quinta-feira, 22 de abril de 2010

RESENHA: MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA

Marx e Engels escreveram a "quatro mãos" aquele que viria a se tornar o mais conhecido panfleto político mundial.
Resumo:
O Manifesto do Partido Comunista é conhecido mundialmente, não como a principal obra de Marx e Engels, mas como a mais divulgada e lida. Sendo internacionalmente reconhecido como um dos maiores tratados políticos da história.
O Manifesto faz duras criticas ao modo de produção capitalista e à fora como a sociedade se estruturou através dele. Busca organizar o proletariado como classe social capaz de reverter sua precária situação e descreve os vários tipos de pensamento comunista, assim como os princípios do socialismo científico.
Boa Leitura.

Contexto Histórico:
No ano de 1847  Karl Marx e Friedrich Engels foram encarregados de redigir, a pedido da Liga dos Justos (que depois se chamaria Liga dos Comunistas), uma brochura que deveria servir como cartilha para este grupo, foi assim, que em 24 de fevereiro de 1848 surgiu o que é sem dúvida a propaganda política mais bem sucedida de todos os tempos, O Manifesto do Partido Comunista.  
Um livro de estrutura bastante simples; uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão. Agora, comparado com os primeiros escritos de Marx, houve um enorme progresso no impacto causado pela palavra escrita, segundo John Kenneth Galbraith “O que antes era excessivamente prolixo e rebuscado, agora se apresentava de maneira sucinta e emocionante - uma série de marteladas”. Ao que tudo indica o objetivo era alcançar as massas, o que ocorreu de forma certeira, mas não imediata.
Segundo Eric J. Hobsbawm apesar do manifesto logo na primeira edição ter sido editado para inúmeras línguas, inicialmente obteve significativa importância apenas nos pequenos círculos revolucionários alemães, somente obtendo grande relevância entre as massas quando foi republicado em 1870.
O ano de 1848 é um ano explosivo para a Europa, diversos movimentos eclodem por todo o continente é a chamada, “primavera dos povos” que segundo Hobsbawm “foi a primeira revolução potencialmente global(...) a única a afetar tanto partes desenvolvidas quanto as atrasadas do continente. Foi a mais ampla e a menos bem-sucedida(...) no breve período de seis meses de sua explosão, sua derrota universal era seguramente previsível, dezoito meses depois, todos os regimes que derrubara, com exceção de um, foram restaurados”.
George Rudé aponta dois fatores determinantes que fizeram as revoluções de 1848 não se assemelharem a de 1789. O inicio da indústria moderna e a difusão das ideais socialistas entre as massas trabalhadoras. Os pensamentos de Babeuf, Blanqui, Barbès, Blanc, Cabet, Proudhon e Saint-Simon, circulavam entre os trabalhadores. O movimento de 1848 uniu grupos inteiramente díspares.
Nem Marx nem o Manifesto Comunista nesse momento teve muita influência. Quando as revoluções eclodiram na França e alastraram-se para outros países o teor do Manifesto ainda era relativamente desconhecido.
MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA.
Preâmbulo:
Nessa pequena e famosa introdução Karl Marx e Friedrich Engels expõe o modo como, segundo eles, o comunismo é debatido e encarado na Europa nesse fim da primeira metade do século XIX, onde potências e grupos de diversas nacionalidades unem-se para fazer frente a esse espectro.
Essa oposição ferrenha leva os autores a duas conclusões. A primeira é o fato de que essa forte oposição só acontece graças à noção de que o comunismo já se tornou uma realidade de força relevante no mundo. E a segunda é acreditar que graças a essa força é hora dos comunistas se lançarem a luta levando para o mundo suas ideias.
I: Burgueses e Proletários:
Os autores iniciam demonstrando que para eles o desenvolvimento da história se deu através da luta de classe através do tempo. A grande diferença reside no fato de que a sociedade burguesa divide cada vez mais a sociedade em apenas duas classes opostas a burguesia e o proletário.
A classe burguesa nascida dentro dos muros dos burgos da idade média sempre foi uma classe revolucionária. É produto de um longo desenvolvimento político e de revoluções nos modos de produção e de troca.
Quando chegou ao poder desenvolveu-se de uma forma nunca antes vista na história da humanidade. Transformando as sociedades conquistadas a sua imagem e semelhança, acabando com as antigas ilusões dos homens e colocando em seu lugar a busca pelo lucro.
A burguesia desenvolve-se somente através da revolução dos instrumentos de produção, mas para isso é necessário balançar as relações de produção e com isso todas as relações sociais. As antigas sociedades ao contrario, conservavam sem alteração seus antigos modos de produção para evitar maiores abalos. Esse “terremoto” constante da sociedade distingue a época burguesa de suas precedentes.
Para desenvolver-se a burguesia necessita, cada vez, de mais mercados, para isso alastra-se por todo mundo, criando novas necessidades em diversos países que, outrora, eram satisfeitas localmente. A burguesia alastra-se para os quatro cantos da Terra levando seus baratíssimos produtos para todos os lugares, através dos modernos meios de transporte e comunicação, criados por eles mesmos.
A burguesia em seus apenas cem anos de domínio criou mais forças produtivas do que todas as sociedades anteriores juntas. A burguesia surgiu de dentro da sociedade feudal, que tinha em sua estrutura entraves que impossibilitavam o desenvolvimento da produção, por esse motivo caiu frente o desenvolvimento da sociedade burguesa que necessitava de livre concorrência embasada em uma organização social e política própria.
Mas a moderna sociedade desenvolveu-se de tal maneira que para Marx e Engels ela está descontrolada, surgem diversas crises, em especial o novo tipo a crise a de superprodução que só podem ser resolvidas ou pela destruição das forças produtivas ou pela aquisição de novos mercados e exploração mais intensa dos antigos.
Surge dentro desta nova e dinâmica sociedade uma nova classe, a do proletariado, que empunhará as armas contra seus criadores, a burguesia. Esses modernos operários são obrigados a vender-se diariamente como se fossem mercadorias.
Com o uso das maquinas o trabalho se torna mais entediante e fácil para o operário que se torna apenas mais uma peça dentro da máquina, e mais lucrativo e rápido para o burguês que paga menos quanto mais fácil é o trabalho desempenhado pelo operário.
O proletário agora é amontoado nas fábricas de forma militar, deixa-se de lado o artesão com sua oficina em casa e surge o trabalhador que ingressa nas fileiras da indústria para garantir sua subsistência e de sua família. E após trabalhar e receber em dinheiro o proletário é logo cercado pelos outros membros da burguesia como o agiota, o comerciante, o locador, etc..
Para os autores a luta do proletário contra a burguesia inicia-se assim que ele nasce, mas a princípio acontece em diversas fases: no começo por operários isolados, depois de uma mesma fábrica, depois de um mesmo ramo, de uma mesma localidade contra o burguês local. Apesar disso nesse momento eles se unem de forma desorganizada, o que pode levar a burguesia a se aproveitar desse fato usando-os para fins próprios, nessa fase os proletários lutam contra os inimigos da burguesia, sendo qualquer vitória alcançada nesse momento uma vitória burguesa.
Mas com a organização cada vez maior do proletário, eles se unem para fazer reivindicações, começa-se a formar uniões contra os burgueses e os choques tornam-se cada vez mais iminentes, às vezes acorrem alguns triunfos, mas o verdadeiro êxito é a união cada vez maior do proletariado, que com o tempo organiza-se em classe, em partido político. Nesse momento uma ínfima parte da burguesia passa para o lado do proletariado por saber que a vitória é iminente.
A classe dos proletários é a única, de todas as outras que combatem a burguesia, verdadeiramente revolucionária. Diferentemente das outras classes que no passado alcançaram o poder, o proletário não pode apoderar-se das forças produtivas sem acabar com os modos de apropriação, ele deve destruir todas as garantias da propriedade privada.
Esse movimento da maioria deve derrubar violentamente a burguesia, primeiramente de seu próprio país, depois do mundo. Pois, esta claro que a burguesia é incapaz de continuar a ser a classe dominante, uma vez que não assegura a subsistência da classe que a alimenta produzindo, segundo Marx e Engels seus próprios coveiros.
II: Proletários e Comunistas:
Nesse capítulo os autores mostram quais são as relações entre os proletários e os comunistas. Para isso entram em atrito com os outros partidos operários da época, apresentando-se como o único partido que realmente pode levara constituição do proletário em classe, derrubar a supremacia burguesa e conquistar o poder político através do proletariado. Isso porque o comunismo não é imposto a massa, mas emana das necessidades da massa.
O comunismo resume-se como a abolição da propriedade privada. Não de todos os tipos de propriedade, mas da propriedade á moda burguesa que é utilizada para a exploração do trabalho assalariado. A atual forma de propriedade cria capital e trabalho dois termos opostos.
Marx e Engels acreditam que com a abolição da propriedade privada e sua apropriação pelo proletariado, levaria a sociedade a um outro patamar de desenvolvimento socioeconômico. Para sustentar esse argumento de expropriação, eles mostram como esta propriedade, que tantos defendem como justa, esta centralizada nas mãos de poucos e nunca, dentro dessa sociedade burguesa, abrangerá a grande maioria da sociedade.
Os dois autores tentam convencer de que o fim da sociedade burguesa não representa o fim da sociedade, para isso tratam de assuntos como salário, propriedade, cultura, família, educação, mulheres, nação e todos os possíveis argumentos burgueses contra esse tipo de revolução. Mas deixam bem claro de que em todo momento em que a burguesia se refere à sociedade como um todo, esta se referindo unicamente a ela mesma, e o proletário não deve deixar-se levar por esses apelos egoístas.
Além de mostrarem como o comunismo diferente das formas antecessoras de organização da sociedade, será a ruptura mais radical em relação à propriedade e as chamadas verdades eternas (religião, moral, filosofia, política e o direito).
A primeira fase da revolução proletária constitui-se na transformação do proletário em classe, onde após conquistar o poder deve por em prática dez medidas que visam arrancar o capital das mãos da burguesia e transformar todo o modo de produção. Esse período é determinado socialismo.
Através do tempo, quando desaparecerem os antagonismos entre as classes e a produção estiver distribuída igualitariamente entre os trabalhadores, o Estado não será mais necessário, neste momento o mundo chegará ao comunismo, sociedade caracterizada pelo livre desenvolvimento humano.
III: Literatura Socialista e Comunista:
1. O socialismo Reacionário.
a) O socialismo Feudal.
Esse tipo de socialismo é descrito por Marx e Engels como os últimos lamentos de uma já decadente aristocracia feudal, que unida o socialismo cristão, excitam as massas unicamente para a derrubada da burguesia e restauração do antigo regime. Mas esquecem que a volta de seu regime não é mais viável dentro desta nova sociedade burguesa.
b) O socialismo pequeno-burguês.
Os pequenos burgueses e os pequenos camponeses, apesar de serem os precursores da moderna burguesia, foram, assim como os aristocratas, arruinados por essa ascensão vertiginosa da burguesia.
O socialismo pequeno-burguês soa como lamento, analisando, criticando e expondo todas as contradições dessa nova sociedade, mas não implantar uma nova no lugar e sim para restabelecer a antiga, com seus antigos meios de produção, relações de propriedade, etc.
c) O socialismo alemão ou o “verdadeiro” socialismo.
Os burgueses alemães introduziram dentro de seu país a literatura socialista e comunista francesa, que dentro da realidade da alemã perdeu todo seu caráter prático, uma vez que a burguesia estava apenas iniciando seu combate contra a aristocracia.
Dessa importação de idéias estrangeiras, sem uma modelagem a realidade local, deu-se o nome de verdadeiro socialismo. Onde não se buscava não o interesse do proletário, mas do ser humano em sua totalidade.
E dentro do contexto das lutas entre a burguesia alemã e a monarquia absoluta, o verdadeiro socialismo se apresentou fazendo contraponto ao liberalismo. Sendo usado imediatamente como arma dos governos absolutos alemães contra a burguesia. Esse tipo de socialismo se torna reacionário, pois, tenta segurar o desenvolvimento da moderna burguesia e assim o surgimento do proletário revolucionário.
Esse socialismo serve apenas aos interesses da pequena-burguesia.
2.O socialismo conservador ou burguês.
Constitui-se como uma forma da burguesia minimizar seus males sociais e assim conquistar sua consolidação. Por meio de programas sociais querem que a sociedade continue tal como é, mas sem os perigos resultantes das lutas de classe. Mostram ao proletariado que ele tem muito a ganhar com essa sociedade garantindo a ele diversas conquistas materiais. Mas Marx e Engels deixam bem claro “os burgueses são burgueses - no interesse da classe operária”.
3.O socialismo e o comunismo crítico-utópicos.
Os fundadores dessas teorias compreendiam muito bem os antagonismos de classe que surgia com a ascensão da burguesia, mas não podiam ainda perceber no proletariado nenhum destino histórico. Eles elaboram algumas iniciativas toscas buscando o igualitarismo em toda sociedade de forma pacifica e harmoniosa.
Entretanto, são muito importantes como o primeiro passo dado em direção a consciência de classe e a transformação da sociedade. Os fundadores deste sistema são revolucionários em muitos termos, mas em outros reacionários pois tentavam apenas minimizar os antagonismos entre as classes.
IV: A Posição dos Comunistas Perante os Vários Partidos de Oposição:
Neste momento os autores apontam onde, nesse período, os comunistas europeus estão melhor representados e quais suas atitudes atuais em relação ao desenvolvimento da consciência nas classes, para assim assegurar que no momento exato eles estejam preparados para a revolução.
Os comunistas apóiam todo e qualquer movimento revolucionário no mundo que lute contra a ordem pré-estabelecida e lutem contra a propriedade privada.
E por fim faz um chamado aos proletários para que estes se unam ao movimento comunista rumo a uma nova organização da sociedade.
Proletários da todos os países, uni-vos!

Bibliografia:
GALBRAITH; John Kenneth : “A ERA DA INCERTEZA” . Ed. Pioneira, São Paulo-SP, 1982.
RUDÉ, George: “A MULTIDÃO NA HISTÓRIA”.Estudo dos movimentos populares na França e na Inglaterra 1730-1848. ed Campus. Pág 179-194.
HOBSBAWM; Eric J: “A ERA DO CAPITAL 1848-1875”. ed. Paz e Terra 5ª edição
MARX; Karl & ENGELS; Frieddrich: “MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA”. 10ª ed. rev. São Paulo ed. Global 2006.


3 comentários:

  1. Esse cite me ajudou dastante em um trabalho.

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  2. Esse livro foi publicado em 21 de Fevereiro de 1848 pela 1º vez, e é um livro de muita influencia para a política mundial.
    E foi escrito pelos sociológicos da época Karl Marx e Friedrich Engels.
    Rha.

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