domingo, 21 de agosto de 2011

A origem do Xadrez

O jogo viajou o mundo todo, mas seu fundamento já existia desde a primeira versão criada há  mais de 1,6 mil anos.
William Cirilo Teixeira Rodrigues
A origem do xadrez remonta a um jogo indiano muito parecido chamado chaturanga. Criado durante o império Gupta (320-600 d.C), a chaturanga era jogada num tabuleiro quadriculado de 8X8, mas de uma cor só. As peças eram em mesmo número que o das do xadrez moderno, mas algumas tinham nomes, desenhos e movimentos diferentes. Os peões, o rei (ou rajá) e o cavalo tinham funções, nomes e formatos análogos. Mas o bispo era um elefante; a rainha, general; e a torre, uma biga (o que, se analisarmos bem, faz mais sentido que uma torre ambulante). Atualmente, o jogo de xadrez na Índia pode ser jogado com as mesmas regras do Ocidente, e com o tabuleiro em duas cores, mas o desenho e o nome das peças se mantêm.(...)
A chaturanga chegou não Ocidente durante a conquista da península ibérica pelos mouros islâmicos, em 711 d.C., e dali se espalhou pela Europa. Os mouros usavam a versão persa do jogo, que tinha peças e regras ligeiramente diferentes. As regras foram mudando novamente no século 15, dando um poder para a rainha e o bispo que eles não tinham na versão original. O jogo também se espalhou para o oriente tendo uma nova versão jogada por quatro pessoas.
Há uma lenda curiosa sobre a invenção da chaturanga. Quando o jogo foi inventado, o raja, fã da novidade, decidiu premiar o rapaz que o havia criado. Ele ordenou que perguntassem o que o criador do jogo, cuja família era muito pobre, queria como recompensa. Aparentando desapego, o inventor do jogo disse que não pretendia receber nada. A mera satisfação do rajá era suficiente para honrá-lo. Diante da insistência do rei, o rapaz decidiu então pedir seu pagamento em grãos de trigo. Era um pedido aparentemente modesto: um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro, dois pela segunda, quatro pela terceira, e assim dobrando até a 64ª e última casa do tabuleiro. Encantado com a simplicidade do pedido, o rei mandou que se calculasse a quantidade de grãos a ser paga.
Qual não foi sua surpresa quando informaram o resultado: 1+2+4+8+16+32+64+128+256+512 +1.024+2.048+4.096+...9.223.372.036.854.775.808, isto é, 18.446.744.073.709.551.615 grãos de trigo (18 quintilhões e meio). Era muito mais do que toda a Índia, (e todo o mundo contemporâneo, aliás) poderia produzir. Por fim, sem poder pagar a promessa, e percebendo que o astuto rapaz estava lhe pregando ume peça, o rei nomeou o rapaz seu vizir- ou general- que é, lembremos, a segunda peça mais importante da chaturanga, análoga à rainha.
Essa lenda provavelmente é ficção de um matemático criativo, mas traz uma boa noção do poder da progressão geométrica, ou PG, que é uma forma de estabelecer uma seqüência, tendo a multiplicação como elemento constante – diferente da progressão aritmética, ou PA, cujo elemento constante é a soma.
 Fonte: Matéria retirada da revista curso preparatório Enem 2011 ed abril.

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