segunda-feira, 3 de maio de 2010

Análise comparativa entre o Filme A ONDA e o artigo de Christian Laville “A Guerra das Narrativas”

O filme A ONDA e o artigo de Christian Laville são opostos em relação a influência que o professor é capaz de exercer sobre seus alunos.
Pretendo neste trabalho debater as diferentes perspectivas que foram apresentadas no filme A Onda[1] e no artigo de Christian Laville intitulado “A guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História” [2], sobre a suposta capacidade de influência doutrinária que o professor é capaz de ter sobre seus alunos.     (...)
Em seu artigo, Christian Laville desenvolve sua concepção sobre a incapacidade do professor de desenvolver uma educação de caráter persuasivo ou até mesmo doutrinário em sala de aula, segundo ele, o ensino da matéria história, nas escolas de diversos países, passa contemporaneamente por dois grandes paradoxos.
O primeiro diz respeito ao objetivo central do ensino de história nas escolas de todo o mundo. Segundo o autor o ensino nacionalista, voltado para formação patriótica, caiu por terra ao fim da II Guerra Mundial. Sendo adotado em diversos países - especialmente os ocidentais democráticos – um projeto pedagógico que tinha como base a formação do cidadão pleno, critico e consciente de seus direitos. Entretanto sempre que a importância do ensino história é evocada pelo Estado, ele é vinculado à antiga proposta, que consistia em uma narrativa única voltada a modelar a consciência e os sentimentos do aluno para com a pátria.
 O segundo paradoxo apresentado por Laville põe em xeque a capacidade do professor de efetuar esse procedimento. Para contextualizar essa idéia, o autor utiliza-se de diversos exemplos de diferentes épocas e países, provando o que seria, segundo ele, a prova da incapacidade que o docente tem de realizar, mesmo que quisesse essa tarefa. Pois segundo ele mesmo escreve: “Nesse fim de século, com tantos meios de comunicação, é possível que a narrativa histórica não tenha mais tanto poder”.
Já o filme A Onda vai na contramão dessa afirmação. O longa alemão, dirigido por Dennis Gansel, é baseado em uma experiência real acontecida em uma escola secundária nos EUA, em 1967[3]. No filme, o professor de história através de sua capacidade persuasiva consegue manipular os alunos de tal forma que chega mesmo a criar uma espécie de seita com princípios autoritários. Fica explicito, nesse momento, a influência que o docente é capaz de exercer sobre os seus educandos.
Fica então uma questão no ar. O educador é capaz ou não, de manipular a consciência e os sentimentos de seus alunos, seja essa doutrinação feita a bel prazer ou a mando de Estado?
Levando em conta a realidade social e cultura da escola pública brasileira, entendo que essa possibilidade seja bem remota, uma vez, que em diversos casos o professor não tem controle algum sobre o aluno, seja esse controle de ordem persuasiva, seja de ordem comportamental. O professor no Brasil, para o aluno, não é um modelo a ser seguido.
Agora levando a questão a países de uma tradição mais autoritária, não do governo em si, mas de uma cultura social mais repressiva, como é o caso dos EUA e da Alemanha, esse fato pode se inverter.
Contudo, acredito que a capacidade do professor de influenciar os alunos, usando-se apenas da oralidade e da tentativa de persuasão, é algo extremamente difícil contemporaneamente. Em um mundo onde tudo brilha, tem interatividade multimídia, informações vêm e vão muito rapidamente e os encontros são virtuais, o professor tornou-se, digamos, algo estático no tempo. As diversas mídias apresentam-se muito mais influentes sobre os jovens do que a sala de aula, pois com sua grande quantidade e rapidez eles acreditam que a informação possa substituir o conhecimento.
Mas acredito que nada substitui o trabalho de um bom professor em conjunto com uma sala de alunos interessados, entretanto o docente deve, cada vez mais, se adequar as tecnologias que “pipocam” a todo instante pelo mundo, já que uma geração Hi-Tech, necessita de uma educação Hi-Tech.


[1] Die Welle – Alemanha, 2008
[2] Artigo publicado na Revista Brasileira de História v.19, nº 38, p.125-138, 1999.
[3] Informação retirada do Site http://la3.blogspot.com/2009/01/filme-onda-die-welle.html



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