![]() |
Francisco Adolfo de Varnhagen, considerado o
Heródoto brasileiro, escreveu uma história do Brasil baseada na
continuidade da colonização portuguesa, feita por homens brancos , católicos e
monarquistas
Anos 1850: Varnhagen:
O elogio da colonização portuguesa.
Varnhagen, “Heródoto
do Brasil”.
(P.23) Francisco Adolfo de
Varnhagen (1816-1878) é considerado o fundador da história no Brasil.
Apesar de alguns
autores, como Robert Southey (1810) entenderem um futuro sombrio quanto às
futuras possibilidades da colonização portuguesa no Brasil, Varnhagen e o IHGB
acreditavam no sucesso dessa nação. (...)
Em 1850 Varnhagen
escreveu a obra História Geral do Brasil, superando obras anteriores refletindo
uma nova preocupação no Brasil com a história. Essa obra foi possível porque as
condições históricas do Brasil, o processo da independência política e a
constituição nacional amadureceram nos anos 1850.
(P. 24) Varnhagen desenhará o
perfil do Brasil independente e o oferecerá à nova nação um passado, a partir
do qual elaborará um futuro.
(P. 25) Seu amor pelo Brasil
se confundia com a sua fidelidade à família real portuguesa. Defendia um Brasil
português, com o imperador.
Varnhagen, o IHGB e
Von Martius.
O imperador precisava
de historiadores para legitimar-se no poder. A nação recém-independente
precisava de um passado do qual pudesse se orgulhar e que lhe permitisse
avançar com confiança para o futuro.
(P. 26) O IHGB produziu uma
história biográfica, construindo uma galeria de vidas exemplares que iluminavam
a ação futura. O novo país precisava reconhecer-se geograficamente e
historicamente.
O Brasil procurou os
franceses como referência intelectual. O IHGB será o lugar privilegiado da
produção histórica durante o séc. XIX, lugar que condicionará as reconstruções
históricas, as interpretações, as visões do Brasil e da questão nacional.
(P. 28) Varnhagen e
seus críticos.
As várias críticas
feitas a História Geral do Brasil, posteriormente (1854-1857) são discordantes.
J.H. Rodrigues, A.
Canabrava e P.M. Campos não economizavam elogios a obra de Varnhagen. (P.
29) N. Odália discordava totalmente dos autores acima.
(P. 30) Capistrano de Abreu,
mais próximo de Varnhagen no tempo e no tipo de história, reconhece numerosos
problemas em sua obra. Apesar de tudo, considera que a sua obra se impõe ao
nosso respeito, exige a nossa gratidão e mostra um grande progresso na maneira
de conceber a história pátria.
(P. 31) O que o Brasil queria
ser? Eis a primeira questão da identidade. A resposta de quem podia responder, isto
é, as elites brancas que fizeram a independência: O Brasil queria continuar a
história que os portugueses fizeram na colônia. A identidade da nova nação não
se assentaria sobre a ruptura com a civilização portuguesa: a ruptura seria
somente política.
(P. 32) O que o Brasil não
quer ser? A resposta das elites: O Brasil não queria ser indígena, negro,
republicano, latino-americano e não católico.
Esse Brasil português
será defendido e produzido pelas elites brancas, pelo Estado e pela coroa. O
novo país será uma continuação da colônia. A diferença é que a coroa não é mais
exterior, mas interior e ainda portuguesa.
Varnhagen será o
mestre dessa história do Brasil. Aristocrata, elitista, sua história prioriza
as ações dos heróis portugueses e brasileiros brancos. O Brasil quer ser outro
Portugal.
Varnhagen era,
portanto, um historiador engajado, militante. Julgava sempre tudo e todos e
justificou a dominação colonial, a submissão do povo, os direitos das elites.
Ele defenderá a sociedade escravista e uma sociedade com cidadania restrita.
(P. 33) Entretanto, ao se
considerar que seu livro foi escrito em 1850 e é representativo do pensamento
histórico brasileiro e internacional dominante na época, pode-se concluir, que
Varnhagen só representava esse pensamento do séc. XIX.
Bibliografia:
REIS; José Carlos:“As
Identidades do Brasil – de Varnhagen a FHC” RJ. FGV, 2000. Pág 23-33
Nenhum comentário:
Postar um comentário