quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Junior. 3º Capítulo.

Segundo Caio Prado Jr em seu 3º capítulo, 
o avanço humano rumo ao interior do país 
ocorreu em decorrência da mineração e
 da pecuária. Ambas, cada uma a seu modo, 

foram responsáveis pelo "empurrãozinho"
 que faltava à colonização destas áreas.
Cap 3: Povoamento do Interior
(P.55) O avanço sobre o Tratado de Tordesilhas pelos portugueses e seus sucessores ocorreram por dois fatores: a mineração e o avanço das fazendas de gado. Sendo exceção a região norte por circunstancias próprias.
A primeira diferença visível entre o povoamento derivado da pecuária e da mineração vem do fato que, a pecuária avançou aos poucos, de forma contigua rumo ao oeste. Enquanto que o povoamento decorrente da mineração foram rápidos e bruscos.
Os núcleos mineradores surgem em zonas isoladas, ligadas ao litoral por pequenas estradas margeadas por longas áreas desertas. A dispersão rumo ao interior é tão brusca e violenta, que estes povoados perdem o contato com as fontes de onde brotaram.
(P.56) Muito diferente do povoamento levado pelas fazendas de gado, em especial a da Bahia, onde paulatinamente as fazendas avançam rumo ao interior e por este motivo as populações fixadas nestas regiões não perdem contato com seu centro irradiador.
No centro-sul (minerador) temos uma população flutuante que migra de jazida em jazida buscando riqueza. Deixando para trás pequenas cidades, antes apinhadas de gente.
Os três maiores núcleos mineradores desta época foram Minas Gerais, Goiás e Mato-Grosso.
O autor da inicio, então, a uma análise minuciosa das peculiaridades desses três núcleos.
(P.60) Estas são as três maiores zonas de povoamento decorrentes da mineração. Contudo, existiam outras por todo o país, em sua maioria insignificantes, esporádicas e subsidiárias de outras ocupações mais importantes.
(P.61) Passemos agora ao povoamento decorrente da expansão das fazendas de gado. Caio Prado afirma que a área colonizada pela pecuária ultrapassa em muito a colonizada pela mineração.
Ela surge para abastecer um centro e se alastram de forma contígua a partir de um núcleo, com o qual não perde contato (diferente da mineração). O centro a ser abastecido de gado e carne é em geral agrícola, mas pode ocorrer de algumas vezes ser minerador.
Os principais núcleos agrícolas rodeados de fazendas de gado se originaram no nordeste (de Pernambuco à Bahia), no sudeste (Minas Gerais) e no sul (do Paraná ao Rio Grande do Sul).
O nordeste foi a primeira área a ser utilizada pela pecuária, apesar da secura da suas terras, o que impossibilitava a agricultura, o gado adaptou-se bem e foi largamente criado.
(P.62) Contudo, a impossibilidade de criação de grandes rebanhos e as secas recorrentes, tornaram a carne nordestina menos competitiva frente a charque rio-grandense em fins dos século XVIII. Contudo, até que isso acontecesse o nordeste progrediu, sendo quase que inteiramente povoado.
(P.63) Esta ocupação, porém, é muito irregular, escassa e rala. O pessoal das fazendas de gado não são numerosos. Algumas zonas foram mais povoadas que outras, em razão da existência ou não de água. É sobretudo nas margens de poucos rios perenes que se condensa a vida humana.
(P.65) O extremo sul da colônia também de povoou com fazendas de gado. Área esta, geograficamente favorável à pecuária. Contudo, existia uma escassa população litorânea que não adentrava o interior graças à existência da Serra do Mar que dificultava o acesso.
(P.66) O autor trata ainda do caso da colonização de São Paulo. Geograficamente, ele era um ponto de transição ente as serras de Minas e os campos do sul, graças também aos seus rios que seguem em direção ao interior, São Paulo tornou-se um importante ponto de contato e articulação entre as diversas regiões da colônia.
Foi de São Paulo, ainda, que partiram as primeiras expedições rumo ao interior do continente. Penetração inicialmente exploradora e predadora de índios e prospectora de índios e povoadora ao final.
(P.67) Entretanto, São Paulo era apenas isso, um ponto de encontro de rotas, e quando novas rotas surgiram o estado entrou em ostracismo, recuperando-se apenas em fins do século XVIII com o advento da agricultura na região.
(P.68) Por fim, Caio Prado trata da colonização do norte do país, em especial a da região amazônica. Que por sua localização geográfica, manteve-se isolada do restante do país, fazendo comércio diretamente com Portugal. Sendo assim, a Amazônia ficará a margem do sistema de toda colônia.
Sua colonização se dará principalmente nas margens dos rios, não se alastrando rumo ao interior em decorrência de suas florestas intransponíveis.

Fonte: PRADO JÚNIOR, Caio: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo. Ed Brasiliense. 7ª reimpressão, da 23ª edição de 1994. Pág 55-70.

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