Vital (1075-1142) em seus
sete livros expressa um desejo de se libertar da parte do religioso.
(P. 44) Apesar de não conseguir se
libertar efetivamente, escrevendo uma história mista, ele dá preciosas
informações sobre a primeira cruzada.
As cruzadas: uma virada
Um gênero que se descobre
A memória dos pergaminhos
(P. 45) Surge entre os séculos XI e XIII,
uma renovação do olhar sobre a documentação do passado.
Gosto pela narrativa, pelo
alhures e épico.
Houve ainda nos séculos XI ao
XII, a redescoberta dos autores antigos, o que cultiva um gosto pelo épico, que
vem muito a calhar em meio a uma conjuntura da época das cruzadas. O relato dos
altos feitos dos cruzados torna-se um gênero muito apreciado, objeto de orgulho
nacional, graças ao qual a história “entra no século”.
A história “entra no século”.
A cruzada como choque e espaço
cultural.
(P. 46) Pregada por Urbano II, a primeira
cruzada (1096-1099), dilatou o tempo e o espaço e colocou dois povos distintos
frente a frente. O choque cultural foi inevitável, e as trocas culturais
também.
A história sob uma nova
identidade.
O espaço e o tempo colocaram-se
com uma identidade nova, legitimada tanto pelo caráter sagrado da missão dos
cruzados, quanto pelo choque entre as duas sociedades.
Juristas, arquivistas, literatos
e guerreiros participam da humanização da história. Surge uma ponte entre a
função teológica da história e seu papel político. Pois, as cruzadas tinham
tanto interesses religiosos, quanto políticos.
A história, o historiador e as
cruzadas.
Sempre a justificativa pela fé.
(P. 47) A história escrita sobre a
cruzada sempre se justifica pelo religioso: a exaltação da Francia e da
cristandade estão intimamente ligadas.
Depoimento sobre o vivo ou o
morno
Villehardouin (1150-1213) relata
a quarta cruzada como homem informado. Autor testemunha e autor escreve seus
relatos num tom claro, mas sempre adotando o princípio da infalibilidade da
missão na Terra Santa. Embora a quarta cruzada tenha sido um fiasco.
(P. 48) Robert de Clari (?-1216) também
participa da quarta cruzada. E embora sua biografia seja muito lacunar, ele
produz uma história de combatente comum.
Villehardouin e Clari são os
primeiros a escrever em língua vulgar. É uma contestação clara da prática da preponderância
do latim. O que favorece a secularização da história [4].
A idade de ouro dos cronistas.
O limiar do século XIII.
(P. 49) No século XIII, o apreço pela
crônica histórica emancipa-se da tutela religiosa, orientando-se para serviço
da política e da glorificação dos “mais ilustres”. Tendo o latim perdido seu
monopólio, a história “laica” torna-se um gênero.
O contexto é o de um vivo
despertar intelectual, literário e artístico. Nesse período surgem as primeiras
universidades,
Jean Froissart (1337-1410): uma
obra politizada.
(P. 50) Froissart escreve com o intuito
de agradar a seus protetores e a nobreza que lê seus livros.
(P. 51) Sua ideologia é, portanto, uma
ideologia cavalheiresca. Defensor da aristocracia contra os vilãos. Froissart
inaugura uma historiografia burguesa, aristocrática, politizada, feita por
homens que vivem próximos a príncipes. E estes por sua vez, se utilizam dos
escritos para exaltar o passado dinástico e forjar seu legítimo direito sobre o
território.
A obra de commynes. No ponto de
encontro de duas “histórias”.
(P. 52) No essencial, os cronistas dos
séculos XIV e XV são mantidos na dependência dos príncipes. Dentre eles
Philippe de Commynes (1447-1511), seus escritos constituem uma parte
insubstituível da historiografia política do século XV, pois distingue-se por
seu bom senso da realidade e da complexidade das coisas. Sendo até mesmo
comparado a Maquiavel.
Os primórdios da modernidade
Uma nova percepção do papel do
historiador.
(P. 53) Um passo enorme já foi dado em
direção ao Renascimento. Se preocupando menos com o que cada um escreveu e mais
com o que ele disse sem colocar no papel. A história agora possuiu um poder que
não tinha antes, (P. 54) quando o trabalho dos historiadores
era edificar a moral, a religião e seus contemporâneos.
Com Commynes a história se torna
objeto de estudo e é posta a serviço dos pensadores e dos príncipes europeus.
A história, veículo de sentimento
nacional.
A partir desse momento a história
torna-se veículo do sentimento nacional, fator de exaltação de uma identidade
comum.
A constituição de heróis
nacionais ficará por muitos séculos nos manuais escolares e o povo permanece
nos bastidores, pois a história é dos grandes.
[1] Procura da “razão mais
verdadeira”.
[2] Eloquência: capacidade de
falar bem.
[3] Biografia de santos
[4] Secularização:
Transformação do religioso em leigo.
Bibliografia:
TÉTART; Phillipe:
“Pequena História dos Historiadores”. São Paulo: Edusp, 2000. Pág. 11-55
Nenhum comentário:
Postar um comentário