quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por que o dinheiro da educação não chega aos professores?


Por: William Cirilo Teixeira Rodrigues
Após as séries de manifestações que ocorreram pelo Brasil pedindo mais investimentos públicos em saúde e educação, o governo federal aprovou a utilização dos royalties do petróleo nas duas áreas. 75% para a Educação e 25% para a Saúde.
Acredita-se que os royalties injetarão na educação brasileira um montante de R$ 368 bilhões em 30 anos. Onde um repasse de cerca de R$ 770 milhões será realizado ainda esse ano. Isso segundo anúncio feito pelo Ministro da Educação Aloizio Mercadante no dia 11 de setembro deste ano.
Hoje o governo federal investe em educação cerca de 6,1% do PIB e existem projetos tramitando no Congresso Nacional que preveem um investimento mínimo de 10% do PIB na área até 2020.
Contudo, apesar do investimento em educação no país ter crescido 149% entre 2005 e 2009, o Brasil ainda está entre os cinco países que menos investem por aluno no mundo, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Bom, estatísticas e números a parte, o que acontece com a educação brasileira (em especial a paulista que é a que mais conheço), é uma farra disfarçada de benfeitorias.
Qualquer professor de qualquer escola pública nota que a secretaria de educação tem dinheiro para tudo, tablets, assinaturas de revistas, viagens, cursinhos, etc, menos para aumentar o salário dos professores.
Enquanto cerca de 3 mil professores desistem da profissão todo os meses, fugindo do salário medíocre de 9 reais por aula, das más condições de trabalho e dos alunos mal-educados, o governo do nosso querido estado gasta com coisas mais “palpáveis” aos olhos dos pais eleitores.
Todo o dinheiro que deveria ir para a escola, seus funcionários e professores, acaba indo para o bolso de alguns empresários dos mais diversos ramos. Já investimos pouco (comparado a outros países), e o pouco que temos investimos mal.
Exemplos deste ato não faltam: distribuição de tablets para os professores, fornecimento de material escolar para os alunos, livros didáticos aos milhões, assinaturas de revistas e jornais, etc. Coisas que em um primeiro momento se apresentam como boas iniciativas, mostram sua face mais sombria após uma rápida análise.
Os tablets (mais de 900 mil da marca positivo) são de má qualidade e em pouco tempo estarão obsoletos. Os materiais e os livros didáticos distribuídos iludem os pais que acreditam que apenas isso basta para uma melhor educação. Renova-se – sem licitação – as assinaturas da Veja, do Estadão e da F. de São Paulo que custará aos cofres públicos paulistas nada menos que 4 milhões de reais.
Bom deixe-me entender, a educação têm dinheiro para comprar 900 mil tablets de segunda mão, para financiar a chuva de papel picado no fim do ano nas escolas e para a assinatura de jornais e revistas de parcialidade duvidosa, mas não têm dinheiro para pagar professores e funcionários decentemente, para construir laboratórios nas escolas e para a instalação de ares-condicionados nas salas? Gostaria de entender em que ponto o supérfluo tornou-se prioritário e vice-versa.
O que há de comum nestes três exemplos? Simples, o enriquecimento de empresários a custa da péssima educação. Por esse motivo sou cauteloso em relação aos futuros investimentos dos Royalties do petróleo na educação, e me pergunto, será mesmo que esse dinheiro vai para reformas e a modernização das nossas escolas sucateadas, ou encherá o bolso deste ou daquele empresários?
Se eu pudesse apostar, apostaria na segunda opção.
Por fim, entende-se que o investimento per capita em educação é pouco, mas na mão de uma só pessoa é uma fortuna. Por isso temos empresários ganhando milhões graças ao sucateamento do ensino brasileiro. E caso os royalties do pré-sal realmente despejem essa quantia sobre nossa educação devemos tomar cuidado, e fiscalizar se esse dinheiro vai realmente para os salários dos professores, para a estrutura das escolas, para uma merenda escolar de qualidade ou se vai para financiar festas e confraternizações de empresários e políticos espertos, acobertados por jornalistas inescrupulosos.

Fonte da charge Do macedo

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